As contas do PSD relativas a 2021 consolidam a herança de Rio em endireitar a situação financeira do partido, apesar das duras derrotas eleitorais. A 30 de janeiro, na noite eleitoral em que o PS conseguiu a almejada maioria absoluta, Rui Rio fez questão de dizer no seu discurso que, apesar da dura derrota, as contas certas estavam garantidas. Desde 2018 que definiu o reequilíbrio financeiro do partido como um dos seus objetivos e conseguiu-o: as últimas contas anuais relativas a 2021, as quais foram entregues na semana passada à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), mostram que o PSD é o partido com a situação financeira mais saudável.
As contas do PSD dos últimos anos sugerem que há um antes e um depois do rioísmo. Após quatro anos com Rui Rio ao leme, o qual será agora substituído por Luís Montenegro, o Partido Social-Democrata passou de ter capitais próprios negativos (estava em “falência técnica”) de 1,3 milhões de euros no final de 2017 — o portuense tomou as rédeas no início de 2018 — para ser o partido com os maiores capitais próprios positivos, no valor de 21,7 milhões de euros no final de 2021.
Evolução do resultado líquido anual
Com a melhoria da sua situação financeira ao longo dos últimos quatro anos, o PSD destronou o PCP como o partido com os capitais próprios (diferença entre o ativo e o passivo) mais sólidos. Os resultados anuais positivos dos últimos quatro anos — incluindo os 976 mil euros de “lucro” em 2021 — foram determinantes para este desempenho, com Rio a implementar uma gestão financeira apertada desde que chegou à Rua de São Caetano à Lapa.
Evolução dos capitais próprios do PSD
O próprio assumiu esta tarefa de melhorar as contas do partido como uma das principais do seu mandato, a nível interno. O partido começou assumidamente a conter-se nos gastos e a registar resultados líquidos positivos, abatendo no passivo, que passou de 14,4 milhões para 5,6 milhões de euros em apenas quatro anos.
Mas houve também um efeito contabilístico que acabou ter ser crucial para a evolução das contas social-democratas. Logo em 2018, o PSD procedeu a uma reavaliação do património que levou os ativos tangíveis de cinco milhões para cerca de 25 milhões de euros, o que teve um papel determinante no ativo e, por isso, nos capitais próprios do partido. Foi esta valorização quatro vezes superior que permitiu ao PSD ultrapassar o PCP como o partido que tem contas mais sólidas, do ponto de vista dos capitais próprios (ECO digital, texto do jornalista Tiago Varzim)
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