domingo, junho 26, 2022

Os desafios do PSD-Açores que dificilmente ganhará eleições


O presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, é recandidato a novo mandato e provavelemnte vai querer tentar manter-se no poder nas regionais de 2024. O problema é que o PSD-Açores chegou ao poder graças a uma “falcatrua” legal com os mandatos parlamentares, repetindo o que Costa fez na Assembleia da República em 2015 – sem que tenha ganho nada de concreto – e que foi tão criticado pelo PSD e pelo CDS, na altura de Passos e Portas escorraçados do poder pela geringonça de esquerda.

Nos Açores foi uma geringonça de direita pendurada na extrema-direita. E quando vemos na Madeira discursos idiotas de apologia cega em coligação – que nunca concorreu a regionais e que não se pode confundir com a coligação autárquica no Funchal cujos méritos ou deméritos aida estão para discutir com racionalidade, até porque em política não há milagres nem a roda está para ser inventada - seria bom que passassem a andar de máquina calculadora no bolso para ierem fazendo contas.

Entretanto eu ajudo a desmistificar idiotices que alguns iluminados usam para enganar os pacóvios militantes do PSD-Madeira. Ou melhor, esperam que esses militantes se comportem, como se fossem uns pacóvios, sem capacidade e inteligência para perceberem o que se passa.

Vamos a factos:

-      José Manuel Bolieiro, já eleito em directas nos Açores e aguardando apenas a confirmação da sua liderança no Congresso Regional do PSD-Açores, a 15 a 17 de Julho, lidera uma estranha coligação nos Açores que acabou com 24 anos de governação socialista naquele arquipélago – a fome era demasiada e a travessia do deserto foi enorme, em grande medida devido à incompetência do PSD-Açores  à repetida e falta de popularidade das sucessivas lideranças falhadas que o PSD-Açores foi elegendo ao longo dequase um quarto de século

-      Nos Açores o PSD lidera uma coligação envergonhada e insuficiente com o CDS-PP e o PPM mas que para garantir o poder teve que contar com o apoo parlamentar da IL e do Chega, numa opção que envergonhou o PSD açoriano e causou problemas à liderança de Rui Rio. Aliás esta “amizade” açoriana entre PSD e Chega poderá ter sido um dos factores que aceleraram a banhada eleitoral do PSD, em Janeiro de 2022, nas legislativas nacionais, na medida em que a dúvida sobre soluções semelhantes no pano nacional, terão amedrontado o eleitorado.

-      Recordo que PSD, CDS-PP e PPM, juntos representaram apenas 26 deputados, pelo que tiveram que negociar o apoio parlamentar de Chega e Iniciativa Liberal para que conseguissem, acabar com 24 anos de governação do PS nos Açores - de 1996 a 2012 com Carlos César e de 2012 a 2020 com Vasco Cordeiro – mas que continua a ser o partido mais votado e o que ganha eleições.

-      Já se sabe que o PSD se vai submeter às eleições regionais de 2024 coligado com o CDS-PP e o PPM – a isso obrigado um  acordo escrito de governação firmado entre os partidos – o que levanta dúvidas sobre se o desfecho em 2024 será diferente de 2020 e anos seguintes, onde a coligação não ganhou nada nas urnas, apesar de uma nuance, em termos de mandatos, nas autárquicas de 2021.

Lembremos então a perfomance do PSD-Açores desde as eleições regionais de 2012 até as leições de 2020, ano em que foi formalizada a geringonça de direita apoiada pela extrema-direita nos Açores:

