segunda-feira, dezembro 29, 2025

Europa: há falta de crença em Portugal


Em Portugal, os níveis de confiança interpessoal estão entre os mais baixos da Europa. Em 2022, apenas 17% dos portugueses afirmaram concordar com a ideia de que “se pode confiar na maioria das pessoas”, segundo dados do "Integrated Values Survey". Este valor contrasta fortemente com os países nórdicos, que dominam o topo da tabela europeia. Dinamarca, Noruega, Finlândia, Suécia e Islândia ocupam cinco dos seis primeiros lugares, com níveis de confiança frequentemente acima dos 60% ou 70%. Estas sociedades partilham um conjunto de características institucionais e socioeconómicas que parecem estar fortemente associadas à confiança interpessoal: redes de apoio social robustas, baixos níveis de corrupção, menor desigualdade e instituições públicas eficientes.
A comparação sugere que a confiança não é apenas uma questão cultural, mas resulta de um processo cumulativo ligado à qualidade das instituições e da organização social. Estados que funcionam de forma previsível, imparcial e eficiente tendem a gerar níveis mais elevados de confiança interpessoal. Ao mesmo tempo, essa maior confiança reforça esses próprios fatores institucionais, ao reduzir os custos de cooperação, facilitar a ação coletiva e aumentar o cumprimento voluntário de regras, criando um círculo virtuoso entre confiança social e qualidade institucional.
O caso português, por contraste, aponta para um défice estrutural de confiança que pode estar ligado a fragilidades institucionais persistentes, perceções de injustiça e níveis mais elevados de desigualdade. Mais do que um traço cultural imutável, a confiança interpessoal surge assim como um indicador sensível da qualidade do Estado e do funcionamento da sociedade (Mais Liberdade, Masis Factos)

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