sexta-feira, julho 15, 2022

Nem com Boris nem com os Trabalhistas: Referendo à independência da Escócia continuará bloqueado mesmo com mudança do governo britânico

O líder do Partido Trabalhista no Reino Unido, Keir Starmer, já garantiu que mais um referendo à independência da Escócia será bloqueado se o partido vier a subir à liderança do governo. A Primeira-ministra escocesa acusa o líder trabalhista de estar a seguir as pisadas de Boris Johnson para conquistar eleitores conservadores descontentes. “Na sua perseguição dos votos dos tories [conservadores] em Inglaterra, eles [trabalhistas] estão realmente a mostrar à Escócia os dois dedos proverbiais”, aponta Nicola Sturgeon, citada pelo ‘The Guardian’. Será importante explicar que, no Reino Unido, mostrar os dedos indicador e médio em forma de “V” com a palma virada para dentro é o equivalente a exibir o dedo médio, com intenção de ofender o recetor do gesto.

“A mensagem dos trabalhistas para a Escócia parece ser ‘realmente não queremos saber de vocês’”, aponta a líder escocesa, acusando Starmer de “cálculos políticos cínicos”. De recordar que Boris Johnson, ainda Primeiro-ministro, era um forte opositor à realização de um segundo referendo sobre a independência da Escócia, tendo chegado a enviar uma carta à Primeira-ministra escocesa que se resumia num rotundo “não”. Em declarações à imprensa, Sturgeon recusou-se a especular sobre quem poderia ir a suceder a Boris Johnson, nem sobre quem são os preferidos na corrida à liderança do Partido Conservador. Contudo, ela salientou que, quem quer que venha a ocupar o Número 10 de Downing Street será “mais um Primeiro-ministro no qual a Escócia não terá votado”. Sturgeon acredita que a mudança na liderança dos conservadores concretizará uma deriva ainda mais à direita. “E isso significa, claro, uma mudança para ainda mais longe da opinião e valores da generalidade dos escoceses”, prevê, acrescentando que o novo governo britânico em Londres procurará cortes nos impostos, cortes nos serviços públicos, “o abandono da luta contra as alterações climáticas”, e uma defesa mais aguerrida do Brexit. A Primeira-ministra escocesa acusa o governo central e os partidos unionistas (a favor da união e contra a independência dos territórios que constituem o Reino Unido) “estão aterrorizados com a ideia de um debate substantivo sobre a independência”, que, para Sturgeon, é “a única via realista para renovar as instituições democráticas da Escócia” (Multinews, texto do jornalista Filipe Pimentel Rações)

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