Dois maiores partidos em trajetória de subida na sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Iniciativa Liberal também está em destaque este mês, enquanto o PAN regista a maior quebra. A diferença entre os dois maiores partidos continua a ser grande, mas PS (38,5%) e PSD (25,4%) estão em alta, subindo mais de um ponto relativamente a novembro, de acordo com a mais recente sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Destaque ainda para o crescimento da Iniciativa Liberal (3,5%), para a queda do PAN (4,7%) e para o virtual desaparecimento do CDS (0,3%). O mês de dezembro trouxe boas notícias para os socialistas. O PS não parece sofrer com o escândalo do SEF (o ministro paga a fatura, com dois terços dos portugueses a defenderem a sua saída), com a reestruturação da TAP (o país está dividido entre pagar o preço ou deixar falir) ou com os sucessivos recordes de mortes causadas pela pandemia. Segundo os dados da sondagem, sobe 1,3 pontos percentuais de um mês para o outro; chega ao melhor resultado dos últimos quatro meses; e continua a valer sozinho mais do que a soma dos partidos de Direita.
Uma Direita para a qual o mês de dezembro também foi relativamente pródigo (a exceção é o CDS). O PSD, por exemplo, recupera um ponto e meio e atenua um pouco a escorregadela de novembro (perdeu três pontos nessa altura). Está, agora, na média de resultados dos últimos cinco barómetros da Aximage (25,4%). O lado menos positivo é que continua a mais de dois pontos do que conseguiu nas últimas legislativas e 13 pontos abaixo dos socialistas.
CHEGA NA LUTA COM O BE
É à Direita do PSD que as notícias são melhores, ainda que por razões diferentes. Desde logo para o Chega. Não pela subida (escassas duas décimas), mas porque repete um resultado acima dos sete pontos (7,7%) e continua na luta pelo terceiro lugar com o Bloco de Esquerda (8,5%). A Direita radical beneficiou, há um mês, da boleia do PSD nos Açores e parece, agora, tirar partido da exposição de André Ventura nas presidenciais. Em destaque está, também, a Iniciativa Liberal, que chega aos 3,5%. Tem o melhor resultado desde julho, mas vai ser preciso esperar para perceber se a tendência se mantém ou se é o efeito temporário da candidatura de Tiago Mayan às presidenciais (os liberais já tinham ultrapassado a barreira dos três pontos em outubro, mas não se aguentaram). Certo é que a nova Direita está em processo ascendente: radicais e liberais somam mais de 11 pontos percentuais, o que significa que valeriam mais nove pontos do que o conseguido nas legislativas de 2019. Ao contrário, a Direita tradicional, agora reduzida ao PSD, vale menos seis pontos.
Comunistas sem oscilações
À Esquerda do PS, as alterações são ligeiras. O BE
recupera em parte da forte queda de novembro, talvez por se atenuarem os
efeitos negativos do chumbo ao Orçamento do Estado. Os bloquistas marcam 8,5%,
resultado quase igual à média dos últimos cinco estudos de opinião da Aximage.
No que diz respeito à CDU (5,7%), a boa notícia é a irrepreensível estabilidade
(desde julho, nunca oscilou mais do que quatro décimas). A má notícia é que
está abaixo das últimas legislativas.
Uma nota, ainda, para o PAN, que é um dos grandes
perdedores de dezembro. O partido ambientalista desce quase dois pontos de um
mês para o outro e está, agora, com uma projeção de 4,7%. É a primeira queda
desde julho, mas também é verdade que está, rigorosamente, na média das últimas
cinco sondagens. Há duas explicações possíveis para perder o fôlego: já não tem
o protagonismo conseguido aquando da negociação orçamental e é o único dos
pequenos partidos que não tem candidato próprio às presidenciais, perdendo
palco mediático.
CDS a cair na irrelevância
Os maus resultados do CDS não são uma novidade nos
barómetros da Aximage para o JN, DN e TSF. Logo na primeira vaga, em julho, os
centristas já só conseguiam 2,1% (menos dois pontos do que nas últimas eleições
legislativas). Caíram, depois, para um ponto percentual e assim se aguentaram
ao longo dos meses de setembro, outubro e novembro. Na sondagem de dezembro, o
CDS volta a bater no fundo, com 0,3% das intenções de voto.
Como ressalva Hugo Mouro, da Aximage, "uma
sondagem não é uma eleição e é nas eleições que se decide o futuro dos
partidos". Mas é cada vez mais evidente que "o futuro parece muito
incerto para o CDS, existindo o risco real de cair na irrelevância e de não
eleger deputados na próxima legislatura". A leitura do mapa de
transferências de voto do barómetro mostra que os que votaram nos centristas
estão a dispersar-se, por esta ordem, pelo Chega, pelo PSD e pela Iniciativa
Liberal.
Radicais e liberais masculinos
No caso do Chega, a análise aos diferentes segmentos
da amostra confirma a predominância masculina (13,2%, mais dez pontos do que
entre as mulheres) e uma razoável implantação em todo o território nacional,
com destaque para a região Centro e para Lisboa, o maior círculo eleitoral do
país. Outra tendência que até se reforça é a do apoio entre os que têm 50 a 64
anos (13,6%).
Já o crescimento da Iniciativa Liberal, ao longo do
último mês de 2020, parece explicar-se pelo entusiasmo nas regiões mais a
Norte, em particular na Área Metropolitana no Porto. Menos espetacular, mas
mais estável, é o resultado de Lisboa, próximo dos três pontos percentuais.
Outras duas características que se mantêm: a preponderância masculina (o dobro
das mulheres) e a importância do escalão mais elevado de rendimentos (5,7%)
(Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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