Não tenho por hábito andar a pavonear-me por aí armado em "descobridor" semanal de Lisboa, para alegadas jantaradas de trabalho, para arranjar a cremalheira num qualquer dentista da capital ou para fazer compras em "shoppings" mais in que não existem por cá. só para gerar invejas sociais. Vou a Lisboa quando preciso, apenas e só quando preciso, pelo que não será nunca por minha causa que o sistema do novo subsídio de mobilidade falirá. Aliás, muito antes da publicação do decreto-lei e, depois, da portaria comprei viagens a Lisboa, e paguei por elas cerca de 300 euros, não tendo sequer a garanta de que o modelo tão falado e prometido estaria em vigor quando viajasse. Ou seja, já antes da confirmação da promessa do subsídio de mobilidade, as passagens, realizadas escolhendo percursos diferentes em companhias aéreas diferentes, os preços começavam a indiciar que qualquer coisa estaria para acontecer. Ninguém paga 300 euros para ir a Lisboa em Setembro! Agora paga mais...
Nota política
Quando se chama a atenção ou se criticar das duas uma: ou queremos ver a desgraça instalada ou manifestamos preocupação e pugnamos para que as coisas se resolvam rapidamente, a contendo de todos. Politicamente, e fazendo parte de um partido (PSD) mas hoje remetido à confortável e reconfortante situação de militante de base, quem me conhece sabe que não ando a cavar a sepultura de terceiros. Pelo contrário, tenho como princípio a defesa do meu partido mas sobretudo a defesa do líder do meu partido, porque um partido é muito do que o líder consegue ser e transmitir. Os secretários regionais, particularmente os pomposamente rotulados de "independentes" (como se isso lhes valesse de alguma coisa ou os tornasse mais dignos que os outros que fizeram escolhas e as assumem) que nunca tiveram a dignidade de tomarem opções e a coragem de assumirem uma escolha normal numa sociedade livre e desenvolvida como a nossa, a mim não me dizem nada. Os secretários regionais que ora de colam à esquerda, ora se encostam à direita, regra geral tecnocratas e donos da sabedoria universal, os tais que raramente têm dúvidas e ainda muito raramente se enganam, esses repugnam-me.
Não estou com visto a visar concretamente alguém em concreto. Estou apenas a delimitar o meu campo de acção e de pensamento, indiferente ao facto de gostarem ou não do que digo e de como sou. Miguel Albuquerque é o líder do PSD, é a dele que tenho que defender, e não preciso de andar a cantarolar vezes sem conta hossanas a uma "mudança" que não se sabe muito bem o que para eles é - porque os que assim falam, fazem-no depois de estarem bem servidos com tachos à medida, tenham ou não o perfil que se recomendaria - para exigir a cabeça de quem o penalizar, porque se o penalizar vai penalizar o partido de que faço parte. Nada mais limpinho e transparente.
O secretário regional da Economia desdobrou-se hoje em explicações para o facto de ter estragado, repito, ter estragado até ver, um modelo de subsidiação de viagens aéreas que tinha (espero que possa vir a ter rapidamente) tudo para funcionar bem e ser um símbolo de justiça em termos de garantia da continuidade territorial. Mas não se armem em "descobridores" porque não descobriram coisa nenhuma. Quanto muito burocratizaram, complicaram ainda mais um modelo que, com todos os seus defeitos e virtudes, está em vigor nos Açores alguns meses antes do nosso. Que raio de pólvora descobriram a final? Não me lixem s.f.f.
Factos
Factos
Vamos a factos. Como é que o secretário regional ousa fazer alusão ao uso de cartões de crédito de cidadãos? Por acaso o problema do uso dos cartões de crédito e pagamento da despesa feita com eles diz-lhe respeito, deixando de ser competência exclusiva aos seus titulares e utentes? O que é que um governante tem a ver com isso? A situação é esta: tudo indica que o governo regional inventou e a coisa correu mal, acabando por dar cabo de um modelo que, repito, tem tudo para funcionar bem. E de justiça nem se discute.
