quarta-feira, julho 20, 2022

Sondagem: Maioria defende remodelação no Governo. Temido e Pedro Nuno os mais remodeláveis

O Governo ainda não está há quatro meses no poder, mas 56% dos inquiridos na sondagem do Cesop já pedem remodelações. Esta quarta-feira, António Costa vai ao Parlamento para o debate do estado da nação, que, para 63% dos inquiridos, piorou no último ano. O primeiro-ministro, António Costa, deve avançar com uma remodelação do Governo, defende a maioria dos inquiridos na sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e PÚBLICO. Na lista de governantes que os inquiridos mais querem ver fora do executivo estão a ministra da Saúde, Marta Temido, e o ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. A mesma sondagem mostra ainda que os inquiridos acreditam que o país está pior do que estava há um ano.
Quando questionados sobre o desempenho geral do Governo, 50% dos inquiridos classificam-no como “razoável” e quase quatro em dez (37%) respondem que o desempenho tem sido “mau” (24%) ou “muito mau” (13%). Apenas 9% consideram que o executivo que tomou posse em Março tem tido um bom desempenho. Contas feitas, a avaliação média dada ao executivo é pior do que a do ano passado, quando 24% classificavam o desempenho do Governo como “bom” (2% respondiam até “muito bom”).
Face ao descontentamento com o desempenho desta equipa governativa, não surpreende, por isso, que 56% dos inquiridos defendam que Costa deve mudar alguns ministros. Embora este número seja inferior ao de 2021 (quando 71% dos inquiridos queriam remodelações), importa destacar que por essa data o país pedia a saída de Eduardo Cabrita, então ministro da Administração Interna, pelo seu envolvimento no acidente que matou um trabalhador da A6. Além disso, esse era um Governo em funções há dois anos – e não há escassos quatro meses, como o actual.
O descontentamento com o Governo está também relacionado com a percepção sobre o estado do país, que, para 63% dos inquiridos, piorou face a 2021. Neste ponto, as respostas não diferem muito das dadas há um ano (tendo por comparação 2020), embora todos os indicadores tenham piorado. A saída da crise da pandemia covid-19 e a entrada na crise provocada pela guerra na Ucrânia explica a estabilidade destas variáveis (como aliás se verá nas principais preocupações dos inquiridos). No topo daquilo que preocupa os portugueses entrevistados estão a inflação e os rendimentos (20%), seguidos pela Saúde (12%) e pela governação (8%) do país. Só depois surgem preocupações com a guerra, a economia, a corrupção ou os incêndios (todos eles com 4% das respostas).
No topo da lista de ministros “remodeláveis” estão Marta Temido (22% defendem a sua saída) Pedro Nuno Santos (15%), o ministro da Educação, João Costa (5%) e o ministro das Finanças, Fernando Medina (5%). João António, responsável da equipa que fez o inquérito, recorda que em 2021 Marta Temido já aparecia na lista, mas apenas com 10%. “Nessa altura a popularidade da ministra era muito maior”, nota. De lá para cá, a pandemia covid-19 desagravou-se – o que poderá ter contribuído para o fim de certa empatia e solidariedade com esta ministra –, mas os restantes problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ganharam expressão, com as notícias do fecho temporário de serviços a tornarem mais visíveis os problemas da capacidade de resposta do SNS.
Outra curiosidade é a entrada de Pedro Nuno Santos na lista de ministros “non gratos”, que João António relaciona com o episódio da aprovação (e revogação) do parecer para a construção do novo aeroporto de Lisboa. Embora neste tema 25% dos inquiridos não tenham uma opinião fechada, quem tem “castiga” mais o ministro das Infra-estruturas. Enquanto 65% consideram que Pedro Nuno Santos esteve “mal” ou “muito mal” na questão do aeroporto, há maior relutância em dar a mesma nota negativa ao primeiro-ministro (51% dizem que Costa esteve “mal” ou “muito mal”).
Por outro lado, 23% acham que António Costa esteve “bem”, enquanto Pedro Nuno Santos só conseguiu reunir essa avaliação de 9% dos inquiridos. Sem surpresas, 51% dos entrevistados acham que Pedro Nuno deve sair do Governo, enquanto 30% consideram que deve ficar (e 19% não sabem ou não respondem).
Balanço feito, embora uma larga maioria acredite que o mais provável é o Governo terminar o seu mandato, há um ano eram mais os inquiridos que acreditavam que o executivo de então iria cumprir o seu mandato até ao fim – o que não se verificou. João António explica que, mesmo que este seja um Governo com uma maioria parlamentar que lhe garante estabilidade para aprovação de todos os orçamentos do Estado, “a percepção dos portugueses mudou” com a crise política que levou à dissolução do Parlamento “e com os alertas que foram dados até pelo próprio Presidente da República sobre as consequências de uma saída antecipada de António Costa”.
Ficha técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 11 e 15 de Julho de 2022. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 885 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres, 31% da região Norte, 21% do Centro, 33% da A.M. de Lisboa, 6% do Alentejo, 4% do Algarve, 3% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 33%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 885 inquiridos é de 3,3%, com um nível de confiança de 95% (Publico, texto da jornalista Liliana Borges)

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