Recentemente teve lugar mais uma greve geral, em Portugal, um instrumento de contestação social que não ocorria há mais de 10 anos. A última greve geral aconteceu em 2013, no auge da intervenção da Troika, quando estavam em vigor medidas de austeridade muito severas. A greve geral de 2025 ocorreu num contexto económico distinto do de há uma década: o desemprego está em níveis historicamente baixos (6,1%) e os salários reais crescem a bom ritmo (+3%). No entanto, a mobilização dos sindicatos reflete preocupações com a reforma do mercado laboral, que o governo pretende levar a cabo com o objetivo de incentivar a criação de um mercado de trabalho mais dinâmico e mais capaz de se ajustar aos ritmos de mudança da economia global. Desde o 25 de Abril de 1974, registaram-se apenas 11 greves gerais — nove sob governos liderados pelo PSD e duas sob governos do PS. Isto, apesar de o PS ter liderado governos durante cerca de metade do período desde 1976 (em 25 dos 49 anos).
Importa também notar que as duas principais centrais sindicais - CGTP e UGT, historicamente, apresentam uma maior proximidade ideológica às forças políticas da esquerda. Essa afinidade não determina, mas tende a moldar o calendário e a intensidade das mobilizações, sobretudo quando estão em causa reformas estruturais promovidas por governos de orientação distinta. Assim, as greves gerais acabam frequentemente por assumir, também, uma dimensão de disputa política, para além da sua natureza estritamente laboral (fonte: Mais Liberdade, Mais Factos)

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