sábado, abril 20, 2024

Sondagem Expresso/SIC: 25 de Abril ou 25 de Novembro? Portugueses querem comemorar os dois


Mais de dois terços dos portugueses acreditam que o modelo das comemorações “ainda faz sentido”, mostra uma sondagem realizada pelo ISCTE e ICS, em parceria com a Comissão de Comemoração dos 50 anos de Abril. Mas esperam a celebração das duas datas históricas. A polémica é recorrente, mas acentuou-se nos últimos anos, com a entrada do Chega no Parlamento: Portugal deve celebrar o 25 de de Abril ou o 25 de Novembro? Da sondagem ICS/ISCTE feita para o Expresso e para a SIC resulta claro que a maioria dos portugueses entende que a resposta certa é que devem ser celebradas as duas datas.

PORTUGAL DEVE CELEBRAR

São 56% das respostas obtidas, claramente maioritárias face aos que entendem que “Portugal deve celebrar o 25 de Abril, mas não o 25 de Novembro” — esses são 32% dos inquiridos. E estas duas respostas deixam a larguíssima distância as escassas minorias que dão as outras duas respostas possíveis: só 2% entendem que “Portugal deveria celebrar o 25 de Novembro, mas não o 25 de Abril”, e 4% entendem que nenhuma das duas datas têm motivos para celebração.

A análise da opinião dos inquiridos por grupo sociodemográfico encontra poucas variações: a concordância com a ideia de que “Portugal deve celebrar o 25 de Abril, mas também deveria celebrar o 25 de Novembro” é tendencialmente maioritária em todos os subgrupos, reduzindo-se ligeiramente entre aqueles que sentem viver com menos dificuldades. Porém, não há diferenças assinaláveis entre os simpatizantes dos vários partidos ou sequer em termos ideológicos. Quando questionados se “este modelo de comemoração oficial ainda faz sentido ou está ultrapassado?”, mais de dois em cada três inquiridos (68%) respondem que “ainda faz sentido”. Ao invés, esse modelo de comemoração “está ultrapassado” para 27% dos portugueses.

FICHA TÉCNICA

Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 20 de março e 4 de abril de 2024, resultando de uma parceria entre o Expresso e a SIC e a Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de abril. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte — Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis sexo, idade (4 grupos), instrução (3 grupos), região (5 regiões NUTII) e habitat/dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de região e habitat, foram selecionados aleatoriamente 145 pontos de amostragem, onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI (Computer Assisted Personal Interviewing). Foram contactados 4239 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 1206 entrevistas válidas (taxa de resposta de 28%, taxa de cooperação de 41%). O trabalho de campo foi realizado por 47 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação, de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no Continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 10). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 1206 inquiridos é de +/- 2,8%, com um nível de confiança de 95%. A maior parte das questões deste inquérito reproduz integralmente as de dois estudos anteriores, realizados em 2004 e 2014. O estudo de 2004 (“30 anos depois do 25 de Abril”) foi realizado pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa para a RTP e o jornal “Público” e tinha uma amostra de 1214 inquiridos. O estudo de 2014 foi realizado pela GfK Metris para o ICS/ULisboa, o Expresso e a SIC e tinha uma amostra de 1254 inquiridos. Por sua vez, os questionários destes inquéritos foram parcialmente adaptados de um estudo do Centro de Investigaciones Sociológicas de Espanha (“Estudio 2401, 25 años después”, dezembro de 2000) sobre as atitudes da população espanhola em relação à transição para a democracia. Todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100% (Expresso, texto dos jornalistas Cláudia Monarca Almeida e David Dinis e da jornalista infográfica Sofia Miguel Rosa)

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