Mais de três quintos de
inquiridos defendem que o governo deve recuar na nomeação de José Guerra, ainda
que 45% considerem que o caso foi "empolado por razões de luta
política".
A maioria dos cidadãos que
conhecem o caso do procurador europeu - polémica que nasceu com a nomeação de
José Guerra para um cargo em que um júri internacional preferia ver Ana Carla
Almeida e que se agravou com o conhecimento público de erros que tinham
empolado o currículo do primeiro candidato - defendem que o governo deveria
recuar na nomeação daquele magistrado e que Francisca Van Dunem não tem
condições para se manter no cargo de ministra da Justiça. No entanto, só 45%
dos inquiridos consideram que o caso do procurador europeu é
"verdadeiramente importante".
Os dados que resultam da sondagem da Aximage para DN, JN e TSF, sobre o caso do procurador europeu, evidenciam um juízo negativo sobre a forma como o governo de António Costa conduziu o processo de nomeação do representante português para a Procuradoria Europeia.
Dos 1183 eleitores
entrevistados, 69% afirmaram ter conhecimento do caso e, entre estes, 64%
defenderam que o governo deveria recuar na nomeação de José Guerra, o
procurador da República que foi apresentado ao Conselho da União Europeia como
procurador-geral adjunto (categoria superior àquela) e como tendo sido titular
da investigação do grande processo das fraudes da UGT com subsídios, quando na
realidade apenas ali tinha representado o Ministério Público na fase de
julgamento.
A ministra da Justiça tem insistido que o governo se limitou a indicar o procurador mais bem classificado pelo Conselho Superior do Ministério Público e que os erros no seu currículo não foram intencionais nem determinantes para a nomeação de José Guerra, em detrimento da procuradora Ana Carra Almeida, que tinha sido classificada em primeiro lugar por um júri internacional.
No entanto, só 22% defendem que o governo deve manter a nomeação de Guerra (14% não sabem ou não responderam à pergunta). Na análise das respostas em função das preferências partidárias dos inquiridos, verifica-se que até entre os socialistas a maioria defende o recuo do governo (50% contra 38%, sendo certo que 12% não sabem ou não respondem). Mas apesar de a maioria, da esquerda à direita, defender a substituição de José Guerra, só 45% dos inquiridos com conhecimento do caso consideram que este é "verdadeiramente importante". Exatamente a mesma percentagem dos que consideram que o caso "foi empolado por razões de luta política". A maior contradição, neste capítulo, radica nos simpatizantes do Chega: 74% defendem que o governo deve recuar, mas só 53% consideram o caso "verdadeiramente importante".
À pergunta sobre se a Francisca Van Dunem tem condições para continuar a ser ministra da Justiça, 54% responderam que não e 36% o contrário. São os potenciais votantes no PS, na CDU e no PAN que assumem posições maioritariamente a favor da permanência da ministra em funções (Diário de Notícias-Lisboa, texto do jornalista Nelson Morais)
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