Depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter anunciado, tal
como a maioria das pessoas achava inevitável - os contornos da crise política
regional, sobretudo alguma instabilidade, contradição e fragilidade
institucional regionais, surgidas logo depois do 24 de Janeiro, associados à
dissolução apressada da Assembleia da República devido a um alegado processo de
investigação a Costa, cujos contornos continuam a ser desconhecidos, tal como
acontece com Albuquerque, apenas constituído arguido - ao PSD-Madeira nada resta
senão preparar-se para aquelas que serão, indiscutivelmente, as eleições
regionais mais difíceis da sua vida e da sua história. Não há volta a dar. O
PSD-Madeira tem que estar preparado, muito bem preparado, tem que estar todo
mobilizado, os militantes e os eleitores precisam ser convencidos de que o
partido necessita de continuar no poder, de forma influente - até porque houve
uma Legislatura abruptamente interrompida - porque há opções e decisões a serem
tomadas.
O PSD-Madeira tem de ser capaz de encontrar o
engenho e a arte suficientes para perceber que a 26 de Maio, mais do que a sua
sobrevivência e do seu projecto social, económico e político autonómico - um
combate que repetidamente diz que não se esgotou nestes quase 50 anos de
caminhada, com todos os seus defeitos e virtudes – estará em causa a sua
sobrevivência enquanto força política liderante e influente que, gostem ou não
de ouvir, tem um legado histórico de combate, de persistência, de erros e
acertos, de sucessos e derrotas, de fragilidades e pujanças, etc, tudo isso
associado ao percurso da própria Autonomia regional no pós-25 de Abril. E cuja
importância, impacto e amplitude, para a Região e para as Pessoas, transcende
os protagonistas social-democratas mais em evidência nesse percurso e que
ficaram mais conhecidos pelo seu envolvimento mais activo em várias frentes.
A primeira decisão do PSD-Madeira passa pela obrigação
de tocar a rebate, de reunir todos, incluindo os desiludidos, os que foram
afastados, os que se afastaram, os insatisfeitos, os jovens que não encontram
as respostas que querem e precisam encontrar, as mulheres, nem sempre são
respeitadas e defendidas como deviam, na vida, no trabalho, na política, nem colocadas
nos lugares que por direito são delas, os idosos que devem ser respeitados no
final das suas vidas, depois de tudo o que deram a todos durante muitos anos de
labuta, etc. O PSD-Madeira tem de se reencontrar, tem de mudar muito, incluindo
pessoas, tem que adaptar-se aos novos tempos, tem que mudar e de renovar-se, de
trazer caras novas, ideias novas, contributos novos, tem que redefinir o seu programa,
objectivos essenciais e prioridades governativas, tem que repensar uma Região
que não pode ser vítima de estagnação nem de qualquer político faz-de-conta.
Para isso o PSD-Madeira precisa esquecer imediatamente
as directas, que pertencem ao passado, porquanto os seus militantes votaram e
fizeram as suas escolhas. O assunto está encerrado, não há espaço para manhosos,
nem para chicos-espertismos, nem para caciquismos saloios nem para habilidades “italianas”
de pretensos "donos" do partido. Os vencedores e os vencidos não
podem envolver-se em ajustes de contas na praça pública, muito menos em
absurdas e patéticas perseguições, demonizações, caças às bruxas internas, tudo
ao deplorável estilo das ditaduras que por aí andam. O PSD-Madeira tem que
reunir-se em torno de Miguel Albuquerque, mesmo os que estão contra ele ou não
o apoiam, porque ele é um líder partidário legitimado pelos militantes do seu
partido, ao contrário de outros políticos regionais que por aí andam e que ninguém
sabe como foram eleitos, quando e por quem. O PSD-Madeira não pode ir para
eleições envolto em lavagem de roupa suja interna ou ceder às pressões das
redes sociais que valem zero (LFM, texto de opinião pública na edição do
Tribuna da Madeira de 5.4.2024)
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