Lucros dos cinco maiores bancos no país subiram
1,7% na primeira metade do ano, mas nem todos viram os ganhos crescer. Embora
as suas margens financeiras tenham encolhido, a redução dos encargos com
impostos e com provisões e imparidades jogou a favor do sector nas contas do
primeiro semestre. O sector bancário teve no primeiro semestre um ligeiro
aumento dos seus lucros face ao ano passado. No seu conjunto, os cinco maiores
bancos que operam em Portugal somaram de janeiro a junho um resultado líquido
de 2,43 mil milhões de euros, o equivalente a 13,3 milhões de euros por dia.
Face ao ano passado os ganhos cresceram cerca de 1,7%. Mas com evoluções
distintas entre as várias instituições financeiras.
Considerando somente as atividades desenvolvidas em Portugal, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) alcançou no primeiro semestre um lucro de 825 milhões de euros, mais 4,3% em termos homólogos. A Caixa, o maior banco do país, liderou os ganhos do sector, mas também o segundo maior banco (em número de agências), o BCP, conseguiu ampliar o seu ganho no mercado nacional, com o lucro a subir 3,2%, para 424 milhões de euros. Mais expressivo foi o crescimento dos ganhos do Novo Banco, que saltaram 17,6%, para 435 milhões de euros.
O desempenho da banca no primeiro semestre do ano
só não foi mais lucrativo porque outros dois pesos-pesados do sector acabaram
por ver os lucros encolher. No BPI o resultado líquido da operação portuguesa
baixou 10%, para 241 milhões de euros, ao passo que no Santander Portugal (que
apresentou as contas esta sexta-feira) o ganho diminuiu 8%, para 504 milhões de
euros.
Também esta sexta-feira o Banco Montepio reportou
os resultados da primeira metade do ano, com o lucro a avançar quase 3%, para
perto de 71 milhões de euros. Somando o Montepio aos cinco maiores bancos, o
sector totalizou lucros de 2,5 mil milhões de euros até junho, mais 1,75% face
ao período homólogo.
Aperto nas margens compensado com menos impostos e
provisões
O ligeiro crescimento dos lucros da banca no
primeiro semestre beneficiou, em várias instituições, de uma redução dos
encargos com impostos e de um corte nas provisões e imparidades, que acabaram
por compensar a deterioração dos ganhos do sector com juros.
A margem financeira de quatro dos cinco maiores
bancos no país encolheu. Esta margem, recorde-se, corresponde à diferença entre
os juros cobrados pelos bancos na concessão de crédito e os que essas
instituições pagam aos seus clientes para remunerar os seus depósitos.
Na CGD a margem financeira encolheu 10% no
primeiro semestre, para 1,28 mil milhões de euros. Também no BPI a margem
diminuiu 10%, para 442 milhões. No Santander Portugal o corte da margem
financeira foi mais profundo, caindo 19%, para 696 milhões de euros. E no Novo
Banco a margem recuou 6%, para 559 milhões.
Entre os cinco maiores bancos a exceção foi o BCP,
cuja margem financeira melhorou cerca de 3%, para 1,44 mil milhões de euros.
Os dados do primeiro semestre mostram que BCP e
Novo Banco suportaram encargos com impostos mais altos, mas, no caso do banco
agora vendido pela Lone Star ao francês BPCE, as contas do semestre
beneficiaram de uma redução das provisões. Já CGD, BPI e Santander tiraram
partido de um alívio na sua carga fiscal, mais expressivo no caso do Santander
Portugal (a diminuição do encargo com impostos foi de 67 milhões de euros, ou
25%, compensando em parte a redução da margem financeira).
As contas do primeiro semestre mostram ainda que
2025 está a ser um ano mais desafiante para a banca no plano operacional. Os
cinco maiores bancos tiveram, sem exceção, uma deterioração dos seus rácios de
eficiência. O rácio cost to income (proporção dos custos operacionais face às
receitas) da CGD piorou de 25,4% para 29%. Também o Santander Portugal viu o
seu rácio agravar-se de 23,1% para 27%.
O BPI continuou a ser o banco, entre os cinco maiores, com o rácio cost to income mais pesado, chegando aos 38% no primeiro semestre (mais um ponto percentual do que no ano passado). As redes de atendimento das instituições bancárias permaneceram praticamente estáveis, com a CGD a liderar, com 512 agências, seguida do BCP, com 396, e Santander, com 327 balcões (Expresso, texto do jornalista Miguel Prado)
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