sexta-feira, novembro 17, 2023

Europa dividida ao meio nas perspectivas de crescimento

Em conjunto com os países que têm um maior peso dos serviços de turismo nas suas economias, Portugal vai estar no grupo dos que mais crescem este ano na zona euro, mas que em 2024 deverão abrandar, com os efeitos da política monetária restritiva e da redução da procura externa a produzir os seus efeitos na actividade. As previsões de Outono divulgadas nesta quarta-feira pela Comissão Europeia apontam para uma divisão marcada no desempenho das economias entre dois tipos de países. Os que crescem mais este ano são países do Sul da Europa, com economias relativamente pouco industrializadas e com um peso muito significativo do turismo. Os que crescem menos são os países do Norte e do Leste, com economias mais industrializadas e em que o turismo representa uma parte relativamente pequena do seu PIB. Em 2024, as posições invertem-se, com os primeiros a abrandar e os segundos a recuperar. Os seis países que vão crescer mais na zona euro este ano, de acordo com a Comissão Europeia, são Malta, Croácia, Grécia, Espanha, Chipre e Portugal. A economia portuguesa, com um crescimento previsto de 2,2% (uma revisão em baixa face aos 2,4% antecipados há seis meses por Bruxelas), fica em sexto lugar do ranking. Em todas estas economias, aquilo que aconteceu foi uma primeira metade do ano muito positiva —​ numa altura em que o sector do turismo recuperava um pouco por toda a Europa —,​ com um abrandamento progressivo na segunda metade. No caso de Portugal, houve apenas um primeiro trimestre muito forte, com um crescimento em cadeia de 1,5%, garantido pelas exportações de bens e serviços, e estagnação nos meses seguintes.

Entre os países que, pelo contrário, deverão ter a sua economia a contrair-se este ano, estão a Estónia, a Irlanda (que tem os seus dados influenciados pela volatilidade das transferências efectuadas pelas multinacionais), a Áustria e a Alemanha. A maior economia da zona euro tem vindo a ser afectada pela dificuldade em fazer crescer as suas exportações numa conjuntura de crescimento lento a nível mundial, políticas comerciais proteccionistas e preços da energia elevados. A expectativa da Comissão Europeia é a de que os países do Sul mantenham ao longo de 2024 a tendência de abrandamento já registada no final deste ano, até porque o efeito recessivo da política monetária de taxas de juro elevadas tenderá a tornar-se cada vez mais evidente. Já no resto da zona euro, 2024 poderá ser de mais crescimento do que 2023, embora de forma moderada. No caso da Alemanha, depois de uma contracção de 0,3% este ano, espera-se um crescimento de 0,8% no próximo (Publico, texto do jornalista Sérgio Aníbal)

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