terça-feira, abril 29, 2025

Sondagem: AD sobe, fica seis pontos à frente do PS e quase desfaz empate técnico

Coligação PSD/CDS, Chega e CDU crescem, ao passo que PS, IL, BE e PAN recuam. Intenção de voto na AD liderada por Luís Montenegro aumentou três pontos percentuais, coligação PSD/CDS está agora seis pontos à frente do PS. Mantém-se, mas só por um triz, o empate técnico entre a Aliança Democrática e o PS. No entanto, a sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) coloca a coligação PSD/CDS seis pontos percentuais à frente dos socialistas. O estudo de opinião da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 atribui 32% das intenções de voto à AD, que cresce três pontos face à sondagem de Março e, assim, se aproxima dos 33% medidos pelo Cesop em Outubro do ano passado. Já o PS desliza um ponto para 26%.

Tendo em conta a margem de erro de 2,8%, o empate técnico entre as duas maiores forças políticas fica praticamente desfeito porque seria preciso conjugar o pior cenáriopossível para Luís Montenegro e o melhor para Pedro Nuno Santos para a AD e o PS se tocarem nos 29%.

Do lado das subidas está ainda o Chega e a CDU (coligação PCP/PEV). O partido populista de direita radical cresce dois pontos para, com 19%, reforçar a posição de terceira maior força. As intenções conseguidas por AD e Chega colocam as duas forças acima dos resultados obtidos nas legislativas antecipadas de 10 de Março de 2024, enquanto o PS fica abaixo do score das últimas eleições gerais.

Já a CDU, possivelmente a reboque das boas prestações de Paulo Raimundo nos debates televisivos, cresce ligeiramente para os 4%, beneficiando da descida de dois pontos do Bloco de Esquerda (3%) para ficar à frente do partido de Mariana Mortágua. Por sua vez, a Iniciativa Liberal (IL) cai dois pontos percentuais para 6%, tendo agora o Livre à perna (5%), sendo que o partido liderado por Rui Tavares é o único a manter inalteradas as intenções de voto face ao mês passado. O PAN desce para 1%.

Na competição entre os partidos pequenos, apenas três pontos percentuais separam a quarta força (IL) da sétima (BE), estando estas, Livre e CDU em empate técnico. Dado que se mantém o “não é não” traçado por Montenegro ao partido de André Ventura, uma eventual aliança entre AD e IL somaria 38%, um ponto aquém dos 39% somados por PS, Livre, CDU, Bloco e PAN.

No que diz respeito à intenção directa de voto, isto é, sem distribuição dos indecisos – que neste estudo se mantêm, tal como em Março, nos 15% –, a AD regista 25%, o PS 20%, o Chega 15%, a IL 5%, o Livre 4%, CDU e BE surgem empatados com 2% e o PAN fica abaixo de 1%.

Comparativamente com as eleições legislativas do ano passado, 73% dos inquiridos que há um ano votaram na AD indicam querer manter o mesmo sentido de voto. Há ainda 22% dos entrevistados que há um ano votaram IL e 25% no PAN que agora dizem votar na coligação entre sociais-democratas e centristas. Quanto ao PS, 71% dos entrevistados que votaram no partido de Pedro Nuno Santos mantêm a mesma intenção, com os socialistas a receberem, desta feita, a intenção de voto de 16% dos que em 2024 votaram no Bloco e 9% no Livre.

A potencial transferência de votos entre AD e PS é escassa, ainda que a coligação protagonizada por Montenegro aparente ter maior capacidade para “roubar” eleitores aos socialistas. Se 6% dos inquiridos que em 2024 votaram PS indicam querer votar na AD no dia 18 de Maio, somente 1% daqueles que colocaram a cruz na coligação de centro-direita dizem querer mudar o sentido de voto a favor dos socialistas.

