Esta campanha está bipolarizada o que cria problemas adicionais aos partidos mais pequenos, localizados nas franjas dos maiores partidos - sobretudo no caso do PS.
Enquanto que à direita PSD e CDS entenderam-se e inviabilizaram qualquer disputa entre ambos, com maior ou menor agressividade, como aliás aconteceu em 2011 - basta ver os debates realizados então e as declarações de Portas sobre o PSD - à esquerda o PS enfrenta um problema duplo complexo:
- por um lado Costa está longe, bastante longe, de garantir a dinâmica e a mobilização que os socialistas esperariam, o que desde logo gerou o fracasso da imperiosa necessidade de construção de uma alternativa credível, consistente e constante passível de gerar algumas expectativas eleitorais bem acima das que hoje os socialistas enfrentam;
- a segunda questão tem a ver com o facto de que à esquerda, ao contrário da direita, haver uma proliferação de partidos - casos do PCP e do Bloco, para não falar de outros que fazem o seu baptismo eleitoral ma que eu admito que dificilmente lograrão os objectivos pretendidos - que reclamam o seu espaço político e eleitoral próprio, que partilham com o PS uma parcela muito importante do eleitorado de esquerda e que obviamente sabem que a sua votação dependerá do impacto que este discurso de ataque ao PS, e que se tem vindo a intensificar, terá nos eleitores descomprometidos que normalmente votam nos partidos da esquerda ou se abstêm.
Percebe-se por isso o esforço que o PS tem vindo a fazer nesta última semana de campanha para desvalorizar os votos nos pequenos partidos, no caso de algumas regiões a desnecessidade de "perder" votos em partidos que nunca elegerão qualquer deputado por esses distritos (Carlos César nos Açores foi directo ao assunto e não perdeu tempo com "rodriguinhos"). No caso da Madeira o PS, po exemplo, não tem qualquer hesitação, nem pode ter, em apelar ao eleitorado da JPP para que votem nos socialistas, dado que os objectivos eleitorais do PS-Madeira e de Carlos Pereira passam pela recuperação de uma parte significativa do eleitorado da JPP que antes votava no PS. Se isso não acontecer dificilmente o PS madeirense elegerá um segundo mandato.
Basicamente as pessoas são chamadas a votar entre dois medos, entre dois discursos, da coligação de direita e do PS, de amedrontamento dos eleitores: o medo de um regresso ao passado socialista, aos governos de Sócrates, à austeridade e à troika, na óptica da coligação de direita ou a continuidade da mesma política de austeridade, porventura mais agressiva, com a implementação de medidas mantidas em segredo, no caso do discurso político do PS que defende um novo ciclo.
Embora não seja decisivo, julgo que esta opção aos poucos foi adquirindo na campanha eleitoral uma importância maior do que se previa inicialmente, dado que há discursos que são repetidos deliberada e propositadamente até à exaustão porque os seus mentores, neste caso a coligação PSD-CDS, têm indicações seguras de que porventura podem retirar benefícios eleitorais dessa postura.
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