sexta-feira, janeiro 22, 2021

Notas presidenciais (I)

 

Esta foi uma espécie de campanha, vazia e sem o povo, o mesmo povo que é chamado a votar em tempos de pandemia, para outorgar uma espécie de eleições que envergonham a democracia, apesar do fundamentalismo idiota de alguns gnomos pindéricos da nossa política que transformam a Constituição numa vaca sagrada que impõe regras aos cidadãos, cidadãos a quem as Constituições devem servir.

Não se conseguiu adiar as eleições, mas conseguiu-se debater a eutanásia em São Bento e aprovar uma primeira versão de um diploma institucionalizando a eutanásia, sem ouvir o que dizem e pensam os cidadãos. Tudo porque esses gnomos da mediocridade e da corrupção política e ideológica acham que as eleições servem para tudo e não apenas para eleger deputados. Servem para estas patifarias, de impor legislação polémica nas costas do povo, traindo-o.

As eleições, para esses rafeiros da política, servem até para dar luz verde a este tipo de iniciativas que foram deliberadamente escondidas das pessoas e mantidas no esgoto das campanhas e dos programas (e não, não estou nem a favor nem contra, simplesmente não tenho opinião formada porque nunca essa discussão foi promovida para além das paredes manchadas da Assembleia da República).

Mas se tudo isso foi possível, mesmo em pandemia, nem em estado de emergência, já uma simples mudança da data das eleições presidenciais, por 2, 3 ou 4 meses, até que a situação sanitária esteja menos descontrolada, isso nunca, porque a Constituição, essa vaca sagrada com pés de barro - que também exige o combate aos corruptos e à corrupção, sem sucesso... - não deixa. E muito menos em tempos de estado de emergência.

O resto funciona tudo, o governo governa ou desgoverna, a Assembleia da República aprova ou recusa, mas alterar a data de eleições, esse "crime hediondo" isso nunca. Ferro Rodrigues e outros "guardiões" da treta da moralidade e das regras elementares da nossa democracia, da justiça e das patifarias que elas escondem nos bastidores pôdres de sociedades cada vez mais fartas de mentirosos, de corruptos e de aldrabões, isso não.

A mesma pandemia que por um lado obriga ao confinamento e limita a liberdade dos cidadãos - tudo isso em nome da defesa sanitária colectiva e do combate ao flagelo da pandemia - mas que para votar vira libertinagem e deixa de ser perigosa para que o povo manso vá sancionar nas urnas esta espécie de eleições e eleja a nossa "rainha de Inglaterra" sem poderes num regime político parlamentar. Tudo isto porque os senhores da política e os tais gnomos, têm coisas mais importantes com que se preocupar. E assinar. E dar e receber. E esconder (LFM)

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