quinta-feira, janeiro 21, 2021

Sondagem Expresso/SIC: Maioria dos portugueses queria adiamento das presidenciais

 


Partidos e candidatos não chegaram a consenso - e as eleições vão ser mesmo no domingo - mas uma maioria clara dos portugueses defende um adiamento das presidenciais, por causa da terceira vaga da pandemia. Mesmo assim, há também uma maioria que se diz interessada na campanha (e que viu os debates televisivos).

Com a terceira onda a voltar em força - recordes sucessivos de novos casos e infetados, mas também com o Governo a decretar um segundo confinamento, a maioria dos inquiridos pela sondagem Expresso-SIC, realizada pelo ISCTE e ICS diz-se claramente favorável a um adiamento das eleições presidenciais.

São 57% os que respondem positivamente à questão, contra 37% de eleitores que consideram que as presidenciais devem realizar-se no domingo, como ficou previsto. As entrevistas, feitas por telefone, foram feitas até ao dia em que António Costa anunciou novas restrições ao segundo confinamento - e portanto antes de ser decretado o encerramento de todos os estabelecimentos escolares.

O adiamento das eleições presidenciais começou a ser tema da própria campanha no seu arranque, quando os números da pandemia dispararam (pouco após o ano novo). Nessa altura, o Presidente e recandidato Marcelo Rebelo de Sousa disse que tinha discutido a hipótese de um adiamento antes de marcar a data definitiva, lembrando que ninguém defendeu então (início de dezembro) um adiamento. E acrescentou que, estando já em janeiro, só uma unanimidade dos partidos e candidatos permitiria tal adiamento, dado que seria precisa uma revisão constitucional relâmpago que o formalizasse. Não houve (e agora é incerto que implicações isso terá na abstenção). Mesmo assim, apesar de defenderem um adiamento, foram maioritários os portugueses que se manifestaram interessados na campanha eleitoral - que já estava em curso: 56% dos inquiridos afirmam estar a seguir a campanha com “muito” ou “algum” interesse, contra 44% que afirmam estar a segui-la com “pouco” ou “nenhum” interesse, explica o relatório. A margem é curta, assim como poucos são os que dizem segui-la com “muito” interesse: apenas 16%.

Este número é coincidente com o dos inquiridos que garantem ter seguido todos os debates televisivos: foram 17%, a que se juntam 37% que viram “alguns” desses debates. - o que mostra que foram mais de 50% os que os seguiram com regularidade. Mesmo assim, um em cada quatro inquiridos afirma não ter assistido a qualquer um dos debates entre os candidatos presidenciais.

FICHA TÉCNICA

Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 12 e 18 de janeiro de 2021. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, recenseados eleitoralmente, residentes em Portugal (Continente e Regiões Autónomas) em domicílios com telefone fixo ou dispondo de telemóvel. Os números fixos, cerca de 33% do total, foram extraídos aleatoriamente, proporcionalmente à distribuição por prefixos no território. Os números móveis, cerca de 66% do total, foram extraídos aleatoriamente, proporcionalmente à distribuição por operadoras. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos) e Região (7 Regiões NUTII).

A informação foi recolhida através de entrevista telefónica, em sistema CATI. Foram tentados contactos com 8457 números de telefone cuja existência foi confirmada. Desses, foi possível determinar 3374 números correspondentes a indivíduos/lares elegíveis. Nesses, foram obtidas 1210 entrevistas válidas. A taxa de resposta foi assim de 14,3% e a taxa de cooperação de 35,8%. O trabalho de campo foi realizado por 46 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação, de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residente em Portugal por três escalões de instrução (3º ciclo ou menos, secundária ou superior) e a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 9). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 1210 inquiridos é de +/- 3%, com um nível de confiança de 95% (Expresso, texto de David Dinis e Sofia Miguel Rosa)

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