Este quadro mostra a evolução eleitoral do
PSD-Madeira na corrida para a Câmara do Funchal, entre 2013 e 2021.
Os social-democratas foram derrotados em 2013 e 2017
por uma coligação liderada pelo PS-Madeira e Paulo Cafofo, e reconquistaram a
presidência da Câmara do Funchal em 2021, com Pedro Calado, também a reboque de
uma coligação - com o CDS - que obteve então pouco mais de 4 mil votos a mais
do que outra coligação liderada pelo PS.
Duas notas gerais:
- o PS volta a concorrer em 2025 sozinho à CMF
depois de ter andado “disfarçado” em coligações desde 2013 a 2021. O mesmo se
aplica ao Bloco de Esquerda, que finalmente vai mostrar o que vale nesta
corrida presidencial na capital madeirense, fora de um contexto de coligação
quem, no caso dos partidos mais pequenos, disfarça muita coisa e, no caso de
outros insignificantes, dá-lhes um espaço mediático – via Assembleia Municipal
– desproporcional, com a realidade eleitoral. Já o PAN apenas não concorreu na
coligação dos socialistas em 2017;
- as coligações servem para muita coisa sobretudo
quando envolvem demasiados protagonistas, muitos deles emprestando apenas a
sigla já que eleitoralmente valem rigorosamente quase nada, e servem também
para…muita coisa mais! Em caso de vitória, ela normalmente é reclamada pelo
partido maior, o partido âncora de uma coligação que pretende iludir os
eleitores e dar-lhes uma falsa imagem de pujança eleitoral alargada sem
correspondência com a realidade, coligação a reboque da qual outros partidos se
associam num projecto no qual todos sabem quem são os elos mais fracos e
irrelevantes. Mas, por outro lado, se acontecer a derrota, o caricato é vermos,
depois, o maior partido a tentar furtar-se a responsabilidades e a procurar
passar por entre os pingos-da-chuva, sacudindo a “água do capote” e procurando
partilhar o desaire com terceiros a derrota, quando é sabido que, no caso dos partidos mais pequenos, eles, na sua
pequenez insignificante, pouco ou nada tinham a ganhar – salvo a eventual
eleição milagrosa de algum representante na Assembleia Municipal, numa
Assembleia de Freguesia – sempre graças ao método de Hondt, muito dependente
dos resultados eleitorais totais - e excepcionalmente no elenco camarário (caso
do PND em 2013 mas que durou pouco…).
Recordo que em 2021 foram eleitos no Funchal:
Câmara Municipal
- Coligação PSD-CDS – 6 mandatos
- Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 5
Assembleia Municipal
- Coligação PSD-CDS – 17 mandatos
- Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 14 mandatos, dos quais estarão incluídos representantes do BE, PAN e MPT
- PCP, 1
- Chega, 1 mandato
Assembleias de Freguesia
- Coligação PSD-CDS – 79 mandatos
- Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 59 mandatos dos quais estarão incluídos representantes do BE, PAN e MPT
Para termos a noção do peso eleitoral de alguns parceiros de coligações feitas a martelo e que não passam de embustes – falo das iniciativas no Funchal do PS-Madeira - recordo o que aconteceu nas últimas regionais – de 2025 – no caso do Funchal:
- PAN - 1.143 votos, 1,9%
- MPT - Concorreu diluído numa coligação com PTP e RIR que obteve no Funchal apenas 397 votos, 0,7%
- NC - Não concorreu
- PDR - Não concorreu
Acho que está
tudo dito! Vamos ao que importa. Nos dois quadros acima verificamos, apenas
nas autárquicas do Funchal, os votantes por freguesia e em cada um dos anos
seleccionados – 2013, 2017 e 2021 – os votos do PSD, por freguesia, em 2013 e
2017 e da coligação PSD-CDS em 2021 e ainda a percentagem da votação, em cada
freguesia, relativamente ao total de votos no concelho.
Em 2013 o PSD
apenas foi o mais votado em São Roque, passando a ser a Sé em 2017 a usar esse
estatuto. Em 2013 as maiores percentagens do PSD foram conseguidas em São
Roque, Santa Luzia e Sé. Em 2017 as maiores percentagens do PSD ocorreram na
Sé, São Roque e Monte. Já em 2021 a coligação PSD-CDS ganhou em todas as
freguesias da capital. As maiores percentagens eleitorais da coligação
registaram-se, de novo, na Sé, São Roque e Monte.
Nos dois quadros
publicados abaixo pretendi mostrar os votos – 2013, 2017 e 2021 – do PSD e da
coligação PSD-CDS (2021) por freguesia, a percentagem eleitoral por freguesia,
e, no caso da votação para a Câmara Municipal, o peso eleitoral de cada
freguesia no total dos votos do PSD. Neste caso tudo muda, porque verificamos
facilmente que em 2013 as freguesias de Santo António, São Martinho e Santa
Maria Maior foram as freguesias que mais influência tiveram no total de votos do
PSD-Madeira na capital. Em 2017, de novo com as freguesias de Santo António,
São Martinho e Santa Maria Maior a terem mais influência na votação
social-democrata para a edilidade da capital. Já em 2021, com a coligação
PSD-CDS, registamos uma alteração com São Martinho a atingir o primeiro lugar
em termos de freguesia mais influente no total eleitoral da coligação na
capital, seguida de Santo António e Santa Maria Maior.
O propósito
deste levantamento - feito com base em resultados oficiais do MAI – é
essencialmente o de fazer um retrato, o mais fiel possível, de realidades
eleitorais que muitas vezes, nos jogos e negociatas de bastidores são
esquecidos ou deliberadamente ignorados (LFM)
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