Outro problema que pode agravar o impacto até o final do século é o derretimento de gelo devido ao aquecimento da atmosfera, que faz com que as águas do Atlântico Norte fiquem menos salgadas e, assim, menos densas. O resultado é um enfraquecimento ainda maior da Amoc. A variável não foi considerada pelos estudos, o que faz com que os cientistas acreditem que o colapso real da corrente esteja ainda mais iminente. "Um enfraquecimento drástico e o desligamento desse sistema de correntes oceânicas teriam consequências severas em escala mundial", destaca o pesquisador do PIK, Rahmstorf. "Nos modelos, as correntes se extinguem completamente entre 50 e 100 anos após o ponto de inflexão ser ultrapassado. Mas isso pode subestimar o risco: esses modelos não incluem a água doce extra proveniente da perda de gelo na Groenlândia, que provavelmente pressionaria o sistema ainda mais. É por isso que é crucial reduzir as emissões rapidamente.
"Pequena era do gelo"
Segundo um relatório posterior divulgado em outubro pela Universidade de Exeter e assinado por mais de 160 cientistas em 23 países, o colapso da Amoc mergulharia o noroeste da Europa em uma "pequena era do gelo". Eles descreveram como o gelo marinho de inverno cobriria o Mar do Norte, as temperaturas poderiam cair até menos 30 graus na Escócia e Londres teria três meses congelados por ano, em contraste com ondas de calor extremas no verão.
A Amoc já entrou em colapso no passado, antes da última Era do Gelo, há cerca de 12 mil anos. "É uma ameaça direta à nossa resiliência e segurança nacional", disse o ministro do Clima da Islândia, Johann Pall Johannsson, à agência de notícias Reuters. "(Esta) é a primeira vez que um fenômeno climático específico foi formalmente levado ao Conselho de Segurança Nacional como uma potencial ameaça existencial." As consequências atingiram também países da África e da América do Sul, pois a corrente do Atlântico Norte desestabilizaria padrões de chuva em todo o mundo.


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