quarta-feira, junho 22, 2022

57% dos portugueses dizem que o seu nível de vida caiu com guerra na Ucrânia

Segundo o Eurobarómetro, quase 60% dos portugueses sentem que as consequências da guerra na Ucrânia já reduziram o seu nível de vida e preveem que continue no próximo ano. Depois da Bulgária, Portugal surge, a par com o Chipre, como o segundo país da União Europeia (UE) onde a população diz mais sentir o impacto das consequências da guerra na Ucrânia no seu nível de vida. De acordo com o Eurobarómetro Especial do Parlamento Europeu Primavera 2022, publicado esta quarta-feira, 57% dos portugueses consideram que os efeitos da invasão russa já reduziram o seu nível de vida e preveem que isso continuará ao longo de 2023, contra 40% dos europeus que diz já ter sentido as consequências do conflito. Mas não é só nessa questão que os portugueses se distanciam da generalidade dos cidadãos europeus. Por serem dos primeiros a dizerem sentir as consequências da guerra, olham também de forma diferente para o que devem ser as prioridades da UE. Enquanto 59% dos europeus defendem que a liberdade e a democracia devem ser uma prioridade mesmo que isso afete os preços e o custo de vida, apenas 49% dos portugueses desejam o mesmo. Aliás, questionados se manter os preços e o custo de vida deve ser uma prioridade ainda que afete os valores europeus comuns, 45% de portugueses entendem que sim, contra a média europeia de 39%.

As diferenças são ainda mais notórias no que toca ao que gostariam de ver como prioridades políticas do Parlamento Europeu. No topo das escolhas, surge a luta contra a pobreza e a exclusão social: 38% dos europeus escolheram este tópico como prioritário, contra 66% dos portugueses. Seguem-se a saúde pública (escolhido por 53% dos portugueses contra apenas 35% dos europeus) e o apoio à economia e criação de novos empregos, que é priorizado por 52% de portugueses contra 30% de europeus. A democracia e o Estado de direito aparecem como a terceira prioridade na média europeia, mas para os portugueses foram a 11.ª escolha.

Quanto aos valores prioritários que devem ser defendidos pelos eurodeputados, os portugueses privilegiam a proteção dos direitos humanos a nível da UE e mundial (42% contra 27% dos europeus), a solidariedade entre os Estados-membros e as suas regiões (29% contra 20% dos europeus) e a democracia (28% contra 38% dos europeus).

Outro resultado a destacar é o sentimento dos europeus quanto à adesão do seu país ao bloco comunitário. Quase dois terços dos europeus (65%) veem a adesão à UE como positiva, sendo o resultado mais elevado desde 2007, o que indica que a invasão russa da Ucrânia reforçou o apoio público da UE. Porém, este número sobe entre os portugueses: 80% da população nacional vê a adesão à UE como uma coisa boa. Além disso, 73% dos portugueses tem uma imagem positiva do bloco, contra 52% dos europeus. Este Eurobarómetro é um especial do Parlamento Europeu realizado na primavera, tratando-se da primeira avaliação ponderada do sentimento dos europeus face à guerra na Ucrânia e aos sinais da crise económica que se instala em alguns setores. As entrevistas foram realizadas entre 19 de abril e 16 de maio, tendo sido recolhidos resultados de 26.580 europeus, entre os quais 1.006 portugueses (ECO digital)

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