Idosos com pior cobertura
As maiores carências de médicos de família são na região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo (951 mil utentes a descoberto) e a sondagem reflete isso mesmo. É na Área Metropolitana de Lisboa, no Centro e na Região Sul e Ilhas que mais utentes estão sem médico (nunca tiveram ou perderam). Por oposição, é na Região Norte e na Área Metropolitana do Porto que há mais cobertura, com 89% e 87% dos inscritos a responderem que são seguidos por um especialista de Medicina Geral e Familiar.
A análise por idades revela um dado preocupante, que pode justificar tantas idas às urgências hospitalares: os maiores de 65 anos são o grupo etário com pior cobertura, com um total de 25% a admitirem não ter médico de família.
As carências refletem-se no acesso aos cuidados de saúde. Embora 34% dos inscritos nos centros de saúde considerem fácil ou muito fácil marcar uma consulta, há 31% que dizem ser difícil ou muito difícil. Outros 31% respondem "médio" quando questionados sobre a facilidade com que conseguem marcar consulta no centro de saúde. Apesar da cobertura de médico de família ser menor em Lisboa, é na Região Centro (34%) que mais inquiridos assumem ser difícil ou muito difícil marcar consulta, seguido da Área Metropolitana do Porto (32%).
Esperas para consulta
Relativamente aos tempos de espera, 29% dos utentes inscritos em centros de saúde revelam esperar entre 15 dias e um mês entre a marcação e a realização da consulta. Um quinto espera entre um e dois meses, outros 20% menos de 15 dias e 19% esperam mais de dois meses. Curiosamente, é no Norte e na Área Metropolitana do Porto, onde há maior cobertura de médicos de família, que mais utentes dizem esperar mais de dois meses por uma consulta (24% e 26%, respetivamente).
Aliás, os atrasos nas consultas médicas no setor público são experimentados pela maioria (64%) dos utentes inscritos ou familiares próximos, como revela a sondagem. Apenas 21% respondem que não têm conhecimento destes problemas nas consultas e 15% não sabem. E mais uma vez é na Área Metropolitana do Porto e no Norte que mais utentes constatam a existência de atrasos.
Atrasos em cirurgias
Paralelamente, 60% do total de inquiridos dizem ter conhecimento, por experiência pessoal ou de familiares próximos, de atrasos nos tratamentos e nas cirurgias realizadas no SNS. As demoras são mais sentidas na Área Metropolitana de Lisboa (67%) e na Área Metropolitana do Porto (64%).
Entre os inquiridos que verificaram atrasos nas consultas e/ou tratamentos e cirurgias (69% do total), mais de metade (53%) considera que estas demoras se devem aos constrangimentos provocados pela covid-19. Outros 35% acham que a pandemia não explica as demoras e 12% não sabem. As mulheres (59%) acreditam mais na justificação da covid-19 do que os homens, assim como a classe económica mais desfavorecida (70%) (Jornal de Notícias, texto da jornalista Inês Schreck)
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