domingo, agosto 03, 2025

Imigração descontrolada põe Portugal entre os sete piores da UE em nível de vida, alerta FEP


A Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) alerta que o nível de vida dos portugueses foi sobrestimado nos últimos anos devido à omissão de dados sobre a população imigrante. De acordo com a análise Flash nº 3 de 2025, realizada pelo Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P), a revisão dos números divulgada pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) revela que Portugal ficará abaixo dos 80% da média europeia de rendimento per capita até 2026, posicionando-se entre os sete países com pior desempenho da União Europeia. Com base nos dados de abril da AIMA, que indicam mais 250 mil estrangeiros residentes do que os reportados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os investigadores da FEP concluíram que o rendimento médio por habitante tem sido artificialmente inflacionado. “Este estudo evidencia discrepâncias nos dados de estrangeiros e população total, que são cruciais para definir várias políticas – incluindo as de imigração, emprego, habitação e proteção social”, afirmou Óscar Afonso, diretor da FEP e coautor do relatório. Afonso sublinha ainda a urgência em “integrar mais rapidamente os dados da AIMA nas estatísticas oficiais para assegurar políticas públicas bem fundamentadas”.

Em resultado da correção demográfica, o indicador de nível de vida português foi revisto de 81,6% para 79,2% da média da UE em 2024. As projeções da Comissão Europeia (CE), ajustadas com esta nova realidade, apontam para que, em 2026, Portugal se encontre na 21.ª posição do ranking europeu – a sétima pior –, apenas duas centésimas acima da Roménia. Para Óscar Afonso, esta proximidade “deve envergonhar o país” e exige uma resposta “baseada em reformas estruturais que aumentem a competitividade da economia nacional”.

O relatório também revê em baixa a estimativa de imigração necessária para Portugal alcançar a metade mais rica da UE até 2033. Em vez dos 138 mil imigrantes por ano apontados num estudo anterior da FEP, bastariam agora 80 mil por ano, desde que a economia nacional cresça, em média, 2,4% ao ano, face a um crescimento de 1% na UE. No entanto, nos últimos dois anos, entraram cerca de 300 mil estrangeiros anualmente, o que, segundo Nuno Torres, responsável do G3E2P, “não pode ser explicado apenas pela presença em setores de baixos salários e produtividade, sugerindo uma inserção alargada na economia paralela”.

Torres considera que o Regime de Manifestação de Interesse, criado pelo governo socialista em 2017 e encerrado pela atual maioria de direita em 2024, “gerou um descontrolo migratório por estar desligado das necessidades da economia”. Em sua substituição, a chamada “via verde da imigração” obriga à existência de contrato de trabalho prévio, mas a execução tem sido fraca. Torres alerta ainda que “limitar os vistos de trabalho a estrangeiros altamente qualificados pode criar escassez de mão-de-obra em setores como a construção, o turismo e a agricultura”.

A FEP recomenda, por isso, uma política de imigração articulada com as necessidades reais do mercado de trabalho, através de vistos para trabalhadores especializados, com experiência comprovada, independentemente do grau académico. Afonso defende igualmente o aproveitamento do processo de regularização de estrangeiros em curso para combater a informalidade e aumentar o Produto Interno Bruto oficial. “Só com reformas decisivas e uma imigração regulada pela economia e pela capacidade de absorção social poderemos travar a divergência económica e reverter o atual caminho de empobrecimento relativo”, conclui o diretor da FEP (Executive Digest, texto do jornalista Pedro Zagacho Gonçalves)

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