quinta-feira, novembro 07, 2019

Programa de Governo: turismo e cultura

A Região Autónoma da Madeira é um destino turístico de reconhecida qualidade sobretudo em termos de serviço e de projeção, com afirmação internacional, como, aliás, atestam, os inúmeros prémios e distinções recebidos ao longo dos últimos anos. Entre 2013 e 2019, a Madeira foi distinguida 6 vezes pelos World Travel Awards, mais conhecidos como os “Óscares do Turismo” como o Melhor Destino Insular da Europa (Europe’s Leading Island Destination) – só não o foi em 2015 - concorrendo contra outros grandes destinos turísticos, tais como Chipre, Sardenha, Baleares, Canárias, Malta, entre outros. De 2015 a 2018 foi também premiada, todos os anos, pela mesma entidade, desta vez como o “Melhor Destino Insular do Mundo” (World’s Leading Island Destination). A que se acrescenta, no ano de 2015, a Madeira ter sido galardoada a 6ª melhor ilha do mundo para passar férias, numa votação divulgada pelo maior site de viagens do mundo –TripAdvisor – Travelers’ Choice Awards, resultante da opinião de milhares de turistas de todo o mundo.

Para esta afirmação, muito contribuiu o trabalho de aperfeiçoamento e requalificação do sector através das políticas prosseguidas pela Região, sector público, e pelo empreendedorismo e qualidade do sector privado, num trabalho conjunto, feito a vários níveis e em articulação, que permitiu o reforço da diversificação da oferta, da nossa identidade e genuinidade, a satisfação dos nossos clientes, a criação de mais emprego. Isto possibilitou, igualmente, a fixação da população nos outros concelhos da Região, combatendo, assim, a tradicional e histórica macrocefalia económica e empresarial que o Funchal assume perante o restante território.
Indissociável, o setor da Cultura, no que consiste e integra, é pedra basilar da identidade de um território e respetiva comunidade, oferecendo um sentido de pertença e unidade. Importa à Região, por um lado, identificar, estudar, salvaguardar, promover e divulgar a sua herança cultural, e por outro, prosseguir as medidas impulsionadoras de um papel criador e contemporâneo nas prioridades das políticas e estratégias deste sector, partindo do local para o global, de produção de conhecimento e conteúdos, que sejam benefícios na coesão social e na criação de riqueza e desenvolvimento da Região.

Turismo

Sendo transversal a todo o território e a várias áreas, o sector do turismo interliga-se praticamente com todas as outras atividades socioeconómicas regionais. No caso da Região Autónoma da Madeira, este sector empresarial e industrial que representa 25% a 30% do VAB regional, tem um peso extraordinário na dinamização do comércio e dos sectores com os quais interage, criando riqueza e representando mais de 16% do total do emprego existente, o que significa mais de 20.000 postos de trabalho.
Ademais, o Turismo, nesta região Insular e Ultraperiférica, tem sido, ao longo das últimas décadas, sobretudo a partir da conquista da Autonomia, a principal causa e motor do lançamento e implementação de projetos estruturantes com claros benefícios líquidos para o Orçamento Regional, mas também no que se refere à criação, utilização e maximização das infraestruturas que, entretanto, foram sendo criadas, em toda a ilha, para melhor responder às necessidades e expectativas da população, em primeiro lugar e, depois, por quem nos visita.
Todavia, pese embora o já supracitado crescimento ocorrido nas duas últimas décadas, tendo, inclusivamente, atingido, em 2017, cerca de 7,5 milhões de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros (note-se que este é o valor mais elevado de sempre), o que, na verdade, significa, mais de 8 milhões de dormidas, com a contabilização de todas as tipologias de alojamento, o facto é que a partir do Verão de 2018, fruto de uma conjuntura internacional adversa, nomeadamente no que se refere às falências das companhias aéreas que operavam para a Madeira, a que se junta o recrudescimento de mercados internacionais, anteriormente em crise, o sector do Turismo tem vindo a apresentar sinais de abrandamento, em particular nos valores mensais de hóspedes e dormidas, o que tem resultado em valores negativos nos acumulados no ano de 2018, -1,2% e -0,8%, respetivamente.
De igual modo, em 2019, os dados estatísticos mostram a manutenção desta tendência, com uma diminuição progressiva, conforme se verifica já nos dados disponíveis do Verão IATA 2019.
Por conseguinte e para inverter esta situação, de modo a garantir a sustentabilidade do destino, a melhoria da sua atratividade e competitividade, propõem-se, com base numa vontade e compromisso envolvendo o sector público e privado, novas orientações, pois, só assim, nesta conjugação e parcerias, entre sector público e privado, será possível, novamente, o Turismo, na Madeira, inverter esta tendência e voltar a crescer, evoluindo positivamente enquanto motor do desenvolvimento económico e social da Região.

