sexta-feira, abril 25, 2025

Sondagem Expresso-SIC: Simpatizantes do PSD cada vez mais afastados do Chega

Se a AD vencer sem maioria, acordo com IL é bem-visto – até mais do que há um ano. Mas a rejeição do Chega sobe, sobretudo entre eleitores do PSD, mostra a sondagem ICS-ISCTE. Luís Montenegro já fala do desejo de uma “maioria maior” no dia 18 de maio, o que quer que isso seja. Pedro Duarte, em entrevista ao Expresso, disse que não seria choque nenhum ter a IL no Governo e Paulo Rangel, esta semana, veio reforçar o mesmo: o objetivo é chegar à maioria, senão sozinhos, então com os liberais. Com o Chega é para manter o “não é não”. Na primeira vez que a pergunta sobre alianças é feita antes destas legislativas, é também isso que dizem os eleitores-base do PSD: se há um ano, em janeiro de 2024 (antes das eleições), 31% dos simpatizantes do PSD retratados no estudo do ICS/ISCTE diziam ver com bons olhos uma aliança com o Chega, agora esse número é residual — só 12% destes eleitores olham para essa opção como “boa ideia”. E quatro em cada cinco acham “má ideia” a AD fazer acordo com o partido de Ventura — há um ano eram visivelmente menos.

No espaço de um ano, portanto, o que a análise das duas últimas sondagens feitas para o Expresso e a SIC mostra é que os simpatizantes do PSD se afastaram ainda mais do Chega, que chumbou o Orçamento e teve um ano repleto de casos internos, e se aproximaram da IL. Questionados sobre com que partido a AD deve fazer acordo se ganhar as eleições sem maioria, 56% destes inquiridos acham boa ideia fazê-lo com a IL (eram 47% em janeiro de 2024) e apenas 33% julgam ser má ideia (eram 42% a achar má ideia no ano passado). “O Chega é um parceiro instável, passa a vida com esquemas e não cria confiança nem estabilidade”, disse esta semana o ministro Paulo Rangel em entrevista ao “JN” e TSF, numa tentativa de esvaziar o voto no partido do protesto.

Os eleitores inquiridos nesta sondagem tendem a concordar, uma vez que, entre vários cenários equacionados para o caso de a AD vencer sem maio­ria, aquele que os simpatizantes do PSD mais rejeitam é mesmo o de a AD fazer uma coligação, de Governo ou não, com o Chega: o nível de rejeição é altíssimo (82%) e subiu 20 pontos percentuais face ao que era há um ano.

E depois de o PS ter viabilizado o Governo (e o primeiro Orçamento) da AD no último ano, entre os simpatizantes do PS aumentou a fatia de inquiridos que acha “boa ideia” o PS voltar a fazê-lo caso o partido perca as eleições: 34% esperam que volte a valorizar a estabilidade, número que subiu 8 pontos percentuais face à mesma resposta dada na sondagem de janeiro de 2024. Os sonhos de bloco central, por sua vez, ficaram na mesma: cerca de 30% dos simpatizantes do PSD achavam, e acham, boa ideia fazer acordo com o PS e cerca de 55% achavam má ideia e mantêm.

O que fazer sem maioria?

Se o PS vencer, a maioria continua a preferir acordo com BE, mas o Livre ganha terreno: sobe de 27% para 42% a percentagem de simpatizantes do PS que vê esta aliança com bons olhos. Se o PS vencer, são hoje mais os inquiridos que acham boa ideia um acordo com o PSD (27%) em comparação com os resultados do ano passado (23%). Se a AD vencer sem maioria, aumentam os inquiridos que acham boa ideia negociar com a IL (de 30% para 41% face a 2024) e os que rejeitam acordo com o Chega; os simpatizantes do PSD refutam cada vez mais este cenário (82%). Simpatizantes do PS recusam fortemente que a AD leve o Chega para o Governo, mesmo que a coligação vença e precise do Chega para ter maioria. Socialistas rejeitam uma nova ida a votos (19%, menos 10 pontos do que há um ano) e são mais os que acham boa ideia aceitar um Governo minoritário da AD (34%, uma subida de 8 pontos).

FICHA TÉCNICA

~Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 5 e 14 de abril de 2025. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis sexo, idade (4 grupos), instrução (3 grupos), região (NUTS II, 7 regiões) e habitat/dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de região e habitat, foram selecionados aleatoriamente 93 pontos de amostragem, onde foram realizadas as entrevistas de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto nas eleições legislativas recolhida através de simulação de voto em urna. Foram contactados 2815 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 803 entrevistas válidas (taxa de resposta de 29%, taxa de cooperação de 44%). O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes em Portugal Continental, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 11). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 803 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%. As percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100% (Expresso, texto dos jornalistas David Dinis, Rita Dinis e Sofia Miguel Rosa)

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