terça-feira, abril 29, 2025

Sondagem Legislativas: AD mantém-se na frente e está mais próxima de uma maioria com os liberais

Quando faltam três semanas para as eleições, a AD (34,8%) mantém uma vantagem de sete pontos sobre o PS (28,1%), de acordo com a mais recente sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN. Acentua-se, por outro lado, a possibilidade de uma maioria de centro-direita no Parlamento: a soma das intenções de voto na coligação PSD/CDS e na Iniciativa Liberal (7,4%) já é superior ao resultado que permitiu a António Costa conquistar a surpreendente maioria absoluta de 2022. O Chega estagnou (15,2%) e continua a ser o partido que mais perde face às legislativas de 2024. À Esquerda, projeta-se o crescimento do Livre (4,4%) e da CDU (4,1%), enquanto o BE (1,9%) corre o risco de se tornar irrelevante e o PAN (0,6%) de desaparecer.

Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, que se defrontam esta segunda-feira, num frente a frente televisivo, já o afirmaram nesta campanha: só serão primeiros-ministros se vencerem as legislativas. Não haverá reedição da “geringonça” de 2015 à Esquerda, nem uma inédita coligação com o Chega à Direita. Aceitando as garantias como boas, é o social-democrata que leva vantagem na corrida a S. Bento. Porque repete os sete pontos de vantagem sobre o socialista que já tinha conseguido na sondagem realizada em finais de março, e porque a sua liderança fica para lá da margem de erro (mais ou menos 3,16 pontos): o patamar máximo do PS (30,9%) é inferior ao mínimo da AD (31,8%).

Não há empate técnico e o número de indecisos baixou: são agora 15,4%, com os mais novos, as mulheres e os que residem na região de Lisboa a destacarem-se na hesitação. Um número suficiente para baralhar as contas, no tempo que falta até 18 de maio, mas também para permitir ao líder social-democrata conquistar os poucos pontos percentuais que lhe faltam para conseguir um novo tipo de coligação e uma maioria (alegadamente) sólida na Assembleia da República.

Soma de AD e IL superior à maioria absoluta de Costa

Não é segredo que os liberais admitem (ou desejam) entrar num Governo liderado por Montenegro. E essa possibilidade talvez nunca tenha sido tão nítida quanto agora. Quando se comparam as intenções de voto desta sondagem com os resultados das legislativas do ano passado, percebe-se que AD e IL são as forças políticas com maior potencial de crescimento: seis pontos no caso da coligação e quase três no caso dos liberais. Ou seja, se em março de 2024 somaram um pouco menos de 34 pontos percentuais, hoje teriam um mais de 42 pontos.

Uma percentagem superior à que deu a António Costa (41,4%) uma maioria absoluta na Assembleia da República, em janeiro de 2022, mas ainda não o suficiente para que o conjunto do centro-direita chegue aos 116 deputados (de um total de 230). O facto de AD e a IL concorrerem em listas separadas, associado à divisão em 22 círculos eleitorais (alguns diminutos) e ao método de Hondt (fórmula que converte votos em mandatos), obrigam a um esforço adicional. Serão necessários mais alguns pontos percentuais que, como se percebeu no debate entre os dois, Luís Montenegro espera conquistar a André Ventura. O Chega revela, aliás, dificuldades: é o partido que mais desce relativamente às legislativas do ano passado (perde um pouco mais de três pontos).

Na análise aos segmentos da amostra (género, idade, classe social e região), destacam-se alguns grupos em que uma maioria de deputados da AD com a IL no Parlamento seria, nesta altura, quase uma certeza. Antes de todos, os eleitores entre os 45 e os 54 anos, com as duas forças a somarem 42 pontos percentuais (sem distribuição de indecisos). Ao contrário, os que têm 65 ou mais anos destacam-se na resistência ao apelo de uma coligação entre centro-direita e liberais. Mas não é apenas nesta matéria que a fotografia dos pensionistas difere dos restantes segmentos sociodemográficos.

Socialistas recuperam liderança nos pensionistas

Sondagens anteriores já o tinham mostrado e os resultados desta última confirmam-no: o centro-direita (liberais incluídos) está a crescer, mas isso não acontece à custa dos socialistas. A outra face da moeda é que o PS se assemelha a um relógio suíço... parado. Os 28,1% deste final de mês de abril, quando faltam três semanas para a ida às urnas, são similares aos resultados das legislativas de 2024 (28%). Mais ainda, feitas as contas à média de seis sondagens da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, desde janeiro deste ano, o resultado também é de 28 pontos. O que não quer dizer que esteja tudo rigorosamente na mesma.

