domingo, agosto 31, 2025

O PS-Madeira e a Câmara do Funchal (2013 a 2021)


Estes quadro mostram a evolução eleitoral do PS-Madeira na corrida para a Câmara do Funchal, entre 2013 e 2021.

Os socialistas foram os mais votados em 2013 e 2017 graças a uma coligação liderada pelo PS-Madeira e Paulo Cafofo, mas perderam a presidência da Câmara do Funchal em 2021, para Pedro Calado, também a reboque de uma coligação - com o CDS. Curiosamente o PS voltou a liderar uma coligação que desta feita se revelou perdedora

Duas notas a assinalar:

- o PS volta a concorrer sozinho à CMF em 2025, depois de ter andado “disfarçado” em coligações desde 2013 a 2021. O mesmo se aplica ao Bloco de Esquerda, que finalmente vai mostrar o que vale nesta corrida presidencial na capital madeirense, fora de um contexto de coligação que, no caso dos partidos mais pequenos, disfarça muita coisa e, no caso de outros insignificantes, dá-lhes um espaço mediático – alguns ainda via Assembleia Municipal de onde serão corridos em Outubro – desproporcional com a realidade eleitoral. Já o PAN apenas não concorreu diluído na coligação dos socialistas em 2017;

- é sabido que as coligações servem para muita coisa sobretudo quando envolvem demasiados protagonistas, muitos deles emprestando apenas a sigla já que eleitoralmente valem rigorosamente quase nada, e servem também para… Em caso de vitória, ela normalmente é reclamada pelo partido maior, o partido âncora de uma coligação que pretende iludir os eleitores e dar-lhes uma falsa imagem de pujança eleitoral alargada que raramente tem correspondência com a realidade, coligação essa, e a reboque da qual, outros partidos se associam num projecto no qual todos sabem quem são os elos mais fracos e irrelevantes. Mas, por outro lado, se acontecer a derrota, o caricato é vermos o maior partido a tentar furtar-se a responsabilidades e a procurar passar por entre os pingos-da-chuva, sacudindo a “água do capote” e insistindo em partilhar o desaire com terceiros, quando é sabido que, no caso dos partidos mais pequenos, eles, na sua pequenez eleitoral, pouco ou nada tinham a ganhar – salvo a eventual eleição milagrosa de algum representante na Assembleia Municipal, numa Assembleia de Freguesia – tudo isto sempre graças ao método de Hondt, muito dependente dos resultados eleitorais totais - e excepcionalmente no elenco camarário (caso do PND em 2013 mas que durou pouco…).

Recordo que em 2021 foram eleitos no Funchal:

Câmara Municipal

Coligação PSD-CDS – 6 mandatos

Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 5

Assembleia Municipal

Coligação PSD-CDS – 17 mandatos

Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 14, dos quais estarão incluídos representantes do BE, PAN e MPT

PCP, 1

Chega, 1 mandato

Assembleias de Freguesia

Coligação PSD-CDS – 79 mandatos

Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 59 mandatos dos quais estarão incluídos representantes do BE, PAN e MPT

Para termos a noção do peso eleitoral de alguns parceiros de coligações feitas a martelo e que não passam de embustes – falo das iniciativas no Funchal do PS-Madeira - recordo o que aconteceu nas últimas regionais – de 2025 – no caso do Funchal:

PAN - 1.143 votos, 1,9%

MPT - Concorreu diluido numa coligação com PTP e RIR que obteve no Funchal apenas 397 votos, 0,7%

NC - Não concorreu

PDR - Não concorreu

Acho que está tudo dito! Vamos ao que importa.

Nos dois quadros acima verificamos, apenas no caso das autárquicas do Funchal, os votantes por freguesia e em cada um dos anos seleccionados – 2013, 2017 e 2021 – os votos do PS, por freguesia, também em 2013, 2017 e em 2021, e ainda a percentagem da votação, em cada freguesia.

Em 2013 o PS apenas não foi o mais votado em São Roque, passando a ser a Sé em 2017 a usar esse estatuto. Já em 2021 os socialistas foram derrotados em todas as freguesias na votação para a edilidade da capital.

