quarta-feira, outubro 14, 2015

Mania de escrever: Cavaco e Passos são os culpados desta trampa toda

Os culpados de toda esta trampa negocial em torno do futuro governo são Cavaco Silva e Passos Coelho. Cavaco, porque com aquele ar asneirão de sempre garantiu antes das eleições - falando a desproposito - que tinha estudado todos os cenários possíveis e que sabia grosso modo o que decidir e como decidir. Meteu água esta "rainha de Inglaterra" que deve andar com diarreia por Belém.
Não contou, tal como Passos, Portas e Costa não contaram, com a surpresa dos 500 mil votos e 19 deputados do Bloco de Esquerda, todos "roubados" aos três principais partidos. Cavaco, porque recebeu Passos dias depois das eleições e esqueceu-se, pateticamente, de chamar também António Costa por quem passava a solução que a "rainha" parece desejar.
Mas Passos foi também culpado desta trampa toda. Pensou que tudo continuaria na mesma apesar de perder a maioria absoluta, mais de 700 mil votos e cerca de 24 mandatos. Cometeu o primeiro erro da falta de humildade e de não querer perceber que muito tinha mudado. Cometeu o erro, outro, de ter ido a Belém quando recomendaria o bom senso que alertasse Cavaco para a asneirada que estava a praticar.
Pior do que isso, Passos cometeu outro erro grave, o de levar aquele Portas atrás de si nesta ronda negocial. Quem pela coligação liderará um governo, caso ele seja constituído, será Passos e não Portas - quantos deputados passou a ter o CDS nesta nova Assembleia?  Passos esqueceu-se do que Portas andou a dizer do PS e de Costa durante toda a campanha tendo sido mesmo chamado do "sniper" da coligação? E que dizer da patética encenação de ouvir Portas a falar de estabilidade?! Mas o homem já se esqueceu daquela brincadeira do "irrevogável" que nos custou só, dizem os especialistas, 3 mil milhões de euros por causa da oscilação dos juros dos empréstimos.
Passos cometeu - era inevitável - um último erro que espero não lhe seja fatal: o de ter enviado ao PS uma proposta tendo por base apenas alguns itens constantes do programa do PS, itens esses que lhe interessavam e que deixam no ar a dúvida sobre se, afinal PSD e CDS andaram ou não a enganar as pessoas com aquele discurso do medo assente no ataque diário às propostas socialistas que, de um dia para outro, passaram de coisas "infernais" para propostas aceitáveis!
Perante tudo isto, estavam à espera do quê?

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde, costumo ler com alguma regularidade o seu blog e neste post concordo com o facto de Passos Coelho ter sido lento a interpelar o PS e ter deixado António Costa à solta para fazer o que quer e o que não quer. Concordo igualmente que Cavaco não procedeu bem, deveria ter chamado todos os partidos e depois indigitava o Primeiro Ministro. Agora, já não concordo com a ultima parte do seu comentário. Passos Coelho criticou veemente o programa do PS na campanha ,sem dúvida, acusando de ser despesista e irreal, e mesmo assim apresentou um documento, basicamente um copypaste do programa do PS, e com isso mostrou uma coisa, que até ontem já era nítida mas que agora foi confirmada, António Costa não quer NENHUM acordo com a coligação. Ele quer ser Primeiro Ministro custe o que custar e não olha a meios, se for preciso divide o próprio partido. Quanto à questão de levar ou não Paulo Portas, acho que é uma não questão, ele, no final de contas, é um elemento forte na coligação e tendo em conta as suas "inconstâncias" é melhor tê-lo sempre ao lado.
No fundo, acho isto tudo lamentável. Não existe um esforço comum para gerar consensos, apenas acordos para derrubar um ou outro partido, esquecendo-se dos portugueses e de Portugal.
Vamos ver como isto acaba, mas eu infelizmente acredito que não vai nada bem para o país.
Cumprimentos