O presidente da Câmara de Bragança adverte que os emigrantes
que estão a regressar para se juntarem às suas famílias não estão a cumprir a
quarentena de confinamento em casa, determinada pela Autoridade Regional de
Saúde a partir de quinta-feira. “Chegam às aldeias, andam na rua e cumprimentam
a população toda”, afirma Hernâni Dias. O autarca decidiu, por isso, proceder a
“avisos sonoros” nas zonas rurais do município, onde residem muitos idosos
vulneráveis. Para evitar cadeias de contágio de covid-19 sem controlo, a
autarquia já fechou com barreiras físicas, “que pesam toneladas”, as vias
municipais de ligação a Espanha, mantendo-se apenas aberto o posto de passagem
de Quintanilha, um dos nove Centros de Cooperação Policial e Aduaneira
autorizadas pelo Governo, após o encerramento das fronteiras terrestres.
A ligação ao país vizinho é feita pela A4 e antiga Estrada
Nacional, após paragem obrigatória no antigo posto fronteiriço, controlado do
lado de cá pelo SEF e GNR. Hernâni Dias diz que os camiões de carga estavam a
circular livremente até quinta-feira, tendo pedido ao comando da GNR a
fiscalização “de alguns, já que não se sabe o que vai lá dentro”. As viaturas
ligeiras são sujeitas a identificação, tendo autorização de entrada emigrantes,
vindos sobretudo de Espanha, França e Bélgica, com residência em Portugal.
O presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil de
Bragança também já pediu o recurso ao Exército para reforçar a fiscalização na
fronteira. À Lusa, Francisco Guimarães apelou a que se faça despistagem de quem
chega a Quintanilha, dado estarem “a receber gente de todo o lado”. Na passagem Valença-Tui, outra das autorizadas, a livre
circulação também está reservada a transporte de mercadorias. Quem entra em
carros particulares tem de apresentar comprovativo escrito de residência. No
município de Chaves, o autarca Nuno Vaz também colocou trancas à porta, vedando
oito acessos secundários fronteiriços com estruturas de betão. A circulação é
apenas autorizada através do posto de Vila Verde de Raia, sob vigilância das
forças policiais.
Fintar a polícia
Fontes do SEF revelam ao Expresso que nos últimos dias tem
chegado às nove zonas fronteiriças “um número elevado” de emigrantes sobretudo
provenientes de França, mas também imigrantes que há alguns anos se tinham
legalizado em Portugal e que já não se encontravam por cá. “Estes imigrantes
estavam a trabalhar noutros países da Europa e com medo de serem infetados
decidiram voltar para o nosso país”, conta um operacional do Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras.
As autoridades suspeitam que alguns terão mostrado contratos de
trabalho falsificados para justificarem o regresso. Mas não houve maneira de
comprovar em tempo útil que os documentos eram fraudulentos. “Nenhum deles foi
impedido de entrar, pois reúnem todas as condições de entrada”, justifica a
mesma fonte. Também houve casos de turistas a tentar fintar a GNR e o SEF.
Foi o caso de um alemão barrado na fronteira de Vilar Formoso. Inconformado com
o bloqueio de que foi alvo, resolveu entrar numa fronteira que se encontrava
encerrada. Só que acabou por ser apanhado (Isabel Paulo e Hugo Franco,
Expresso)
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