quarta-feira, julho 20, 2022

Sondagem: Marcelo ainda brilha mas já não ofusca

Baixou a média e tem menos avaliações positivas. A sondagem do Cesop para a RTP, Antena 1 e PÚBLICO mostra que o Presidente está menos unânime, mas ainda colhe uma percentagem elevada de avaliações positivas. O Presidente da República baixou a avaliação média atribuída pela sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e PÚBLICO, e teve menos notas positivas. Apesar disso, Marcelo Rebelo de Sousa mantém uma avaliação no verde e uma elevada percentagem de notas positivas. Ou seja, “deixou de ser unânime, mas ainda é consensual”, comenta João António, responsável da equipa que fez o inquérito. O Cesop fez 885 entrevistas entre os dias 11 e 15 de Julho, nas quais tentou perceber qual a opinião dos inquiridos sobre o primeiro mandato do Chefe de Estado. Numa escala de zero a 20, o professor de Direito recebeu 12,9, uma avaliação média mais baixa do que a conseguida em Maio de 2021, quando se ficou nos 15,7 e já aí menos do que os 16,3 alcançados em Novembro de 2016, nove meses depois de ter começado o primeiro mandato. Nesta altura, Marcelo era uma espécie de Presidente-estrela, com a avaliação “mais elevada das sondagens Católica desde que há registos – 11/2004”, adianta o Cesop.

A queda actual na nota é influenciada pela redução do número de notas positivas que recebeu. Desta vez, em Julho, obteve 83% de notas positivas, o que compara com 95% em Maio de 2021 – quando “mantinha os elevadíssimos níveis de popularidade e reconhecimento”, diz o Cesop –, e com 97%, em Novembro de 2016.

“O Presidente Marcelo deixou de ser unânime mas ainda é consensual. Ainda recolhe avaliações positivas da maioria das pessoas”, explica o responsável do Cesop, referindo-se aos 83% de inquiridos que deram nota positiva ao Presidente. No entanto, está longe dos 97% iniciais de avaliações positivas.

Ainda assim, as marcas deixadas por Marcelo na história das sondagens são bem diferentes das que foram deixadas pelo seu antecessor, por exemplo. Aníbal Cavaco Silva, que esteve em Belém entre 2006 e 2016, nunca chegou àqueles níveis de avaliações positivas – o melhor de Cavaco ficou pouco acima do pior até agora registado por Marcelo.

O ex-Presidente da República teve em Março de 2010 a sua melhor percentagem de avaliações positivas (87%), apenas quatro pontos percentuais acima dos tais 83% para onde caiu a percentagem de avaliações positivas do actual Chefe de Estado. Cavaco teve como nota máxima durante a década em Belém uma avaliação média de 13,4. Ou seja, nunca ultrapassou os 14, marca abaixo da qual se coloca agora Marcelo pela primeira vez.

Apesar das diferenças, há semelhanças – a linha tanto da avaliação como da percentagem de avaliações positivas vai baixando ao longo do tempo. “A avaliação média de 12,9 significa que há muita gente a dar zero. Há qualquer coisa neste processo nos últimos tempos, que poderá ter a ver com a dissolução do Parlamento”, defende João António, admitindo que as notas positivas que recolhia à esquerda poderão ter passado a negativas.

Ficha técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 11 e 15 de Julho de 2022. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 885 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres, 31% da região Norte, 21% do Centro, 33% da A.M. de Lisboa, 6% do Alentejo, 4% do Algarve, 3% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 33%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 885 inquiridos é de 3,3%, com um nível de confiança de 95% (Publico, texto da jornalista Marta Moitinho Oliveira)

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