domingo, dezembro 07, 2025

Ex-chefe dos serviços secretos de Maduro acusa Caracas de criar cartel para inundar os EUA com droga


Hugo Armando “El Pollo” Carvajal, antigo diretor da inteligência militar venezuelana e figura-chave dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, descreveu numa carta dirigida ao presidente norte-americano Donald Trump aquilo que considera ser uma “conspiração” do regime chavista para inundar os Estados Unidos com cocaína. Hugo Armando “El Pollo” Carvajal, antigo diretor da inteligência militar venezuelana e figura-chave dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, descreveu numa carta dirigida ao presidente norte-americano Donald Trump aquilo que considera ser uma “conspiração” do regime chavista para inundar os Estados Unidos com cocaína. A carta, divulgada pelo jornal The Dallas Express, foi escrita a partir da prisão norte-americana onde o ex-responsável se encontra detido desde que foi extraditado de Espanha, em 2023, após se declarar culpado por crimes de narcotráfico.

Na carta, Carvajal sustenta que a Venezuela funciona hoje como uma “organização narcoterrorista” e afirma que o regime utiliza o tráfico de cocaína como arma contra Washington. Segundo o militar, que fugiu do país em 2017 depois de anos no topo da estrutura de segurança, Nicolás Maduro colaborou nesse esforço com as FARC e o ELN colombianos, com agentes dos serviços secretos de Cuba e com elementos do Hezbollah, além de ter tolerado e incentivado a atividade de grupos como o Tren de Aragua.

Carvajal escreve que pretende “expiar os pecados” revelando a verdade sobre o que testemunhou e defende que as políticas de Donald Trump em relação a Caracas são “absolutamente necessárias para a segurança nacional dos Estados Unidos”. O antigo responsável afirma ter assistido pessoalmente à transformação do governo de Hugo Chávez numa “organização criminosa hoje liderada por Nicolás Maduro, Diosdado Cabello e outros altos cargos”, referindo-se ao chamado Cártel de los Soles, que descreve como tendo “políticas deliberadas” para enviar droga para território norte-americano.

Operação teria sido proposta por Cuba

Segundo o relato de Carvajal, o plano para recorrer ao tráfico de droga como instrumento político terá sido inicialmente sugerido pelo regime cubano a Chávez, em meados dos anos 2000. O ex-chefe da inteligência sustenta que essa estratégia foi implementada “com sucesso” com o apoio das FARC, do ELN, de agentes cubanos e de militantes do Hezbollah, alegando que Caracas lhes forneceu armas, passaportes e total impunidade para operarem a partir da Venezuela contra os Estados Unidos.

Carvajal acusa também os governos de Chávez e Maduro de recrutarem líderes do Tren de Aragua diretamente em prisões venezuelanas, prometendo-lhes impunidade em troca da defesa da “revolução”. Afirma que o grupo tem agora “pessoal obediente e armado em território norte-americano” e que recebeu instruções claras para continuar a praticar sequestros, extorsões e homicídios como forma de financiar operações. “Cada delito cometido no vosso território é um ato ordenado pelo regime”, escreve.

O antigo dirigente diz estar “disposto a fornecer detalhes adicionais”, incluindo relatórios classificados, às autoridades dos EUA. Entre as revelações, menciona uma proposta dos serviços secretos russos para aceder às comunicações da Casa Branca através da intervenção nos cabos submarinos de internet que ligam grande parte da América do Sul e das Caraíbas aos Estados Unidos. Carvajal afirma ter alertado Maduro, em 2015, de que permitir que a inteligência russa construísse um posto de escuta secreto na ilha La Orchila poderia desencadear uma resposta militar norte-americana, aviso que diz ter sido ignorado.

Na parte final da carta, Carvajal afirma que diplomatas norte-americanos e elementos da CIA — “alguns ainda no ativo” — terão recebido pagamentos para ajudar Chávez e Maduro a permanecer no poder, reforçando o quadro de alegada infiltração e cooptação de elementos dentro dos Estados Unidos (Executive Digest, texto do jornalista Pedro Gonçalves)

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