O ceticismo em relação às
vacinas contra a covid-19 e o sentimento de anti-vacinação tornou-se
generalizado nos últimos meses. Muitas pessoas questionam não só a eficácia da
imunização, mas também as normas de segurança e os objetivos das campanhas de
vacinação.
O rápido desenvolvimento das
vacinas contra a covid-19 durante o ano passado, uma tarefa urgente dadas as
graves consequências causadas pela pandemia, tornou-as alvo de críticas, mitos
e ceticismo. A desinformação e as fake news, que lançam dúvidas sobre a
segurança e a eficácia, podem pôr em perigo vidas e a imunidade de grupo.
Segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS), a hesitação em relação às vacinas estava entre as 10 principais
ameaças globais à saúde em 2019. A vacinação “previne 2 a 3 milhões de mortes
por ano, e mais 1,5 milhões de óbitos poderiam ser evitados se a cobertura
global das vacinas melhorasse”.
Agora, quando se trata de vacinas contra a covid-19, peritos e especialistas em saúde pública consideram crucial combater a desinformação que está a ser difundida sobre os as vacinas que estão atualmente a ser aplicadas.
Eis alguns dos principais
mitos que circulam sobre as vacinas contra a covid-19:
Mito: As vacinas não são
seguras porque foram desenvolvidas demasiado depressa
As vacinas foram submetidas a
ensaios clínicos rigorosos, envolvendo milhares de participantes humanos após
ensaios iniciais em animais.
As farmacêuticas insistiram
que não foram feitos atalhos e os resultados dos ensaios provaram que as
vacinas são seguras e eficazes. Antes de serem autorizados para utilização, os
dados dos ensaios – tais como os realizados pela Pfizer/ BioNTech, Moderna e a
Universidade de Oxford/ AstraZeneca – foram submetidos a um escrutínio rigoroso
por parte dos reguladores, incluindo a Agência Europeia de Medicamentos, a
Agência Reguladora dos Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino e a Food and
Drug Administration nos Estados Unidos.
Em ensaios clínicos em fase avançada,
ambas as vacinas Pfizer/ BioNTech e Moderna foram consideradas 95% e 94,1%
eficazes, respetivamente, na prevenção de infeções graves do novo coronavírus.
A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford/ AstraZeneca teve uma
eficácia média de 70%.
Mito: As vacinas alteram o ADN
As vacinas desenvolvidas pela
Pfizer/ BioNTech e Moderna contêm RNA mensageiro (ou mRNA) que instruem as
nossas células sobre como desenvolver uma proteína que desencadeia uma resposta
imunológica contra o vírus que causa a covid-19.
O mRNA de uma vacina contra a
covid-19 nunca entra no núcleo da célula, que é onde o nosso ADN é guardado.
Isto significa que o mRNA não pode afetar ou interagir com o nosso ADN de forma
alguma. Em vez disso, as vacinas trabalham com as defesas naturais do organismo
para desenvolver com segurança a imunidade à doença.
Mito: Se já recebi a vacina
não preciso de usar máscara
Mesmo que esteja imunizado
contra a covid-19, é possível que ainda possa transmitir o vírus a outras
pessoas. Ainda não se sabe como é que a vacinação afeta a transmissão posterior
e, até lá, as pessoas devem seguir as medidas de prevenção, tal como usar
máscara, cumprir o distanciamento e lavar as mãos, para evitar a possível
transmissão do vírus.
Mito: Não preciso da vacina
porque já estive infetado
Embora uma infeção anterior
possa fornecer às pessoas anticorpos contra uma possível reinfeção, os peritos
ainda não têm a certeza quanto tempo dura esta proteção. Resultados
preliminares de um estudo realizado no Reino Unido com milhares de
profissionais de saúde descobriram que as pessoas que tinham sido infetadas,
provavelmente, teriam alguma forma de imunidade durante pelo menos cinco meses.
No entanto, os dados também sugerem que um pequeno número de pessoas com
anticorpos pode ainda ser capaz de transportar e transmitir o vírus.
Mito: É possível contrair
covid-19 a partir da vacina
Não se pode contrair covid-19
a partir das vacinas da Pfizer/ BioNTech ou Moderna porque não contêm vírus
vivos. Entretanto, a Universidade de Oxford explicou que o ingrediente ativo da
vacina da AstraZeneca “é feito a partir de um adenovírus modificado que provoca
uma constipação comum nos chimpanzés”. Este vírus foi modificado para que não
possa causar uma infeção e é utilizado para fornecer o código genético da
proteína do coronavírus, permitindo, assim, desenvolver imunidade (Executive
Digest, texto da jornalista Mara Tribuna)
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