segunda-feira, abril 21, 2025

Sondagem Expresso-SIC: AD na frente e com mais eleitores convictos

Margem de erro mantém empate técnico, embora a vantagem se mantenha para a AD de Montenegro. Entre os que dizem votar PS, só 73% garantem não mudar de ideias até ao dia das eleições. Só os liberais terão mais trabalho a segurar eleitores. Feita na semana de arranque dos debates entre os candidatos às eleições legislativas de 18 de maio, a sondagem do ICS em parceria com o ISCTE, realizada para o Expresso e a SIC, coloca a AD à frente do PS, com 33% e 29% das intenções de voto respetivamente (excluídos os abstencionistas e feita a imputação dos indecisos).

Apesar de a AD seguir na frente, “a diferença entre estas estimativas não é estatisticamente significativa”, sublinha o relatório da sondagem, uma vez que a margem de erro assumida é de cerca de 3,5% para cada um dos partidos. O Chega mantém-se destacado em terceiro lugar, com 21% (teve 18% há um ano) e os liberais, com 4%, lideram o pelotão dos pequeninos. Somando os votos da IL aos 33% da coligação PSD/CDS, parece ainda distante o sonho de Luís Montenegro de atingir uma maioria à direita.

Com trabalho de campo realizado entre os dias 5 e 14 de abril, antes de ser conhecida a averiguação preventiva do Ministério Público às casas de Pedro Nuno Santos, a sondagem resulta de 803 entrevistas válidas, presenciais e com simulação de voto em urna. Do total de inquiridos, 11% disseram que não sabiam em quem votar e 12% que não iriam votar de todo; 27% atribuíram intenção direta de voto na AD, 23% no PS e 16% no Chega. Para chegar aos valores mais aproximados daquilo que seria, de facto, o possível resultado eleitoral, os autores do estudo explicam que tiveram de “excluir” os que disseram que não vão votar, e atribuir aos indecisos uma intenção de voto em cada partido com base numa comparação entre algumas das suas características (sexo, idade, posicionamento ideológico) e as características dos que declararam uma intenção de voto direta.

AD e Chega com mais eleitores convictos

Além de 11% se dizerem indecisos, quase um quarto dos inquiridos assume não ter ainda o seu sentido de voto completamente fechado. À pergunta “Sente que a resposta que deu é definitiva ou acha que ainda pode mudar até ao dia da eleição?”, 22% dos inquiridos responderam que ainda pode mudar, 71% responderam que o voto é definitivo e 7% disseram não saber ou recusaram responder à questão. Há um mês, a sondagem do ICS/ISCTE, a primeira após a queda do Governo, apontava para um brutal aumento de indecisos: eram 39% e o número era tão expressivo que os autores do estudo — que, excecionalmente, tinha sido feito por sondagem telefónica — não fizeram a habitual distribuição pelos partidos/abstenção.

71% dos que admitem votar PS dizem que resposta é definitiva, 17% ainda podem mudar de ideias

A realização da sondagem coincidiu com os debates televisivos, que começaram a 7 de abril com Luís Montenegro e Paulo Raimundo. Este foi o único debate em que o primeiro-ministro participou, sendo que nesta semana, Pedro Nuno Santos esteve três vezes no ecrã — o debate com André Ventura foi na última terça-feira, um dia após ter terminado o trabalho de campo. Olhando para a convicção do voto em cada partido, há melhores notícias para a AD e o Chega do que para o PS. 81% dos inquiridos que admitem votar AD dizem que essa escolha é definitiva e não tencionam mudar de ideias: apenas 14% destes potenciais votantes admitem que a intenção de voto não é assim tão estanque. No caso do Chega, o cenário é idêntico: 83% dizem que o voto é definitivo, 14% admitem que ainda pode mudar e 3% não respondem. É a CDU, contudo, que apesar de ter apenas 2% de intenções de voto no total, tem os eleitores mais fidelizados: 95% dos que simularam o voto na coligação PCP/Verdes dizem que intenção é definitiva.

Convicção sobre a intenção de voto manifestada

No PS, a base de indefetíveis é menor: 73% dizem que resposta é definitiva, e 17% admitem mudar de ideias. Pior para o BE, que tem 25% dos seus potenciais eleitores em risco de fugir para outro partido. Os liberais, contudo, são os que mais trabalho têm pela frente para convencer os eleitores que se estão a disponibilizar para votar IL: apenas 65% se mostram convictos, e 35% admitem não estarem seguros dessa decisão. Mais: entre os que dizem que não vão votar, 19% podem mudar de ideias. Há eleitores à solta, à espera de serem convencidos pelos partidos.

Debates com Pedro Nuno Santos são os mais vistos

Ao final da segunda semana de debates televisivos, Pedro Nuno Santos continua à frente no campeonato das audiências. Dois dos quatro debates em que o secretário-geral do Partido Socialista esteve presente são os mais vistos desta pré-campanha eleitoral, com o confronto com André Ventura, transmitido em simultâneo pela TVI e CNN Portugal, a ser o que teve uma maior audiência média total, tanto nos canais em sinal aberto como nos canais por cabo. Segundo os dados das audiências televisivas a que o Expresso teve acesso, o debate Pedro Nuno Santos vs. André Ventura da passada terça-feira foi visto por uma média de cerca de 933 mil pessoas, com uma audiência média de 9,5% e um share de 17,8%. Contudo, é clara uma redução do interesse televisivo pelos debates entre os mesmos líderes políticos que de enfrentaram há pouco mais de um ano. Em 2024, tirando o duelo entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro transmitido nos três canais generalistas, Chega e PS participaram no debate mais visto de toda a ronda, com mais de 1,27 milhões de espectadores a assistirem ao debate na TVI.

FICHA TÉCNICA

Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 5 e 14 de abril de 2025. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), Região (7 Regiões NUTS II) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 93 pontos de amostragem, onde foram realizadas as entrevistas de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto nas eleições legislativas recolhida através de simulação de voto em urna. Foram contactados 2815 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 803 entrevistas válidas (taxa de resposta de 29%, taxa de cooperação de 44%). O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no Continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 11). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 803 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%. Todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100 (Expresso, texto dos jornalistas Rita Dinis e Sofia Miguel Rosa)

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