segunda-feira, agosto 11, 2025

Eleições: o PSD-Madeira e as eleições para a Câmara do Funchal (2013 a 2021)


Este quadro mostra a evolução eleitoral do PSD-Madeira na corrida para a Câmara do Funchal, entre 2013 e 2021.

Os social-democratas foram derrotados em 2013 e 2017 por uma coligação liderada pelo PS-Madeira e Paulo Cafofo, e reconquistaram a presidência da Câmara do Funchal em 2021, com Pedro Calado, também a reboque de uma coligação - com o CDS - que obteve então pouco mais de 4 mil votos a mais do que outra coligação liderada pelo PS.

Duas notas gerais:

- o PS volta a concorrer em 2025 sozinho à CMF depois de ter andado “disfarçado” em coligações desde 2013 a 2021. O mesmo se aplica ao Bloco de Esquerda, que finalmente vai mostrar o que vale nesta corrida presidencial na capital madeirense, fora de um contexto de coligação quem, no caso dos partidos mais pequenos, disfarça muita coisa e, no caso de outros insignificantes, dá-lhes um espaço mediático – via Assembleia Municipal – desproporcional, com a realidade eleitoral. Já o PAN apenas não concorreu na coligação dos socialistas em 2017;

- as coligações servem para muita coisa sobretudo quando envolvem demasiados protagonistas, muitos deles emprestando apenas a sigla já que eleitoralmente valem rigorosamente quase nada, e servem também para…muita coisa mais! Em caso de vitória, ela normalmente é reclamada pelo partido maior, o partido âncora de uma coligação que pretende iludir os eleitores e dar-lhes uma falsa imagem de pujança eleitoral alargada sem correspondência com a realidade, coligação a reboque da qual outros partidos se associam num projecto no qual todos sabem quem são os elos mais fracos e irrelevantes. Mas, por outro lado, se acontecer a derrota, o caricato é vermos, depois, o maior partido a tentar furtar-se a responsabilidades e a procurar passar por entre os pingos-da-chuva, sacudindo a “água do capote” e procurando partilhar o desaire com terceiros a derrota, quando é sabido que, no caso  dos partidos mais pequenos, eles, na sua pequenez insignificante, pouco ou nada tinham a ganhar – salvo a eventual eleição milagrosa de algum representante na Assembleia Municipal, numa Assembleia de Freguesia – sempre graças ao método de Hondt, muito dependente dos resultados eleitorais totais - e excepcionalmente no elenco camarário (caso do PND em 2013 mas que durou pouco…).

Recordo que em 2021 foram eleitos no Funchal:

Câmara Municipal

  • Coligação PSD-CDS – 6 mandatos
  • Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 5

Assembleia Municipal

  • Coligação PSD-CDS – 17 mandatos
  • Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 14 mandatos, dos quais estarão incluídos representantes do BE, PAN e MPT
  • PCP, 1
  • Chega, 1 mandato

Assembleias de Freguesia

  • Coligação PSD-CDS – 79 mandatos
  • Coligação PS-BE-PAN-MPT-PDR, 59 mandatos dos quais estarão incluídos representantes do BE, PAN e MPT

Para termos a noção do peso eleitoral de alguns parceiros de coligações feitas a martelo e que não passam de embustes – falo das iniciativas no Funchal do PS-Madeira - recordo o que aconteceu nas últimas regionais – de 2025 – no caso do Funchal:

  • PAN - 1.143 votos, 1,9%
  • MPT - Concorreu diluído numa coligação com PTP e RIR que obteve no Funchal apenas 397 votos, 0,7%
  • NC - Não concorreu
  • PDR - Não concorreu

Acho que está tudo dito! Vamos ao que importa. Nos dois quadros acima verificamos, apenas nas autárquicas do Funchal, os votantes por freguesia e em cada um dos anos seleccionados – 2013, 2017 e 2021 – os votos do PSD, por freguesia, em 2013 e 2017 e da coligação PSD-CDS em 2021 e ainda a percentagem da votação, em cada freguesia, relativamente ao total de votos no concelho.

Em 2013 o PSD apenas foi o mais votado em São Roque, passando a ser a Sé em 2017 a usar esse estatuto. Em 2013 as maiores percentagens do PSD foram conseguidas em São Roque, Santa Luzia e Sé. Em 2017 as maiores percentagens do PSD ocorreram na Sé, São Roque e Monte. Já em 2021 a coligação PSD-CDS ganhou em todas as freguesias da capital. As maiores percentagens eleitorais da coligação registaram-se, de novo, na Sé, São Roque e Monte.

Nos dois quadros publicados abaixo pretendi mostrar os votos – 2013, 2017 e 2021 – do PSD e da coligação PSD-CDS (2021) por freguesia, a percentagem eleitoral por freguesia, e, no caso da votação para a Câmara Municipal, o peso eleitoral de cada freguesia no total dos votos do PSD. Neste caso tudo muda, porque verificamos facilmente que em 2013 as freguesias de Santo António, São Martinho e Santa Maria Maior foram as freguesias que mais influência tiveram no total de votos do PSD-Madeira na capital. Em 2017, de novo com as freguesias de Santo António, São Martinho e Santa Maria Maior a terem mais influência na votação social-democrata para a edilidade da capital. Já em 2021, com a coligação PSD-CDS, registamos uma alteração com São Martinho a atingir o primeiro lugar em termos de freguesia mais influente no total eleitoral da coligação na capital, seguida de Santo António e Santa Maria Maior.

O propósito deste levantamento - feito com base em resultados oficiais do MAI – é essencialmente o de fazer um retrato, o mais fiel possível, de realidades eleitorais que muitas vezes, nos jogos e negociatas de bastidores são esquecidos ou deliberadamente ignorados (LFM)


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