Os diferentes segmentos de eleitores não se comportam todos da mesma maneira e a melhor notícia para o PS, neste final de mês de abril, é que recuperou a liderança entre os eleitores com 65 ou mais anos (37%): tinha menos quatro pontos do que a AD no início do mês e tem agora mais seis pontos neste importante grupo de eleitores. Supera até a soma de AD e IL entre os pensionistas (33 pontos). O problema de Pedro Nuno Santos é que nas faixas etárias dos 35/44 anos e dos 45/54 anos mal supera os 14 pontos (sem distribuição de indecisos), o que o atira para o terceiro lugar, atrás do Chega.

Outro problema do líder socialista é que a soma de toda a Esquerda (PS, Livre, CDU, BE e PAN) fica três pontos percentuais abaixo do conjunto formado por centro-direita e liberais. Há poucas exceções a esta regra e são de novo os pensionistas que têm lugar de destaque: é o único segmento sociodemográfico desta sondagem em que a Esquerda (46 pontos percentuais) vale mais do que o conjunto da Direita (39 pontos, incluindo o Chega).

Bloco em dificuldades e PAN quase a desaparecer

Os mais velhos são, portanto, uma exceção. No conjunto do eleitorado, as projeções para a Esquerda parlamentar são bastante inferiores (39 pontos) ao conjunto da Direita (57 pontos). E o peso de cada partido poderá ser um pouco diferente do que existe no Parlamento cessante. À esquerda do PS, o maior partido nesta altura é o Livre (4,4%). Embora se notem tendências de sinal contrário. Quando se compara com o final de março, o partido de Rui Tavares perde um ponto. Se a comparação for com as legislativas de 2024, está um ponto acima.

Para os comunistas, até ver, os sinais são todos positivos. As prestações de Paulo Raimundo nos debates têm sido positivas (sobretudo quando se compara com as dificuldades reveladas em 2024) e isso parece dar frutos à CDU (a coligação entre PCP e Os Verdes): projeta-se um resultado de 4,1%, uma subida face à última sondagem e às legislativas (um ponto em ambos os casos). Daqui para baixo, o cenário é desastroso para os protagonistas.

O Bloco de Esquerda de Mariana Mortágua volta a cair para um valor muito baixo (1,9%). Um partido que há uma década (2015) valia um pouco mais de 10% e 19 deputados no Parlamento, não poderia aspirar, se se mantivesse este resultado, a mais do que um ou dois deputados. Seria uma espécie de novo PAN (na dimensão parlamentar), que, por sua vez, desapareceria do mapa político: a sondagem atira o partido de Inês Sousa Real para baixo do patamar do ponto percentual (em 2019, superou os três pontos percentuais e elegeu quatro deputados).

AD só não lidera em Lisboa, a região mais à Esquerda

Na análise aos resultados nos diferentes segmentos da amostra (valores sem distribuição de indecisos) há mais pistas sobre o perfil eleitoral dos diferentes partidos. No género, por exemplo, volta a confirmar-se que o Chega está ancorado no eleitorado masculino (eles vale mais seis pontos do que elas), mas desta vez é a Iniciativa Liberal a força política que revela maior proporção de testosterona (eles são o dobro delas). Entre os dois maiores partidos, a AD continua a revelar um impressionante equilíbrio de género (a diferença é de apenas uma décima), enquanto o PS continua a ter um pendor um pouco mais feminino (as mulheres valem mais quatro pontos do que os homens). O mesmo acontece no BE, que, neste momento, dependeria das mulheres para conseguir eleger deputados.

No que diz respeito às idades, o dado mais significativo é que o PS recupera o favoritismo dos mais velhos. Mas também lidera entre a faixa etária mais jovem (18 a 24 anos). O problema dos socialistas está entre os 35 e os 64 anos, ou seja, nos três escalões em que a vantagem da AD é enorme (entre 15 e 18 pontos). O Chega atinge o ponto alto nos 45/54 anos, que é o escalão etário mais à Direita entre os seis que compõem a amostra (os partidos mais à Direita somam 63 pontos, enquanto o conjunto da Esquerda se fica por uns diminutos 23 pontos). Nota ainda para a força dos liberais entre quem tem 25 a 34 anos, ao ponto de ficar a um ponto do Chega.

Finalmente, e quando o ângulo de análise se centra nas regiões, a AD alarga bastante o fosso no Sul e Ilhas e continua dominadora no Centro e no Norte, mas perde Lisboa para os socialistas. A região da capital é, aliás, a mais favorável à Esquerda: é também aqui que Livre e CDU obtêm os seus melhores resultados. O Chega consegue o terceiro lugar em todo o país, sendo igualmente notória a distribuição equilibrada da Iniciativa Liberal em todas as geografias.

Ficha técnica

Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade do país. O trabalho de campo decorreu entre os dias 14 e 21 de abril de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 1751 tentativas de contacto, para alcançarmos 1000 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 57,11%. As 1000 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 3,16% para um nível de confiança de 95,5%. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online (Jornal de Notícias, texto de análise de Rafael Barbosa e gráficos de Inês Moura Pinto)

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