Peso do turismo no crescimento do PIB está a
diminuir. Salários continuam abaixo da média e aumentaram menos em 2024 do que
no ano anterior. O sector continua a ter, porém, um dinamismo “ligeiramente
superior” ao do resto da economia. O turismo em Portugal contribuiu com 34 mil
milhões de euros para a economia em 2024, o que equivale a 11,9% do Produto
Interno Bruto (PIB), mas dados revelados esta sexta-feira pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) indicam também que o contributo do turismo para a
evolução real do PIB da economia diminuiu em 2024, sendo que a remuneração
média dos trabalhadores continua abaixo da remuneração média dos trabalhadores
em geral.
“Em 2022, já em contexto de forte recuperação
[pós-covid-19], o contributo do turismo para a evolução real do PIB da economia
foi significativo (3,6 pontos percentuais em 7,0%), bem como em 2023 (1,2
pontos percentuais em 2,6%). Em 2024, em consequência de algum abrandamento da
atividade turística, o respetivo contributo para a evolução real estimada do
PIB (1,9%) diminuiu para 0,3 pontos percentuais”, descreve o INE.
Num outro estudo, “Estatísticas do Turismo 2024”, divulgado em julho, o INE disse que Portugal recebeu 26,5 milhões de turistas em 2023 e 28,9 milhões no ano passado. Quanto aos salários, o estudo agora revelado afirma que “a remuneração média por trabalhador nestas atividades correspondia a 91,1% da remuneração média nacional”, tendo-se verificado “um ligeiro acréscimo em 2022 face a 2021, graças a um aumento de 6,2%”.
Já nas “Estatísticas do Turismo 2024”, lê-se que
“especificamente nas atividades de Alojamento [...], a remuneração bruta mensal
por trabalhador situou-se em 1327 euros em 2024 (1249 euros em 2023), 277 euros
abaixo do registado no total da economia (258 euros em 2023). Face ao ano
anterior, a remuneração bruta mensal por trabalhador neste ramo de atividade
aumentou 6,2% (+7,3% em 2023)” – sendo que a estas percentagens deve
descontar-se o valor da inflação para se obter um aumento real.
Dentro das várias atividades do sector, revelam-se
“perfis diferenciados” das remunerações: “Acima da média da economia nacional
surgem apenas os transportes aéreos (127,3%), o desporto, recreação e lazer
(33,2%) e o aluguer de equipamento de transporte (11,4%).”
Entre 2021 e 2022, o emprego nas atividades
turísticas a tempo completo cresceu 14,2%, “acima do observado na economia
nacional (5,7%) e representando 9,8% do emprego da economia nacional (9,0% em
2021)”. As remunerações no sector “representavam 8,4% do total das remunerações
da economia nacional”.
Sobre o peso no PIB, a evolução de 2024 (11,9%)
ficou “em linha” com os valores de 2023 (12%) e acima da percentagem de 2022
(11,2%). A atividade turística tinha atingido em 2023 máximos históricos. No
entanto, se nesse ano foi responsável por quase metade do crescimento real da
economia (48% do total), o peso baixou em 2024, com o turismo a explicar apenas
15% da variação do PIB.
O INE refere que, embora haja um abrandamento, o
contributo para a evolução da economia “continua a ser positivo”. Mesmo com um
peso relativo menor, o nível de crescimento do sector superou o da globalidade
da economia.
Os dado mais recentes mostram que, em 2024, “o
Valor Acrescentado Bruto direto gerado pelo Turismo (VABGT) e o Consumo do
Turismo no Território Económico (CTTE) registaram aumentos nominais de 6,5%,
revelando um dinamismo ligeiramente superior ao da economia nacional (o VAB e o
PIB nacionais cresceram 6,2% e 6,4%, respetivamente)”.
O VABGT totalizou 20,1 mil milhões de euros,
“mantendo a sua importância relativa no VAB da economia nacional (8,1% em 2023
e 2024)”. O consumo gerado pelo turismo “cifrou-se em 47,2 mil milhões de
euros”, o que também significou que manteve “o peso relativo no PIB observado
em 2023 (16,6%)”.
Nesta síntese, o INE faz uma análise à trajetória
do turismo nos últimos quatro anos, notando que “as dormidas em
estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal, de residentes e não
residentes, entre 2021 e 2024, registaram taxas de variação positivas, tendo
sido mais elevadas no caso dos não residentes”.
As estatísticas divulgadas esta sexta-feira permitem ainda ver como Portugal se posiciona comparativamente a outros países europeus quando se mede o peso do turismo no PIB. Os dados mais recentes são relativos a 2023, ano em que, aponta o INE, “Portugal manteve a segunda posição no que se refere à importância relativa da procura turística no PIB (16,6 %), atrás da Islândia, que manteve a primeira posição (18,9%)” (Expresso, texto do jornalista João Pedro Henriques)
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