Regionais 2012

- PS, 52.793 votos, 49%, 31 deputados

- PSD, 35.550 votos, 33%, 20 deputados

- CDS, 6.106 votos, 5,7%, 3 deputados

- PPM, 86 votos, 0,08%, sem deputados

- PPM-PND, 1.064 votos, 1%, sem deputados

- Abstenção – 117.326 eleitores, 52,1%

- Votantes – 107.783 eleitores, 47,9%

Regionais 2016

- PS, 43.266 votos, 46,4%, 30 deputados

- PSD, 28.790 votos, 30,9%, 19 deputados

- CDS, 6.674 votos, 7,2%,4 deputados

- PPM, 866 votos, 0,9%, 1 deputado

- Abstenção - 134.971 eleitores, 59,2%

- Votantes - 93.189 eleitores, 40,8%

- Abstenção - 104.951 eleitores, 45,8%

- Votantes - 124.114 eleitores, 54,2%

Legislativas nacionais 2019

- PS, 33.472 votos, 40,1%, 3 deputados

- PSD, 25.249 votos, 30,2%, 2 deputados

- CDS, 4.014 votos, 4,8%, sem deputados

- PPM, 418 votos, 0,5%, sem deputados

- Abstenção – 145.389 eleitores, 63,5%%

- Votantes – 83.565 eleitores, 36,5%

Regionais 2020

- PS, 40.701 votos, 39,13%, 25 deputados

- PSD, 35.091 votos, 33,7%, 21 deputados

- CDS, 5.734 votos, 5,5%, 3 deputados

- PPM, 2.431 votos, 2,3%

- Chega, 5.260 votos, 5,1%, 2 deputados

- ILiberal, 2.012 votos, 1,9%, 1 deputado

- PPM-CDS, 115 votos, 1 deputado

- Abstenção - 124.993 eleitores, 54,6%

- Votantes - 104.009 eleitores, 45,4%

Autárquicas 2021

- PS, 53.537 votos, 43,1%

- PSD, 34.182 votos, 27,5%

- PSD-CDS-PPM, 16.169 votos, 13%

- PSD-CDS, 4.668 votos, 3,89%

- CDS, 2.077 votos, 1,7%

- PSD-PPM-CDS, 453 votos, 0,4%

- CDS-PSD-PPM, 97 votos, 0,10%

- Abstenção: 104.951 eleitores, 45,8%

- Votantes: 124.114 eleitores, 54,2%

Legislativas nacionais 2022

- PS, 36.025 votos, 42,8%, 3 deputados

- PSD-CDS-PPM, 28.520 votos, 33,9%, 2 deputados

- Abstenção - 144.938 eleitores, 63,3%

- Votantes - 84.084 eleitores, 36,7%

Ou seja, a eficácia da coligação PSD-CDS nos Açores é facilmente questionável e não garante sequer que, sendo repetida em 202, vai ter sucesso nas próximas eleições regionais, até porque os Açores estão mergulhados numa sucessão de dificuldades em vários dominios. Aliás na Madeira a tendência é para maior desgaste do governo regional caso não sejam tomadas medidas concretas que minimizem a realidade social e económica que tem vindo a causar dificuldades acrescidas no dia-a-dia dos madeirenses.

Governo dos Açores com 2 ex-líderes do PSD-A e mais o actual…

Hoje o GR dos Açores em entre os seus membros, para além do actual líder do PSD, mais dois aintigos dirigentes social-democratas, ambos derrotados nas urnas: falo de Berta Cabral que ascendeu, na remodelação recente do GRAS, a Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, personalidade muiuto próxima de Passos Coelho e de Duarte Freitas, Secretário Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública. Dois ex-líderes, copiosamente derrotados nas urnas, que não tiveram apoio popular digno de realce mas que o desespero de Bolieiro, com um governo pressionado pelo Chega, já remodelado, e a funcionar aos solavancos, os levou a lugares de destaque numa situação que pode demonstrar um certo esgotamento de recursos humanos no PSD-Açores.

Coligações vencidas mas no poder...

Uma coisa é uma coligação vencer um acto eleitoral de forma clara e com toda a legitimidade para se apoderar do poder, outra coisa - como aconteceu em 2015 na Assembleia da República e em 2020 nos Açores - é aproveitar o jogo dos mandatos eleitos graças a sistemas eleitorais longe de corresponderem a uma efectiva representatividade e verdade eleitoral e conseguir por via disso o poder. Em 2015 a coligação entre o PSD de Passos e o CDS de Portas não foi além dos 36,86% da votação, 1.993.921 votos e 102 mandatos, a que se juntaram os 1,50% dos votos dos deputados eleitos pelo PSD na Madeira e nos Açores, 81.054 votos e 5 deputados.

Já do lado da geringonça tivemos o PS com 32,31%, 1.747.685 votos e 86 deputados, aos quais se juntaram os 8,25%, 445.980 votos e 17 do PCP mais os 10,19%, 550.892 votos e 19 deputados do Bloco de Esquerda. A estes juntaram-se ainda, por estratégia oportunista parlamentar, os 1,50%81.054 votos e 5 deputados do PAN. Ou seja, de um lado tivemos os vencedores das eleições com 107 deputados contra 122 da geringonça de esquerda que dispensa os 5 deputados do PAN...

No caso dos Açores, nas regionais de 2020, o PS foi o grande vencedor com 39,13% dos votos enquanro que PSD e CDS, juntos náo foram além dos 39,25%, acima do PS mas demasiado perto. Aliás o PS elegeu 25 deputados contra 21 do PSD e 3 do CDS. Os 24 deputados do PSD e do CDS não garantiam nada e como o Bloco (2 deputados) e o PAN (1 deputado) podiam fazer acordos com os socialistas, PSD e CDS tiveram de envolver PPM (1 deputado), Chega (2 deputados) e Iniciativa Liberal (1 deputado) na equação. Como PPM-CDS elegeu também um mandato, a coligação no poder e o apoio palamentar negociado ficou com  21 deputados do PSD, 3 do CDS, 2 do Chega, 1 da Iniciativa Liberal, 1 do PPM  e 1 do PPM-CDS, num total de 29 deputados em 57, contra 25 do PS, 2 do Bloco e 1 do PAN, total de 28 deputados Recordo que a ALRAA integra 57 deputados. (LFM)

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