segunda-feira, julho 18, 2022

Será que já compensa comprar um carro elétrico?

Convém fazer bem as contas, mas se é um defensor do ambiente e tem rendimentos acima da média, não hesite. Se está a pensar trocar de carro ou comprar o seu primeiro automóvel convém fazer algumas contas, com algum grau de detalhe, pois é nos pormenores que podem estar, não ‘o Diabo’, mas alguns degraus a menos no calvário das contas ao fim do mês. Aliás, aconselhamos vivamente a leitura do comparativo de custos de consumo consoante o tipo de motor — que aqui publicamos, baseado nas contas da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE). Já quanto aos preços de compra dos vários tipos de motorizações [térmicos a gasóleo, gasolina, ou híbridos e elétricos puros] há uma conclusão que ressalta, desde logo: as classes média e baixa não chegam facilmente ao carro elétrico. a verdade, ainda estamos longe da paridade de preços entre carros elétricos e com motores de combustão interna. Só nas gamas mais altas e de luxo é que já existe alguma semelhança de custos e até algumas surpresas. Ainda há pouco mais de uma semana o Expresso testemunhou isso mesmo ao ensaiar dois carros topo de gama.

Curiosamente, tanto o elétrico (BMW iX xDrive50) como de propulsão a gasolina (Jaguar F-Pace SVR) têm motores com potências muito semelhantes — 530 contra 550 cavalos, respetivamente —, sensivelmente o mesmo tamanho e peso. O elétrico apresentava uma autonomia da ordem dos 600 quilómetros e o de motor térmico pouco mais de 500 km. Curiosamente, o BMW está à venda por 145 mil euros e o Jaguar por 175 mil euros. Ou seja, aqui até temos um elétrico mais barato que um de motor poluente.

Mas, lá está, estamos a falar de um carro para o segmento alto (ou de luxo) do mercado, onde o custo das baterias — que ainda é muito elevado — se dilui mais facilmente do que num veículo mais barato. Outra das questões que deve ser levantada é a da acessibilidade aos pontos de carregamento, seja em casa, no local de trabalho ou no espaço público. A rede ainda revela muitas insuficiências e algumas falhas na cobertura geográfica.

Depois, há uma ‘pequena’ vantagem a ter em conta: o incentivo governamental de 4 mil euros na compra de um elétrico — mas que, atenção, só se estende às primeiras (cerca de) 2000 mil unidades vendidas em cada ano. “Uma ninharia”, criticam os mais entusiastas; “melhor que nada”, dizem algumas fontes próximas do Governo.

Numa fase posterior do processo de aquisição do carro, convém não esquecer o seguinte: é verdade que, por não ter praticamente fluidos na sua forma de propulsão, o carro elétrico vai muito menos vezes à oficina do que um carro com motor térmico. Mas, e quando tem de ir mesmo à oficina? Elas já existem em quantidade e com profissionais qualificados? Henrique Sánchez, presidente da UVE, garante que já há uma rede [Evoluttion] com nove pontos de atendimento. A própria Tesla tem duas oficinas dedicadas em Lisboa e no Porto. Aquele dirigente associativo nota ainda outro ponto. “Já há quatro marcas de carros [Volkswagen, Tesla, Toyota e Nissan] a desenvolverem baterias não baseadas em lítio mas numa espécie de vidro. O peso poderá ser reduzido de 300 quilos para cerca de 70/80. E, isto, significa carros mais leves, mais baratos e com mais autonomia” (Expresso, texto do jornalista  Vítor Andrade)

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