terça-feira, janeiro 05, 2021

Nota: reflexões sobre o reinício da actividade escolar na Madeira

 


Vamos ter calma no que toca ao reinício da actividade escolar. Sem ansiedades e sem dramas, mas percebendo a realidade com a qual todos hoje lidam nas escolas da RAM, as contradições até do poder, as hesitações, as acusações cruzadas, os silêncios, as cumplicidades perante a irresponsabilidade, etc.

No caso das escolas da RAM, quem criou expectativas e gerou confusão foi quem anunciou (31.12.2020) que a RAM tinha 100 mil testes para a comunidade escolar regional, professores, funcionários e alunos. Segundo a SRE (24.11.2020) a comunidade educativa na Região Autónoma da Madeira é constituída por cerca de:

- 42.000 alunos

- 6.000 professores

- 4.000 funcionários.

As contas estavam certas. Davam (os testes rápidos) para todos, mesmo que a sua fiabilidade seja questionada (mas é melhor que nada, diz o povo e com razão). Depois houve um recuo, ou uma pirueta se preferirem, que não pode ser "justificada" de novo com uma qualquer lenga-lenga sem credibilidade. Desistiram de testar os mais de 40 mil alunos, alegando que não são eles não representam uma ameaça neste contexto pandémico e pronto! Mas, enquanto isso, vão ler o comunicado da SRE sobre a situação nas escolas, relativo ao primeiro período, e vejam entre os infectados com covid19, a quem pertenceu a maior percentagem de contaminações! Aliás até podem ver os dados de hoje, 5 de Janeiro de 2021…

Melhor seria recuar e não dizer mais nada, esperando que depois da polémica causada, o assunto morresse por si, com a lenta e cautelosa normalidade funcional. Agora temos todos desconfiados e temerosos, incluindo pais e encarregados de educação.


Não vale a pena. Se entrarem todos em parafuso, numa espécie de descontrolada paranoia colectiva, então vai tudo acabar mal. Não há razões para isso. Se depois do reinício da actividade escolar a situação se degradar, então as escolas que tomem as medidas previstas nos seus planos de contingência ou cumpram outras que o poder político, entretanto, possa ser obrigado a tomar para não ser acusado de desleixo ou desvalorizar a realidade. Desde logo deixando de andar com a treta do turismo inglês, quando é conhecida a trágica dimensão da (bem triste) realidade sanitária em que se encontra a Inglaterra e não só por causa da nova variante ali identificada.

Aos docentes e funcionários resta saber os resultados dos testes PCR (ou rápidos?) e depois disso manterem reforçados cuidados que já antes tinham, sem que as escolas baixem a guarda nas exigências sanitárias e comportamentais.

Até parece que no primeiro período não tivemos casos nas escolas da RAM. Basta ir ao site do GRM - caso ainda lá esteja por que parece que a moda agora, se bem que noutras bandas, é apagar coisas... - e contabilizar quantos casos foram identificados, na certeza de que eventualmente muitos terão sido aqueles que passaram ao lado porque nem chegaram a ser identificados.

Quanto aos pais e encarregados de educação, eles melhor do que ninguém, melhor do que os outros, sabem o que devem fazer. Sabem o que fizeram nas "festas", por onde andaram, como se comportaram, se ligaram alguma coisa às recomendações em vigor,  se pisaram o risco, se os seus filhos ou alunos entregues ao seu cuidado também foram na mesma onda ou foram devidamente protegidos, etc. Duvido que estejam interessados, num cenário mais extremo, em originar, por via da desvalorização de sintomas, novas cadeias de transmissão que em nada vão beneficiar os seus educandos. E disso podem ter a certeza, apesar de dizerem que existe uma aparente maior tolerância avaliativa que esta pandemia trouxe consigo. Isto de andarem, pais e encarregados de educação - sem generalizar, como é óbvio, mas veja-se o caso da matança do porco, de festas idiotas e descontroladas, da lamentável excursão portosantense ao Funchal e dos estragos que tudo isso causou e que ainda vai causar - a sacudir a água do capote e a querer atirar responsabilidades para as escolas, as quais não lhes pertencem, ou a exigirem testes (porque leram ou ouviram alguém falar neles...) depois de terem andado semanas na rambóia, mais ou menos histérica, sem ligarem patavina às normais sanitárias e às recomendações sociais como o uso da máscara, manter o distanciamento e não descurar a limpeza (desinfeção) das mãos, não pode ser tolerado.


Obviamente que vai tudo correr bem porque acreditamos nos professores, nos funcionários e na maioria dos alunos e encarregados de educação, que certamente estarão atentos e não desejam ser geradores de eventuais novos casos de contaminações, numa região que está farta desta mer** toda, que está saturada, assustada, consciente, pragmaticamente realista, que tem medo face ao aumento de casos covid19 na RAM, que não deve nem pode acreditar nos milagres de uma vacina que ainda vai demorar meses e mais meses a chegar a todos, etc. Por isso, nada de ansiedades, nada de medos compreensíveis mas infundados, vamos acreditar nas escolas, nas suas regras de funcionamento mais atentas do que nunca, na sua capacidade de auto-defesa e na consciência colectiva do universo escolar de cada uma delas. Se alguém irresponsavelmente pisar o risco, se os abusos surgirem, então o contacto com a tutela e com as autoridades policiais - para abertura do respectivo auto - será o mais recomendável. E deixemos o poder enrolado com as suas contradições, hesitações, avanços e recuos que não interessam para nada. Valeu? Bom Ano a todos e vamos a isso (LFM)

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