domingo, julho 10, 2022

Luís Araújo: "O turismo perdeu 50 mil trabalhadores desde 2019"

 

O presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, fala dos constrangimentos por que o setor está a passar e apresenta soluções. As receitas totais deverão atingir os 27 mil milhões em 2027, mas é preciso mais mão-de-obra e mais qualificada e o país tem de acelerar a transição digital e ambiental. A afirmação de que o Norte devia apostar na Ibéria e no aeroporto de Madrid enquanto ligação aérea escandalizou muita gente e levou partidos a exigirem explicações do presidente do Turismo de Portugal e a pedirem a sua presença no Parlamento. Luís Araújo lembra que Portugal depende em 70% do turismo internacional e que 90% desses turistas chegam por via aérea. "Por isso, não há dúvidas, o país precisa de conectividade. E isso consegue-se através dos cinco aeroportos nacionais e trabalhando com todas as companhias" de aviação, diz. Só este verão Portugal já tem a capacidade aérea que tinha em 2019, antes da pandemia, e com as novas rotas a serem criadas por diversas companhias aéreas, incluindo as low-cost, o inverno deverá ser ainda melhor do que há três anos.

A TAP, garante Luís Araújo, não é única, mas também tem aqui um papel. Basta recordar a capacidade de ligação com a Europa ou com os Estados Unidos ou que 80% das ligações com Brasil são asseguradas pela transportadora nacional." Sobre os constrangimentos que se têm vivido, sobretudo no aeroporto de Lisboa - do cancelamento de voos às filas caóticas -, o presidente do Turismo de Portugal acredita que são, sobretudo, "dores de crescimento".

Luís Araújo recorda que o setor empregava cerca de 350 mil pessoas em 2019 e hoje emprega apenas 300 mil. "Há uma enorme dificuldade em encontrar pessoas para trabalhar no turismo", afirma, e por isso "precisamos de pessoas de fora de Portugal para trabalhar no setor".

Acresce que "cerca de 56% das pessoas que trabalham no turismo têm apenas o ensino básico". Por este motivo, o Turismo de Portugal tem apostado na formação: "há mais de 130 mil pessoas a fazer formação" em diversas áreas através da "Academia Digital" criada pela instituição.

Uma curiosidade: mais de 50% das pessoas que trabalham no setor do turismo são mulheres, os salários são mais baixos para elas e eles ocupam a maioria dos cargos executivos. Mas não é em Portugal em particular, é no mundo em geral. Nas 100 maiores empresas de turismo e viagens só 17% dos cargos de direção são ocupados por mulheres e entre as empresas maiores, cotadas em bolsa, só quatro têm CEO mulheres.

"É preciso fazer as coisas de maneira diferente", admite Luís Araújo. Por exemplo, "devíamos ter uma transição digital muito mais acelerada. Temos de estimular a biometria, o reconhecimento facial. A aceleração da tecnologia é essencial".

Hoje há cerca de 50 mil empresas espalhadas de norte a sul do país que vivem do turismo, das quais mais de 90% são micro e pequenas empresas. E a este propósito e das notícias sobre buscas relacionadas com empresas de Mário Ferreira - o Turismo de Portugal é acionista do Banco Português de Fomento -, lembra "que é preciso ter cuidado com o que se diz, porque daquela grande empresa dependem muitas pessoas. Não podemos destruir um setor ou uma empresa por causa de notícias" (Sapo, texto da jornalista Isabel Tavares)

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