Enquanto pelo menos a questão dos 60 dias - já nem falo no facto de ter tabelado por cima as viagens, os tais 400 euros - não for resolvida a frustração será gritante e inegável. Não me lembro de semelhante preocupação quando no modelo anterior, os madeirenses pagavam com dinheiro, multibanco ou cartão de crédito viagens a 250 ou 300 euros para receberam apenas 60 euros. A preocupação os é trazida a público nos termos em que o secretário regional erradamente, em meu entender, colocou? Já agora que tal proibir o uso de cartão de crédito na compra de viagens aéreas? Não seria mais fácil? Paypal e multibanco e o problema estava resolvido...
Considerando as limitações impostas às tarifas e outros adicionais como é que se pode estar a ter a ousadia de querer comparar preços para a ligação Funchal - Lisboa com o que se passa com os Açores? Por lá acontecer um milagre teremos todos que nos ajoelhar na Madeira? Não existiam alternativas mais criativas para controlar qualquer situação mais abusiva?
O que é triste é que o PSD em vésperas de eleições - provavelmente o secretário da economia pode nem valorizar isso - pode ser penalizado. Injustamente, porque a medida é boa mas o tecnocracismo idiota pode ter dado cabo dela. E daqui não saímos.
As pessoas são penalizadas ao empatarem o dinheiro 60 dias, muitas delas sem possibilidades financeiras para o fazerem (os estatutos sociais e financeiros da esmagadora maioria dos cidadãos madeirenses duplamente tributados certamente que serão muito diferentes de alguns privilegiados que podem esperar 60 ou mais para serem reembolsados).
Fiquei com a ideia que parece haver uma clara desconfiança do secretário regional sobre a seriedade do madeirenses, quando admite malabarismos com cartões de crédito, compra de viagens em catadupa, mas não lembrou que existe uma verba, penso que 11 milhões de euros, que não chega para um movimento de passagens, por exemplo semelhante ao de 2013 ou 2014 e que é preciso fazer tudo para que não venha a ser o Governo Regional, como aliás se compreende que assim seja, a ter que suportar esses encargos depois de esgotada a verba que Lisboa reservou para este subsídio de mobilidade.
Temo que se esta matéria for mantida na agenda politica e eleitoral pela oposição, o PSD possa ser acrescidamente penalizado por causa deste tema. Nesse caso, então alguém vai ter que assumir responsabilidades. E provavelmente voltaremos ao modelo que dizem ter sido inicialmente projectado mas que foi inviabilizado (?) por razões que não vêm ao caso.
Julgo que a explicação dos 400 é surreal. Comprar viagens mais cedo? É desejável que assim seja. Mas por acaso o secretário regional sabe quantas pessoas terão possibilidades de ficarem com o dinheiro gasto nessa compra retido durante 2 meses ou mais quando é sabido que só podem receber o reembolso depois de ter sido efectivamente realizada a viagem? (por acaso lembrou-se o governante de um estudante universitário madeirense no Minho ou em Lisboa que em Setembro vai tentar comprar as viagens de Dezembro/Janeiro e que apenas vai receber o dinheiro após realizar a viagem?). Não acredito que o secretário regional da economia ache que somos obrigados a acreditar no que diz.
Divulgem os indicadores totais
Será essencial que o secretário regional, depois dos primeiros 6 meses de avaliação - porque pelos vistos não vai fazer nada até lá, nem tem tal competência - nos diga quais os valores totais da facturação das companhias que a operam nesta linha tiveram para compararmos com igual período anterior e sabermos se elas enchem ou não a pança com essa treta dos 400 euros. Mais. Digam também qual o valor médio das viagens vendidas na Madeira aos beneficiários do subsídio de mobilidade nos referidos seis meses de aplicação deste novo modelo e divulguem os valores comparativos, para os mesmos meses do ano, para as viagens vendidas durante a vigência do anterior modelo entretanto revogado.
Divulgem os indicadores totais
Será essencial que o secretário regional, depois dos primeiros 6 meses de avaliação - porque pelos vistos não vai fazer nada até lá, nem tem tal competência - nos diga quais os valores totais da facturação das companhias que a operam nesta linha tiveram para compararmos com igual período anterior e sabermos se elas enchem ou não a pança com essa treta dos 400 euros. Mais. Digam também qual o valor médio das viagens vendidas na Madeira aos beneficiários do subsídio de mobilidade nos referidos seis meses de aplicação deste novo modelo e divulguem os valores comparativos, para os mesmos meses do ano, para as viagens vendidas durante a vigência do anterior modelo entretanto revogado.
Sem comentários:
Enviar um comentário