sábado, março 28, 2020

Governo da Holanda vai avaliar se o discurso do ministro das finanças foi «repugnante»...

O ministro das finanças holandês, Wopke Hoekstra, proferiu um discurso a apelar que Espanha seja investigada por não ter capacidade orçamental para fazer face à pandemia. As palavras foram classificadas pelo primeiro-ministro português, António Costa, como «repugnantes» e o oposto ao espírito da União Europeia (UE), disse no final da reunião com o conselho europeu. O porta-voz do governo holandês, contactado pela TSF, disse já estar a avaliar a situação, para perceber se as declarações do ministro das finanças foram efectivamente «repugnantes», como classificou António Costa, sublinhado ainda que solicitou ao Eurogrupo uma transcrição das palavras do ministro na reunião com homólogos dos 27. O governo garantiu dar uma resposta ainda no decorrer desta sexta-feira.

Hoekstra afirmou, numa videoconferência com os 27 estados-membros, que a Comissão Europeia devia investigar países, como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos, segundo fontes europeias citadas na imprensa europeia. António Costa considera que o «discurso é repugnante no quadro de uma União Europeia. E a expressão é mesmo essa. Repugnante», acrescentando que a afirmação do ministro holandês «é uma absoluta inconsciência» e uma «mesquinhez recorrente» que «mina completamente aquilo que é o espírito da UE e que é uma ameaça ao futuro da UE».
«Se a União Europeia (UE) quer sobreviver é inaceitável que qualquer responsável político, seja de que país for, possa dar um resposta dessa natureza perante uma pandemia como aquela que estamos a viver», refere António Costa.
«Se não nos respeitamos uns aos outros e se não compreendemos que, perante um desafio comum, temos de ter capacidade de responder em comum, então ninguém percebeu nada do que é a União Europeia», afirmou o primeiro-ministro. Relativamente à situação de Espanha, António Costa considera importante entender «que não foi a Espanha que criou o vírus ou que importou o vírus» sublinhando que «se algum país da UE pensa que resolve o problema do vírus deixando o vírus à solta noutro país, está muito enganado. Porque numa União Europeia que assenta na liberdade de circulação, de pessoas e bens, em fronteiras abertas, o vírus não conhece fronteiras», conclui o responsável (Simone Silva, Executive Digest)

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