Finda a sua segunda maioria absoluta, o legado deixado por Rogério Bacalhau divide opiniões. Quando questionados sobre o desempenho da Câmara Municipal de Faro nos últimos quatro anos, metade dos inquiridos pelo ICS/ICSTE para a sondagem Expresso/SIC faz “má” (37%) ou “muito má” (13%) avaliação, contra 46% em terreno positivo (2% “muito bom” e 44% “bom”). Os descontentes são sobretudo os mais velhos (56% dos que têm entre 45 e 64 anos, 55% dos que têm 65 ou mais anos) e os que vivem com mais dificuldades (57%). Mesmo entre simpatizantes do PSD os insatisfeitos são 38%. Entre os principais problemas do concelho, a habitação é, das 12 dimensões analisadas, a que recebe a avaliação média mais baixa (2,5 em 10). Os farenses dão nota negativa a outros cinco aspetos da vida no concelho: combate à corrupção (3,6), impostos e taxas municipais (3,7), apoios sociais (4,2), limpeza das ruas (4,3) e trânsito (4,6). A meio da tabela fica a integração dos imigrantes (5,0), com as restantes dimensões a obter valores ligeiramente acima do ponto central da escala.
AVALIAÇÃO da situação em Faro
Classifique a situação numa escala que vai de 0 a 10, em que 0 significa que a situação é “muito má” e 10 significa que a situação é “muito boa”. Os mais jovens tendem a ser mais favoráveis nas avaliações. No acesso à habitação, por exemplo, a faixa etária dos 18 aos 24 anos faz uma análise “significativamente menos negativa (3,0) do que quem tem entre 45 e 64 anos (2,3)”, notam os autores do estudo. Tendência que se repete na forma como veem a limpeza das ruas (5,1), o combate à corrupção (4,3) e o trânsito (5,6). VER INFOGRAFIA NO INÍCIO DO TEXTO
Já os que sentem mais dificuldades em viver com o rendimento do agregado familiar são os mais pessimistas, avaliando pior o acesso à habitação (2,0), limpeza das ruas (3,9), combate à corrupção (3,2) e apoios sociais (3,8). O nível de instrução traz “diferenças significativas” à avaliação das taxas municipais e trânsito (os mais escolarizados têm melhores perceções), enquanto o sexo é fator na avaliação da limpeza das ruas (as mulheres têm perceções mais negativas).
Simpatizantes do Chega são os mais descontentes
Comparados com os simpatizantes de outros partidos, o eleitorado do Chega é o mais descontente. Olhando para o desempenho da Câmara Municipal, as avaliações negativas foram “particularmente frequentes” entre os simpatizantes do Chega (61%, face a 49% no PS e 38% no PSD). A tendência repete-se no acesso à habitação (2,4 face à média de 2,5), corrupção (3,0 vs. 3,6), impostos e taxas municipais (3,3 vs. 3,7) e apoios sociais (3,8 vs. 4,2) e trânsito (4,2 vs. 4,6). Os simpatizantes do Chega fazem apenas uma avaliação mais positiva do que os do PS e PSD quanto à limpeza das ruas (4,2 face a 4,0 entre o eleitorado dos outros dois partidos), embora os autores considerem que as variáveis políticas “demonstraram não estar associadas a diferenças significativas” nesta dimensão.
FICHA TÉCNICA
Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 23 e 28 de julho de 2025. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, recenseados nas freguesias do concelho de Faro. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo e Idade (4 grupos). A partir de uma matriz inicial baseada na distribuição da população eleitoral pelas 4 freguesias do concelho de Faro com base nos dados do Recenseamento Eleitoral (MAI, 31 de dezembro de 2024), foram selecionados aleatoriamente 81 pontos de amostragem, onde foram realizadas as entrevistas de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram contactados 2382 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 802 entrevistas válidas (taxa de resposta de 34%; taxa de cooperação de 44%). O trabalho de campo foi realizado por 19 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 802 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%. Nos gráficos seguintes, todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100% (Expresso, texto dos jornalistas Cláudia Monarca Almeida e Jaime Figueiredo)
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