Orientações Estratégicas

·        Reforçar a promoção e a notoriedade do destino.
·        Aprofundar as boas práticas na gestão dos seus ativos.
·        Incrementar as novas tecnologias e ferramentas de comunicação, informação e promoção.
·        Valorizar a qualificação dos profissionais do sector.
·        Sensibilizar e captar os jovens para a profissionalização no sector.
·        Monitorizar e promover o melhor conhecimento do sector.
·        Inovar e modernizar a oferta.
·        Enriquecer a animação turística.
·        Afirmar a diferenciação do destino por via da autenticidade.
·        Reforçar o desenvolvimento digital do destino.
·        Promover o aumento da satisfação dos turistas.
·        Consolidar a qualidade da cultura madeirense do “bem-receber”.
·        Preservar e valorizar o património natural, histórico e cultural.
·        Assegurar a regulamentação e fiscalização do sector.
·        Aprofundar o relacionamento com o Observatório do Turismo.
·        Reforçar a ligação e cooperação com os parceiros do sector.
·        Consolidar os mercados existentes, conquistar novas origens e envolver mais  operadores na operação turística.

Cultura

A Cultura, no entendimento do Governo Regional, não pode ser apenas vista enquanto repositório de conhecimentos, usos e tradições, importando também a adoção de uma ideia principal, alicerçada em medidas concretas, que permitam, pela via da criatividade, da investigação, do empreendedorismo, da promoção e da divulgação, a afirmação da Madeira, quer no país, quer no mundo, assumindo, através do potencial criativo e do seu património cultural. Para que esta almejada realidade seja concretizável, assume particular importância que o último ano das Comemorações do Programa de Celebrações dos 600 Anos do Descobrimento das Ilhas do Porto Santo e Madeira, que nos dois primeiros anos, 2018 e 2019, potenciou o incentivo à produção e criação artística através de eventos e iniciativas em parceria com instituições públicas e privadas envolvendo o maior número possível de pessoas das mais diversas áreas culturais, associações, instituições, coletividades e grupos. Será, agora, neste quadriénio de 2019/2023, um instrumento de transformação de 600 Anos de História, Património, Música e Sabedoria, em legado cultural e criativo, deixado às novas gerações, no que deve ser uma nova força para o futuro, através de uma programação específica que apoie a iniciativa privada, o empreendedorismo cultural, em novos projetos na área da cultura.
Sendo certo que a Região Autónoma da Madeira apresenta já um panorama cultural bastante desenvolvido, heterogéneo e descentralizado, e que já o anterior Programa de Governo apontava a necessidade de reafirmação do sector como uma prioridade governativa, a intervenção pública na esfera da cultura assume prioridade, pretendendo o Governo Regional reforçar as intervenções estratégicas do sector.

Orientações Estratégicas

·        Aumentar a oferta e criação cultural.
·        Apoiar a descentralização cultural.
·        Implementar medidas públicas para que as atividades culturais e criativas sejam também elas geradoras de empreendedorismo, criatividade, riqueza, emprego.
·        Reforçar a investigação e produção de conhecimento.
·        Promover a valorização e contribuir para a requalificação do património cultural material e imaterial.
·        Reforçar a ligação e cooperação com os parceiros públicos e privados do sector.
·        Otimizar e dinamizar os serviços e estruturas públicas da área da cultura.
·        Fortalecer o trabalho, em rede, de projetos que envolvam entidades públicas e privadas, regionais, nacionais e internacionais.
·        Apoiar, no domínio da cultura e das artes, a utilização e aplicação das novas tecnologias.
·        Afirmar, por via da cultura, a Madeira e Porto Santo no país, no mundo, em particular no reforço à ligação com a diáspora.
·        Apoiar a internacionalização de projetos made in Madeira.
·        Promover, junto das entidades competentes alargamento do acesso a depósitos históricos de interesse regional.

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