Em 2013 as maiores percentagens do PS foram conseguidas nas freguesias de São Pedro, Santa Maria Maior e São Gonçalo.

Em 2017 as maiores percentagens do PS foram registadas no Imaculado, em São Goinlçalo e em São Pedro e São Martinho.

Já em 2021 a coligação liderada pelo PS-Madeira perdeu em todas  as freguesias da capital. As melhores percentagens eleitorais da coligação dos socialistas regitaram-se em Santa Maria Maior, Imaculado e Santa Luzia.

Nos dois quadros publicados abaixo pretendi mostrar os votos – 2013, 2017 e 2021 – do PS e da coligação PSD-CDS (2021) por freguesia, a percentagem eleitoral na freguesia, e, no caso da votação para a Câmara Municipal, o peso eleitoral de cada freguesia no total dos votos da coligação do PS no Funchal.

Neste caso tudo muda, porque verificamos facilmente que em 2013 as freguesias de Santo António, São Martinho e Santa Maria Maior foram as freguesias que mais influêcia tiveram no total de votos do PS-Madeira na capital.

Já em 2017, foram as freguesias de Santo António, São Martinho e Santa Maria Maior a terem mais influência na votação socialista para a edilidade da capital.

Finalmente em 2021, já com a coligação PSD-CDS, registamos uma alteração com São Martinho a atingir o primeiro lugar em termos de freguesia mais influente no total eleitoral da coligação socialista na capital, seguida de Santo António e Santa Maria Maior.

O propósito deste levantamento - feito com base em resultados oficiais do MAI – é essencialmente o de fazer um retrato, o mais fiel possivel, de realidades eleitorais que muitas vezes, nos jogos e negociatas de bastidores são esquecidos ou deliberadamemnte ignorados.

Como se verifica pelo quadro, nas autárquicas de 2013 o PS apenas foi o menos votado na freguesia da São Roque, tendo conquistado a autarquia da capital. Em 2017, o cenário repetiu-se com o PSD a ser o mais votado nas eleição para a Câmara Municipal, apenas na freguesia da Sé.

A coligação liderada pelo PSD e formalizada com o CDS, conquista o poder autárquico funchalense em 2021, sendo a mais votada em todas as freguesias e (re)conquistando a maioria absoluta dos mandatos na edilidade da capital, derrotando uma nova coligação liderada pelos  socialistas no Funchal.

O PS-Madeira – este ano sofreu uma copiosa derrota eleitoral nas regionais - não concorre sozinho à Câmara do Funchal desde 2009, ano que ficou marcado por resultados surpreendentes: PSD com 7 mandatos, PS, PND, PCP e CDS, todos com 1 mandato.


Contudo, o mais importante a reter é o peso das votações em cada uma das 10 freguesias da capital para o total alcançado pela coligação do PS-Madeira em 2021:

a) Constata-se que em 2013 a coligação do PS foi a mais votada em nove das 10 freguesias do Funchal, repetindo o mesmo desfecho em 2017. Em 2021 a coligação PSD-CDS foi a mais votada em todas as 10 freguesias da cidade.

b) Em 2013 as votações da coligação do PS em Santa Maria Maior, São Martinho e Santo António representaram, cerca de 60% da votação no Funchal. Em 2017 manteve-se a mesma tendência naquelas três freguesias, neste ano com cerca de 60% do total. Em 2021 a coligação do PS foi derrotada, mas manteve-se naturalmente a influência das três freguesias em questão, com pouco mais de 60% do total da votação na capital

c) No caso do PSD, em 2013, Santa Maria Maior, Santo António e São Martinho com perto de 56% foram as freguesias mais influentes, tendência que se manteve em 2017 mas com cerca de 57%. Já em 2021, a coligação PSD-CDS manteve as mesmas três freguesias como as mais decisivas com perto de 55% da votação total da coligação PSD-CDS para a Câmara do Funchal (LFM)

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