Bélgica, Itália e Portugal registam os níveis mais baixos de confiança, com mais de 85% da população a duvidar da capacidade militar dos seus exércitos. Uma nova sondagem revela que mais de dois terços dos cidadãos europeus não acreditam que os seus países seriam capazes de se defender militarmente contra a Rússia, mesmo enquanto a União Europeia continua a investir em pacotes de defesa para reforçar a capacidade militar do continente até 2030. O estudo, realizado pelo instituto de sondagens Cluster 17 para o Le Grand Continent, inquiriu 9.500 cidadãos em nove Estados-membros da UE — França, Croácia, Alemanha, Polónia, Países Baixos, Espanha, Portugal, Itália e Bélgica. Dos inquiridos, 69% expressaram falta de confiança na capacidade do seu país para enfrentar, com sucesso, uma agressão russa.
França é o país com maior confiança, Portugal entre os menos confiantes
Entre os países analisados, França apresenta a maior confiança militar, com 44% dos inquiridos a acreditar na capacidade nacional de defesa. Ainda assim, a maioria dos franceses (51%) continua a ter uma visão negativa. Por outro lado, Bélgica, Itália e Portugal registam os níveis mais baixos de confiança, com mais de 85% da população a duvidar da capacidade militar dos seus exércitos. Os autores da sondagem destacam que a geografia influencia a perceção de segurança. Países mais distantes da Rússia sentem-se menos ameaçados e, por consequência, têm menor confiança na preparação militar nacional.
Contexto político e militar
A sondagem surge dias depois de Vladimir Putin afirmar que a Rússia está “pronta neste momento” para enfrentar a Europa, comentários feitos antes de um encontro com negociadores norte-americanos para discutir a invasão da Ucrânia. Enquanto a UE promove um esforço de rearmamento massivo, com centenas de milhares de milhões de euros destinados às forças armadas, a falta de confiança das populações sugere que os anúncios de reforço militar ainda não tiveram impacto junto dos cidadãos.
Os países europeus concordaram em aumentar a produção de armas e acelerar as aquisições militares, de forma a poder deter uma eventual agressão antes do final da década. Agências de informação europeias alertam que Moscovo poderá testar o artigo 5.º da NATO nesse período. Contudo, os especialistas destacam que é improvável que algum país da UE tenha de enfrentar sozinho a Rússia, sendo mais provável que qualquer conflito ocorra sob a forma de guerra híbrida e não de um ataque militar direto (Executive Digest)


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