terça-feira, novembro 28, 2023

Quais os salários médios na Europa? Em que países se paga mais (e menos) e que posição ocupa Portugal?

A legislação laboral da UE é geralmente bastante rígida, nomeadamente no que diz respeito às condições de trabalho e direitos trabalhistas. No entanto, quando se trata de salários entre os estados-membros da UE, ainda existem variações significativas, dependendo de vários factores, tais como legislação, procura e inflação. A Euronews Business analisa os países que melhor recompensam os trabalhadores. De acordo com o Statista, em 2022, o salário médio anual variou entre 73.642 euros na Islândia e 24.067 euros na Grécia.

Os países com salários mais elevados em 2022 foram:

Islândia (73.642 euros)

Luxemburgo (72.529 euros)

Suíça (67.605 euros)

Bélgica (63.758 euros)

Dinamarca (59.405 euros),

Já os países com remunerações mais baixas foram:

Grécia (24.067 euros)

Eslováquia ( 24.337 euros)

Hungria (26.376 euros)

Portugal (29.540 euros)

República Checa (30.967 euros).

Segundo o Eurostat, o custo médio da mão-de-obra por hora na UE era de 30,5 euros. Os salários médios anuais dos trabalhadores solteiros sem filhos atingiam os 26.136 euros, enquanto os casais trabalhadores com dois filhos ganham em média 55.573 euros anuais.

A disparidade salarial entre homens e mulheres era de 12,7% em 2021, sendo a maior observada na Estónia, com 20,5%, e a menor no Luxemburgo, com -0,2%. No entanto, segundo a Comissão Europeia, as disparidades salariais aumentaram 13% em 2023. Normalmente, os sectores que melhor pagam na Europa são o financeiro, seguros, electricidade, mineração, tecnologias da informação, retalho e educação. No outro extremo, os sectores com salários mais baixos tendem a ser os de apoio administrativo, hotelaria e construção.

Os casos da Islândia e Luxemburgo

Os elevados salários da Islândia são impulsionados por uma grande proporção do sector privado do país que aposta em acordos colectivos. Desde Março de 2019, foram assinados 326 acordos laborais islandeses, sendo que mais de 90% da força de trabalho faz parte de um sindicato. Os sectores financeiro e bancário são os principais responsáveis por trás dos salários atractivos do Luxemburgo, com a maioria dos bancos a empregar trabalhadores altamente qualificados e experientes, muitos deles expatriados.

O Luxemburgo também revê, de dois em dois anos, o seu salário social mínimo, em comparação com os salários médios e os movimentos de preços, mantendo assim os padrões salariais actualizados. No entanto, os salários dependem em grande parte dos sectores, das divisões dos bancos, da antiguidade, da idade, bem como da educação e da experiência.

Carga fiscal mais baixa

O mercado de trabalho da Suíça, tal como no Luxemburgo, é apoiado principalmente pelo sector bancário e de serviços financeiros. No entanto, a Suíça tem impostos muito mais baixos em comparação com o resto da Europa, com uma média de cerca de 20% a 35% para a faixa de 150.000 a 250.000 francos suíços. A Bélgica também aposta fortemente na indexação salarial tanto para os trabalhadores administrativos como para os profissionais do sector privado. O país registou em 2022 a indexação mais elevada dos últimos 50 anos, à medida que a inflação crescente e os preços descontrolados da energia afectaram o poder de compra dos trabalhadores. Já a Dinamarca tem um modelo de mercado de trabalho único, que depende de um equilíbrio entre flexibilidade e segurança. Isto permite que o país não tenha um salário mínimo definido, mas sim que trabalhadores e empregadores cheguem aos seus próprios acordos salariais.

Ao mesmo tempo, também existem menos leis relativas aos despedimentos, sendo também bastante reduzidos os litígios que os contestam. No entanto, os trabalhadores não ficam desamparados. Enquanto trabalham podem descontar para um fundo de desemprego, que lhes proporciona um subsídio até dois anos, caso percam o emprego mais tarde.

O outro lado da moeda

A economia global e o mercado de trabalho da Grécia ainda lutam por recuperar da crise da dívida soberana, o que faz com que os salários médios e os salários mínimos sejam muito mais baixos do que no resto da Europa. Recentemente, também foram implementadas uma série de medidas laborais mais rigorosas, tais como iniciativas para contratar estagiários mais jovens e recém-licenciados, que podem auferir menos.

Da mesma forma, a Eslováquia luta contra a baixa produtividade e as consequências do colapso do regime soviético, mantendo os salários controlados. Portugal enfrentou baixos níveis de produtividade, juntamente com a tendência crescente de contratar trabalhadores sazonais de curta duração, para reforçar o sector do turismo do país. Os salários mais baixos também contribuíram fortemente para a exclusão de um número de profissionais do sector imobiliário.

Uma recessão técnica na Hungria pode ter contribuído recentemente para a redução dos salários, uma vez que menos empresas conseguiram suportar os custos laborais. No entanto, historicamente, o baixo custo de vida da Hungria terá sido um factor-chave nas ligeiras subidas salariais, embora isso possa estar a mudar lentamente agora que o país enfrenta uma inflação mais elevada. Por outro lado, a República Checa enfrentou um problema mais cultural, com a maioria dos trabalhadores a hesitar negociar salários mais elevados. Como resultado, os sindicatos são incapazes de lutar para promover os requisitos dos trabalhadores (Human Resources, Portugal)

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