Programa Prós e Contras da RTP sobre interferências do poder político na justiça deu origem a muitas das participações feitas na CNE.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) abriu 36 processos por tratamento jornalístico discriminatório, no âmbito das eleições para a Assembleia da República, muitos deles por causa do programa Prós e Contras transmitido a 14 de Setembro que questionava a relação entre o poder político e a justiça, revela um relatório publicado hoje pela instituição.
O debate, conduzido por Fátima Campos Ferreira, partia da questão lançada dias antes pelo social-democrata Paulo Rangel: "Alguém acredita que se o Partido Socialista estivesse no governo haveria um primeiro-ministro sob investigação?" para discutir as interferências do poder político na justiça.
A realização do Prós e Contras tendo como base esta questão foi mal recebida pelos socialistas, que pediram a demissão do director de informação da estação pública de televisão, Paulo Dentinho, por considerarem que o mesmo favorecia a argumentação da coligação Portugal à Frente.
"Verifica-se que os temas mais recorrentes são Tratamento Jornalístico, Delegados/Membros de Mesa/Assembleias de voto e Propaganda. Quanto ao tema tratamento jornalístico é de assinalar que muitos dos processos criados resultaram de participações apresentadas devido ao programa Prós e Contras da RTP que foi emitido no dia 14 de Setembro", lê-se no relatório da instituição.
No total, foram instaurados 116 processos, 63 dos quais resultam de iniciativa de cidadãos. Entre os partidos que vão a votos a 4 de Outubro, o PCP foi o que fez o maior número de participações (12). Do PS, que contestou publicamente o programa, chegaram apenas três processos à CNE.
O mesmo documento mostra ainda qual o número de pedidos de informação que a CNE recebeu em relação às legislativas. Até 28 de Setembro, a CNE recebeu 1081 pedidos de informação, 250 dos quais já depois do dia 21 de Setembro.
A grande parte dos pedidos de informação foram feitos por cidadãos (891). Mais de um terço das dúvidas foram sobre o voto antecipado (Económico)
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