Até setembro foram repostos 1,5 milhões de lugares de avião para o Funchal de companhias falidas nos últimos anos. "Temos de estar preparados para um longo período mau", advertem agentes do turismo. Acautelar os efeitos negativos de mais falências de companhias aéreas ou de operadores turísticos é uma prioridade para a Madeira, que este ano sofreu um rombo com o colapso da Germania e mais recentemente da Thomas Cook - e que foi um tema em destaque no congresso "Turismo, Opções Estratégicas", da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre até 17 de novembro no Funchal.
"Houve 14 companhias a falir desde 2016, das quais nove afetaram diretamente o Funchal. Mas até setembro deste ano já recuperamos a quase totalidade desses lugares perdidos, cerca de 1,5 milhões, que representou um esforço gigante", adianta Eduardo Jesus, secretário regional de Turismo e Cultura da Madeira. A recuperação destes 1,5 milhões de lugares não inclui o desiderato deixado pela Thomas Cook. Segundo o responsável de Turismo da Madeira o Governo regional está "a reunir com múltiplas companhias aéreas e operadores, acima de tudo no objetivo de garantir as ligações".
Há mais falências de companhias ou operadores turísticos no horizonte? "Todos os dias haverá surpresas, tendo em conta a dinâmica que o mundo vive. Ainda há uma enorme concentração em poucos operadores, é uma situação a nível mundial que irá ditar novas regras, e temos de estar melhor preparados para lidar com essa situação". refere Eduardo Jesus.
As quebras turísticas na Madeira em 2019 resultam por a região ter "perdido muitas ligações aéreas, principalmente do mercado alemão, e também por estarmos a ser vítimas do Brexit", nota o responsável.
A proposta de alargar os subsídios de voo dos madeirenses a todos os portugueses
"Temos de estar preparados para um longo período mau e há que pensar o futuro da Madeira enquanto região turística", enfatizou no congresso da APAVT André Barreto, empresário turístico e membro do conselho consultivo da Associação de Promoção da Madeira, lembrando que falências como a Thomas Cook obrigam a um reforço de verbas de promoção "e não é com um cacho de bananas num saco bordado da Madeira que se atrai novos operadores".
O alargamento a todos os portugueses dos subsídios de voos que vigoram para os residentes da Madeira, foi uma das propostas avançadas pelo empresário no congresso dos agentes de viagens para fazer face à nova fase em que a região enfrenta desafios acrescidos.
"Para os madeirenses, essa ampliação seria muito benéfica, para que os portugueses no seu conjunto pudessem chegar à região em condições mais favoráveis", reconhece o secretário regional de Turismo e Cultura da Madeira. Frisando tratar-se de uma questão complexa e de nível nacional, Eduardo Jesus lembra que o subsídio de mobilidade atribuído aos passageiros residentes está em processo de revisão desde fevereiro de 2016 e ainda está à espera de aprovação.
A única região portuguesa com quebras turísticas em 2019
O presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, enfatizou no congresso da APAVT que "a Madeira foi a única região do país que sofreu quebras no turismo em 2019", defendendo que "temos todos de nos focar na recuperação do destino Madeira para 2020".
Lembrando que a Madeira se ressentiu, em 2019, com a falência da transportadora Germania antes de chegar o colapso da Thomas Cook, Francisco Calheiros frisou que o saldo do ano foi "de tempestade perfeita" para a ilha periférica - e premiada com o 'oscar' de turismo de "melhor destino insular do mundo em 2019" da World Travel Awards - a que se veio somar "a questão dos ventos que afeta o aeroporto ".
"Tem que se fazer uma análise muito séria do destino Madeira para o futuro, e em boa altura se fez aqui o congresso da APAVT", destacou o presidente da Confederação do Turismo, para quem as soluções passam muito "pelo aumento da promoção num estreito envolvimento de organismos públicos e privados" (Expresso, texto da jornalista Conceição Antunes)
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