O Supremo Tribunal de Justiça do Reino Unido anunciou esta quinta-feira que irá ouvir a defesa do referendo à independência da Escócia, uma audiência que deverá acontecer a 11 ou 12 de outubro. A decisão do Supremo surge depois de o Primeiro-ministro demissionário Boris Johnson ter, por várias vezes, recusado a realização de um referendo, que é um dos principais pilares da plataforma política da líder escocesa, Nicola Sturgeon, que se tem insurgido contra o que diz ser a intransigência centralista do governo em Londres. Em junho, Sturgeon tinha anunciado que o referendo seria realizado a 19 de outubro do próximo ano, mas para isso precisa que o governo central conceda uma transferência temporária de poderes do parlamento britânico para o parlamento escocês. A esse pedido, Johnson respondeu um rotundo “não” numa carta enviada à Primeira-ministra escocesa no dia 28 de junho. À missiva do governo britânico, Sturgeon respondeu que “a democracia escocesa não será feita refém deste ou de nenhum outro Primeiro-ministro”.
Contudo, a perspetiva da realização de
um referendo na Escócia tem sido cada vez mais erodida. Mesmo com a saída de
Johnson do governo, é improvável que o próximo líder do Partido Conservador
autorize o referendo, dado a propensão unionista dos tories. Mas se os
trabalhistas subirem à liderança do Reino Unido, a sorte da Escócia não deverá
ser diferente, pois o líder da oposição, Keir Starmer, já garantiu que com ele
no poder o referendo não acontecerá.
Em 2014, já havia sido realizado um
referendo à independência escocesa, mas foi rejeitado por 55% dos eleitores.
Contudo, Nicola Sturgeon diz que a concretização do Brexit exige que a
população escocesa se volte a pronunciar sobre o assunto, considerando que
quando o Reino Unido saiu da União Europeia, levou consigo a Escócia – bem como
o País de Gales e a Irlanda do Norte – sem que essa região tivesse sido
consultada.
Contudo, a decisão de hoje do Supremo britânico é, certamente, uma luz ao fundo do túnel para a liderança independentista de Sturgeon (Multinews, texto do jornalista Filipe Pimentel Rações)
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