Numa perspectiva sociodemográfica, e tendo em conta intenções directas de voto, verifica-se que a AD é o partido mais forte no eleitorado feminino (24% das mulheres entrevistadas dizem votar na coligação PSD/CDS), com o PS não muito atrás (19%). Entre os eleitores masculinos a distribuição é mais equilibrada: AD com 25%; PS e Chega com 20% cada. No eleitorado mais jovem (18-34 anos), a direita leva vantagem, com a AD (20%) e o Chega (18%) muito próximos e a IL (13%) em terceiro. Já nos eleitores mais velhos (com 65 anos ou mais), o PS (31%) continua a liderar, seguido da AD (27%).

E se os socialistas se mantêm como o partido mais forte no eleitorado com menor grau de instrução, com 30% nos eleitores com o 3.º ciclo ou menos, é a AD que prevalece no eleitorado com ensino superior (27%). Esta sondagem foi levada a cabo entre os dias 21 e 24 de Abril, o que significa que permite medir o impacto da maior parte dos debates televisivos, no entanto não possibilita aferir o efeito para o eleitorado decorrente do frente-a-frente entre Montenegro e Ventura (realizado na noite de 24).

Maioria já não muda voto

Como explica o Cesop no relatório desta sondagem, os indecisos tendem a superar em percentagem o valor indicado nos estudos, já que uma importante fatia do eleitorado decide o sentido de voto já durante o período oficial da campanha eleitoral – que decorrerá entre 4 e 16 de Maio – ou mesmo no próprio dia da eleição.

O que significa que mesmo muitos daqueles que surgem como “decididos” nesta sondagem, por atribuírem a sua intenção de voto a um determinado partido, poderão ainda mudar de ideias até ao momento de votarem efectivamente.

Neste estudo, 56% garantem que a possibilidade de, até ao dia das eleições, mudarem o seu sentido de voto é “nenhuma”. Mas há 27% que dizem que “é pouco provável que mude”, 7% que respondem “não sei bem”, 8% que assumem ser “provável que mude” e 2% “muito provável que mude”. Ou seja, 44% dos inquiridos admitem ser possível mudar de opinião. Seja como for, é o eleitorado da CDU aquele que surge como o mais fidelizado, enquanto, no pólo oposto, é o do Livre o mais volátil. Entre os entrevistados que disseram votar CDU, 76% garantem que “não mudam” o sentido de voto, 71% no caso do Chega, 64% do PS e 61% da AD. Seguem-se o PAN (38%), o BE (23%), a IL (18%) e o Livre (15%).

Se se olhar para quem assume como “provável” ou “muito provável” mudar o sentido de voto, observa-se que os eleitores mais susceptíveis a alterações são os que indicam votar no Livre (34%), no BE (23%), na IL (14%) e no PAN (13%). Neste parâmetro, o Chega (8%) surge em pior posição do que a AD e o PS, ambos com 6%. A CDU (3%) é a força menos susceptível a alterações.

Perspectiva de vitória da AD reforçada

Desafiados a indicar quem vencerá as eleições, independentemente das preferências partidárias de cada um, 58% dos inquiridos antecipam que será a AD e 21% o PS. Isto significa que a perspectiva de vitória da aliança PSD/CDS se solidificou em relação ao que se registava em Fevereiro do ano passado, quando, a cerca de um mês das eleições, a sondagem da Católica mostrava que 41% projectavam uma vitória da AD e 38% do PS. Sobre quem, entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, indiferentemente às simpatias partidárias, seria melhor primeiro-ministro, 47% indicam o chefe do Governo em funções e 29% o líder da oposição. Também entre os indecisos Montenegro (40%) leva vantagem sobre Pedro Nuno (21%).

Mais do que uma melhoria do presidente do PSD neste indicador, há uma deterioração da posição do líder do PS. É que no estudo do Cesop realizado em Fevereiro de 2024, se 46% escolhiam Montenegro, eram 34% os inquiridos que apontavam Pedro Nuno (Publico, texto do jornalista David Santiago)


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