segunda-feira, março 30, 2020

Investigador dos EUA deixa o alerta: Lisboa não é diferente de Wuhan ou Lombardia

Nicholas Christakis é director do Human Nature Lab da Universidade de Yale e está convicto de que Portugal não escapará aos mesmos problemas que a China enfrentou ou que Itália atravessa neste momento. «Em Lisboa acham que são diferentes de Wuhan ou da Lombardia? Não são!», afirma o invetigador em entrevista ao jornal Observador, sublinhando que não existe nenhum motivo que o leve a crer que há cidades mais protegidas do que outras. Segundo o especialista, à falta de soluções farmacêuticas (para já) para comabter o novo coronavírus, as ferramentas à disposição da humanidade são óbvias: manter a distância social, proibir grupos, suspender as aulas, lavar as mãos e melhorar a higiene. «Não há nenhum item mágico no qual ainda ninguém pensou», garante.
O também médico e sociólogo estima que o problema do novo coronavírus demorará dois anos a ser resolvido e que ou se tenta salvar economias ou vidas. Embora considere que serão precisos 24 meses para regressar à normalidade, Nicholas Christakis aponta para «alguns meses» quando questioando sobre quanto tempo deverão ficar as pessoas em quarentena, acrescentando que esta é a medida a tomar para proteger as populações. Só ficando em casa alguns meses será possível que os sistemas de saúde consigam dar resposta.

«Vamos ter começar a aceitar que vai haver mais mortes», afirma ainda o investigador. Olhando para o caso italiano, Nicholas Christakis diz que o colapso surgiu precisamente quando muitas pessoas começaram a morrer ao mesmo tempo: «Se lhe dissesse que 100 mil portugueses iam morrer ao longo do próximo ano, isso seria mau. Mas se lhe dissesse que 100 mil portugueses iam morrer no próximo mês, já seria devastador! E esse é o desafio que temos pela frente.»
Ao Observador, o especialista vinca que também é mau que a economia colapse mas «temos de nos preparar para tomar decisões difíceis». E essas decisões poderão passar por determinar quem tem acesso a ajuda médica e quem não tem. «Infelizmente, esse é o dilema que temos pela frente: não queremos ter um colapso económico mas também não queremos ter uma quantidade enorme de pessoas a morrer. E quantas é que estamos dispostos a deixar morrer?»
Nicholas Christakis aponta ainda para outro problema. Se é verdade que precisamos de mais camas e de mais meios, também é verdade que o verdadeiro problema serão os médicos e os enfermeiros. Diz o investigador que podemos fabricar ventiladores e produzir químicos, mas não podemos produzir enfermeiros de cuidados intensivos (Executive Digest)

Sem comentários: