O número de novas infeções por
Covid-19 registadas esta quarta-feira em Portugal (10.027 novos casos)
surpreendeu os especialistas, confessou o professor de Epidemiologia da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Manuel Carmo Gomes, em
declarações à ‘TSF’, esta quinta-feira.
“Esperávamos para ontem, com a
correção dos números, qualquer coisa entre os 7000 e 8000. O número saiu
bastante mais alto”, e hoje, “a mesma coisa” (9927 novas infeções nas últimas
24 horas)”, detalhou .
O especialista informou também
que o índice de transmissibilidade da Covid-19 em Portugal está acima de 1,2 em
todo o território nacional. “Estamos a subir depressa. A nível nacional, o
famoso Rt está acima de 1 e, nos últimos dias, passou de 1,11 para 1,20”, um
valor que expressa que, proporcionalmente, cada dez pessoas infetam outras 12,
apontou, à rádio, o epidemiologista que é presença habitual nas chamadas
‘reuniões do Infarmed’.
Recorde-se que este índice
permite saber quantos casos é que um doente infetado com o SARS-CoV-2 vai
originar. Assim, se o Rt for igual a 1, uma pessoa infetada vai dar origem a um
outro caso de infeção.
Manuel Carmo Gomes, face ao
aumento do índice de transmissibilidade, alerta que como “cada um destes casos
vai dar um outro caso”, a pandemia vai continuar a crescer.
“Nas semanas anteriores à do
Natal estávamos com uma média de 250 mil testes por semana. Na semana do Natal
isto caiu para os 225 mil. Perdemos aproximadamente 50 mil testes que, com 10%
de positividade, dá aproximadamente cinco mil casos que não foram detetados na
semana do Natal”, explica o epidemiologista, dando conta da sua esperança de
que seja possível evitar um confinamento total como o de março de 2020 – um
cenário admitido por António Costa, hoje, na apresentação das medidas para o
renovado Estado de Emergência.
Neste anúncio, questionado com
um possível fecho das escolas, Costa afirmou que “há um grande consenso hoje
entre os técnicos e os especialistas de que não se justifica afetar o
funcionamento do ano letivo”. Mas para Manuel Carmo Gomes, é preciso separar
dois grandes grupos etários: os menores e os maiores de 12 anos.
“As crianças acima de 12 anos
têm, aparentemente, uma capacidade de serem infetadas e de transmitir que não é
muito diferente dos adultos”, mas, ressalva, “as crianças mais jovens,
aparentemente, não transmitem tanto a infeção e só agora começa, parcialmente,
a perceber-se porquê”, defende o especialista (Executive Digest)
Sem comentários:
Enviar um comentário