sábado, abril 13, 2024

Nota: os desafios do CDS-Madeira (em Congresso)

O CDS-Madeira está reunido este fim-de-semana em Congresso, o mais importante dos últimos anos - desde 2014 - dado que será eleito um novo líder e redefinida toda a estratégia política e eleitoral, agora sem estar "pendurado" ao PSD-Madeira no quadro de uma coligação que esteve muito longe de constituir a esperada e desejada mais-valia eleitoral. O CDS-Madeira sofreu obviamente também com os efeitos do "desaparecimento" do CDS da conjuntura política nacional, de onde andou arredado durante alguns anos, recuperando agora a presença parlamentar na Assembleia da República no quadro da AD. Mas não vamos perder tempo com o passado mesmo que mantenha a opinião pessoal de que essa coligação PSD-CDS também ajudou ao crescimento eleitoral do Chega por falta de alternativas eleitorais entre o centro e a direita radical, a não ser a abstenção.

O CDS-Madeira, na minha óptica, tem prioridades concretas, para além da liderança:

  • - apresentar uma lista que seja capaz de recuperar o seu eleitorado;
  • - ter um discurso político realista e acessível, sem ambiguidades ou lugares comuns, até porque quem parte em desvantagem eleitoral é o CDS-Madeira, por ausência das urnas, não os outros partidos do centro e da direita radical;
  • - recuperar o eleitorado conservador tradicional do CDS-Madeira que provavelmente se tem abstido ou vota no Chega, por recusar a votar no PSD-Madeira ou em candidaturas que o envolvam, por razões históricas que não vou desenvolver;
  • - eleger pelo menos um  grupo parlamentar na ALRAM, pois menos do que isso será uma derrota política e pessoal para a nova liderança de José Manuel Rodrigues, que fica sem condições para manter-se em funções, embora o possa fazer na expectativa de inverter a situação, caso ela se confirme;
  • - evitar um cenário mais catastrofista que seria não eleger nenhum deputado, porque os eleitores do CDS-Madeira se "habituaram" ou a votar no Chega ou a abster-se.  Neste casso o CDS-Madeira dificilmente não seria confrontado com a demissão do novo líder , mesmo que se reconheça que a substituição de Rui Barreto ocorre num tempo de exiguidade acentuada e de dúvidas de incertezas políticas que persistem.

É neste quadro que se realiza o Congresso Regional, sem grandes preocupações de mudança de protagonistas. Pelo que tem sido noticiado as principais figuras chamadas por JMR, a começar por ele próprio - mas provavelmente o CDS-Madeira não tem alternativa nem tempo  para discutir eventuais alternativas para a sua liderança - são personagens conhecidas dos militantes há anos, com muitos anos de militância no CDS-Madeira e que têm ocupado cargos, mais ou menos de relevância política. Provavelmente, insisto e admito que sim, não há tempo para uma mudança que porventura no caso do CDS-Madeira e da sua "ausência" da política regional e das urnas, enquanto tal recomendaria.

A importância do CDS-Madeira ser capaz de recuperar o seu espaço político e eleitoral entre o centro e a direita radical, é inquestionável e sempre foi, na minha opinião, um dos motivos que não recomendavam uma coligação que desertificasse, como desertificou, o espaço eleitoral entre o centro e a direita radical. Sem ser capaz de recuperar a sua dimensão eleitoral antiga - até porque não acredito minimamente que eleitores do PSD-Madeira troque este partido pelo voto no CDS-Madeira - senão aos níveis anteriores ao recurso a coligações a pataco, que seja, pelo menos, perto disso.

José Manuel  Rodrigues sabe que não tem tempo a perder. Um desaire eleitoral do CDS-M e a não eleição de deputados será o fim da carreira política do ainda Presidente do parlamento regional e questionará a própria sobrevivência do partido, pelo menos nos tempos mais próximos. Sucede que eu acredito que o desfecho catastrofista que alguns apontam erradamente ao CDS-Madeira não vai acontecer. E a 26 de Maio teremos oportunidade de o constatar. Por isso acho que teremos a máquina operacional do CDS-M toda  no terreno ao serviço da eleição de pelo menos um grupo parlamentar - no quadro da coligação o CDS-M tem mantido os seus 3 deputados no parlamento regional desde 2019.

Pessoalmente estou em crer que o CDS-Madeira pode recuperar parte do seu eleitorado natural e tradicionalmente mais conservador, o que coloca provavelmente ao Chega alguns problemas novos. A dúvida reside em saber qual a amplitude dessa recuperação eleitoral de um partido que tanto teve pouco mais de 4 mil votos como já andou a rondar os 18 mil votos!

Finalmente, registei as declarações de JMR publicadas hoje no JM, em linha com algo semelhante que há várias semanas foi referido também por Miguel Albuquerque... (LFM)

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