Habitualmente, com a proximidade de eleições regionais e legislativas nacionais, as pessoas tendem a fazer comparações ou projecções que, sendo possíveis, não são credíveis nem assentam em critérios rigorosos. Eleições diferentes têm sempre números diferentes, a começar pelos votantes e pela abstenção.
Recordo que o Bloco de Esquerda, a reboque de factos políticos de âmbito nacional que deram aos bloquistas um bom resultado eleitoral, já elegeu no passado um deputado na Madeira obtendo mais de 13 mil votos. O próprio deputado do Chega eleito em 2024, Francisco Gomes, não pode ser dissociado do impacto associado à projecção de Ventura, embora hoje a situação tenda a ser diferente e existam dúvidas quanto ao desfecho eleitoral deste partido.
No caso da Madeira, este ano, existe um dado novo, que tem a ver com a tendência - a manter-se o voto útil que tem beneficiado o JPP nas duas últimas regionais, e os números dispensam, grandes deambulações quanto à veracidade desse facto - dos "verdinhos" elegerem um deputado a Lisboa, algo que poderá ter um impacto no partido, no seu processo de consolidação e na sua visibilidade mediática e parlamentar. Obrigando ao mesmo tempo os eleitos do PSD e do PS a alterarem a sua postura na Assembleia da República.
Por exemplo, considerando as regionais e as legislativas nacionais de 2024 - e podemos fazer idêntica comparação em 2019, 2015 e 2011 - constata-se que a abstenção cresceu, no caso das duas eleições de 2024, mais de 10 mil eleitores e mais 3,8% nas legislativas nacionais. Quanto aos partidos, o somatório PSD+CDS - concorreram, de forma diferente às duas eleições - obteve um pouco mais de 2.000 votos nas nacionais, o PS perdeu quase 1.500 votos, o JPP caiu mais de 8 mil votos, enquanto o Chega subiu quase 14.800 votos, o que explica a eleição do deputado pela RAM. Todos os demais partidos de referência - Bloco de Esquerda, PCP, PAN e Iniciativa Liberal - aumentaram a votação variando entre os 2.500 e os 212 votos a mais nas nacionais. Isto não significa que o cenário se repita este ano, com eleições regionais e nacionais separadas por pouco mais de dois meses. Mas é evidente que não se podem fazer comparações nem sequer projecções entre eleições diferentes e que, pela sua natureza e finalidade, mobiliza os eleitores a uma dimensão diferente.
Por isso, e a solicitação de algumas pessoas, elaborei este conjunto de quadros comparativos, entre regionais e legislativas na RAM, que ajudarão as pessoas a perceberem as oscilações eleitorais dos partidos - incluindo da abstenção - em actos eleitorais com realização próxima (LFM)
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