Eu não sei ao certo, mas desconfio, quais os motivos por que sentimos, também na Madeira, dificuldade em encontrar recursos humanos para determinadas áreas de actividade que precisam de mão-de-obra minimamente formada e conhecedoras para que as coisas funcionem de forma eficaz. Repito, suspeito que existe uma conjugação de dois ou três motivos, incluindo algumas relutâncias e más-vontades no quadro das relações laborais privadas, para que isso aconteça. Mas não quero explanar o que penso...
Mas
é evidente que Santana, ao cancelar a sua Semana Gastronómica, pelas razões
anunciadas pelo autarca, não só fez bem - por que iniciativas públicas ou têm
qualidade ou não se realizam, ponto final - como veio confirmar uma realidade
social, laboral e económica que muitos não gostam de abordar, pelo incómodo da
mesma, como também veio porventura suscitar um debate do qual muitos fogem,
repito, pela incomodidade do mesmo.
A
única dúvida que me fica - e haverá outras semanas gastronómicas na RAM, nestes
meses de Verão para dissipar dúvidas - é apenas a curiosidade de saber se essas
outras iniciativas enfrentarão ou não, o mesmo problema de Santana e se seria
possível, sim ou não, pensar em programas específicos para esta época mais
movimentada e criativa do ano. Por exemplo, não havendo garantias de que tudo
funcionará com normalidade, se seria possível utilizar ou promover programas de
incentivo à contratação de pessoas, sem ocupação mas com experiência, sem vinculação
a restaurantes, alternativa que garantiria a realização da semana gastronómica.
Ou seja, seria um trabalho temporário, sem outros compromissos ou obrigações
com as pessoas a contratualizar e que seriam remuneradas em função do tempo de
actividade que despenderiam. Deste modo evitaríamos que uma cidade como
Santana, ou qualquer outra que lhe siga o exemplo, fosse obrigada a uma compreensível
decisão extrema por causas que não são só de Santana, nem da Madeira, nem
sequer de Portugal. Mas que existem: a falta de mão-de-obra disponível para
certas áreas de actividade, ainda por cima sabendo-se que iniciativas públicas
têm sempre um retorno importante para a pequena economia local, de uma
freguesia ou de um concelho!
Não
sei, repito, se isso seria (ou é) possível, mas mau seria para o turismo
madeirense - embora a massificação tenha descido também os padrões de exigência
qualitativa, há que reconhecer - se organizações públicas, abertas a residentes
e turistas, fossem depois motivo de irritação junto das pessoas, apenas porque
os serviços disponibilizados ficam aquém do exigido e não funcionam, ou
funcionam mal e sem a qualidade exigida.
Por
isso concordo, compreendo e aceito, pelos motivos anunciados a decisão de
Santana, não me parece criticável, antes pelo contrário, revela em meu entender
algum pragmatismo e bom senso recusando avançar com iniciativas autárquicas das
quais depois se pudesse arrepender. Também acho louvável, até pelos contratos
já celebrados, que a CMS encontre - e vai encontrar - uma alternativa para
cumprir os compromissos contratualizados com grupos musicais que animariam
aquele evento entretanto cancelado.
Mas o alerta da CMS fica e o apelo a que todos possamos discutir uma matéria que não sendo pacífica - porque as interpretações sobre as causas de tudo isto estão longe de serem consensuais. Mas a verdade é que precisamos encontrar respostas e perceber os motivos de certas realidades (LFM)
Sem comentários:
Enviar um comentário