domingo, agosto 03, 2025

Banca lucra mais de €13 milhões por dia em Portugal

Lucros dos cinco maiores bancos no país subiram 1,7% na primeira metade do ano, mas nem todos viram os ganhos crescer. Embora as suas margens financeiras tenham encolhido, a redução dos encargos com impostos e com provisões e imparidades jogou a favor do sector nas contas do primeiro semestre. O sector bancário teve no primeiro semestre um ligeiro aumento dos seus lucros face ao ano passado. No seu conjunto, os cinco maiores bancos que operam em Portugal somaram de janeiro a junho um resultado líquido de 2,43 mil milhões de euros, o equivalente a 13,3 milhões de euros por dia. Face ao ano passado os ganhos cresceram cerca de 1,7%. Mas com evoluções distintas entre as várias instituições financeiras.

Considerando somente as atividades desenvolvidas em Portugal, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) alcançou no primeiro semestre um lucro de 825 milhões de euros, mais 4,3% em termos homólogos. A Caixa, o maior banco do país, liderou os ganhos do sector, mas também o segundo maior banco (em número de agências), o BCP, conseguiu ampliar o seu ganho no mercado nacional, com o lucro a subir 3,2%, para 424 milhões de euros. Mais expressivo foi o crescimento dos ganhos do Novo Banco, que saltaram 17,6%, para 435 milhões de euros.

O desempenho da banca no primeiro semestre do ano só não foi mais lucrativo porque outros dois pesos-pesados do sector acabaram por ver os lucros encolher. No BPI o resultado líquido da operação portuguesa baixou 10%, para 241 milhões de euros, ao passo que no Santander Portugal (que apresentou as contas esta sexta-feira) o ganho diminuiu 8%, para 504 milhões de euros.

Também esta sexta-feira o Banco Montepio reportou os resultados da primeira metade do ano, com o lucro a avançar quase 3%, para perto de 71 milhões de euros. Somando o Montepio aos cinco maiores bancos, o sector totalizou lucros de 2,5 mil milhões de euros até junho, mais 1,75% face ao período homólogo.

Aperto nas margens compensado com menos impostos e provisões

O ligeiro crescimento dos lucros da banca no primeiro semestre beneficiou, em várias instituições, de uma redução dos encargos com impostos e de um corte nas provisões e imparidades, que acabaram por compensar a deterioração dos ganhos do sector com juros.

A margem financeira de quatro dos cinco maiores bancos no país encolheu. Esta margem, recorde-se, corresponde à diferença entre os juros cobrados pelos bancos na concessão de crédito e os que essas instituições pagam aos seus clientes para remunerar os seus depósitos.

Na CGD a margem financeira encolheu 10% no primeiro semestre, para 1,28 mil milhões de euros. Também no BPI a margem diminuiu 10%, para 442 milhões. No Santander Portugal o corte da margem financeira foi mais profundo, caindo 19%, para 696 milhões de euros. E no Novo Banco a margem recuou 6%, para 559 milhões.

Entre os cinco maiores bancos a exceção foi o BCP, cuja margem financeira melhorou cerca de 3%, para 1,44 mil milhões de euros.

Os dados do primeiro semestre mostram que BCP e Novo Banco suportaram encargos com impostos mais altos, mas, no caso do banco agora vendido pela Lone Star ao francês BPCE, as contas do semestre beneficiaram de uma redução das provisões. Já CGD, BPI e Santander tiraram partido de um alívio na sua carga fiscal, mais expressivo no caso do Santander Portugal (a diminuição do encargo com impostos foi de 67 milhões de euros, ou 25%, compensando em parte a redução da margem financeira).

As contas do primeiro semestre mostram ainda que 2025 está a ser um ano mais desafiante para a banca no plano operacional. Os cinco maiores bancos tiveram, sem exceção, uma deterioração dos seus rácios de eficiência. O rácio cost to income (proporção dos custos operacionais face às receitas) da CGD piorou de 25,4% para 29%. Também o Santander Portugal viu o seu rácio agravar-se de 23,1% para 27%.

O BPI continuou a ser o banco, entre os cinco maiores, com o rácio cost to income mais pesado, chegando aos 38% no primeiro semestre (mais um ponto percentual do que no ano passado). As redes de atendimento das instituições bancárias permaneceram praticamente estáveis, com a CGD a liderar, com 512 agências, seguida do BCP, com 396, e Santander, com 327 balcões (Expresso, texto do jornalista Miguel Prado)

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