sábado, novembro 11, 2023

Quem são os desempregados em Portugal? Jovens e menos qualificados

Tinham menos de 35 anos, um grau de qualificação baixo e estavam sem trabalho há menos de um ano. Era este o retrato da maior fatia dos desempregados portugueses no terceiro trimestre de 2023. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta semana, mostram que no período entre julho e setembro, o país contabilizou 326,1 mil pessoas sem trabalho. O número não chega para fazer mexer o ponteiro da taxa de desemprego, que se manteve estável nos 6,1% face ao trimestre anterior, mas traduz um agravamento de 4,4% (13,7 mil) no número de desempregados contabilizados face ao trimestre homólogo de 2022, e também face ao segundo trimestre deste ano, ainda que mais tímido (0,4%).

Mas quem são estes desempregados, numa altura em que apesar do cenário de incerteza económica, a taxa de desemprego se mantém em níveis próximos do estrutural e o emprego está em máximos desde 2009? Olhando para os indicadores conhecidos esta semana é possível perceber que o desemprego está sobretudo concentrado na população mais jovem. Quase metade (47,2%) da população desempregada no terceiro trimestre deste ano tinha menos de 35 anos, com o grupo dos 15 aos 24 anos a responder por praticamente 25% do desemprego contabilizado.

Acima deste escalão etário, o desemprego afeta sobretudo a população com mais de 55 anos, que, de acordo com o INE, representa 18,3% do total de desempregados no país no trimestre em análise. A desagregação dos dados por nível de escolaridade ajuda a traçar um retrato ainda mais detalhado. Olhando para os números, é possível perceber que é nos profissionais com as qualificações mais baixas, ao nível do ensino básico (até ao 9º ano de escolaridade), e de grau intermédio (ensino secundário), que se concentra maioritariamente o desemprego. Juntos, estes dois grupos respondem por 77% do total de desempregados, número que compara com 22% de desempregados com qualificação superior.

Quando a análise cruza a faixa etária com o nível de qualificação dos desempregados, os dados mostram que independentemente da idade, o desemprego entre os trabalhadores com ensino superior tende a ser mais baixo. Exceção apenas para a faixa etária entre os 35 e os 44 anos, onde é maior a predominância de desempregados com qualificação superior. Em sentido contrário, os dados do INE mostram que, nas várias faixas etárias, o desemprego entre os trabalhadores menos qualificados (até ao ensino básico) é mais elevado face aos restantes níveis de formação. Já em matéria de duração do desemprego, os indicadores sinalizam uma redução do desemprego de longa duração (12 e mais meses), que cai de 41,9% do total no segundo trimestre deste ano para 37% no terceiro (Expresso, texto das jornalistas CÁTIA MATEUS e SÓNIA M. LOURENÇO)

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