Presidente da República recupera popularidade, mas a proporção dos que hesitam sobre a sua avaliação nunca foi tão alta (39%). Escolher Luís Montenegro, mesmo com Governo minoritário, foi a melhor decisão (58%). Ultrapassada a tempestade causada pela crise política, Marcelo Rebelo de Sousa volta a conseguir uma avaliação positiva dos portugueses: 32% estão satisfeitos, 25% dão-lhe nota negativa, de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Mas também é verdade que são muitos os que hesitam sobre que avaliação fazer (39%). Já sobre a indicação de Luís Montenegro para liderar um Governo minoritário, não há dúvidas: 58% acreditam que foi a melhor solução. Há também uma expressiva maioria que aponta para a necessidade de um presidente da República mais interventivo nesta legislatura (62%).
Observando com mais detalhe os números desta sondagem, é legítimo fazer uma leitura de copo meio cheio: no último barómetro, em dezembro de 2023, quando a polarização política estava ao rubro, e na agenda mediática se destacava o caso das gémeas brasileiras com tratamento privilegiado no Hospital de Santa Maria, Marcelo ficou, pela primeira vez, no vermelho, com um saldo negativo (diferença entre notas positivas e negativas) de 17 pontos. Pouco mais de três meses depois, concretizadas as eleições e escolhido o Governo, volta a terreno positivo (o trabalho de campo da sondagem decorreu antes das mais recentes notícias sobre o caso das gémeas). Mas vale a pena olhar, igualmente, para o copo meio vazio: quando se analisam as respostas por género, percebe-se que são as mulheres que “salvam” o presidente de continuar abaixo da linha de água: entre elas, há um saldo positivo de 14 pontos; entre eles, é de dois pontos negativos. Quando a análise se centra nos segmentos partidários, percebe-se que a avaliação só é positiva graças aos eleitores da Aliança Democrática (37 pontos de saldo positivo). Entre os eleitores do PS, Chega, IL, BE, CDU e Livre, o saldo é negativo.
Decisões acertadas
Outro dado significativo deste barómetro é que, pela primeira vez, o maior número de respostas aponta para terreno neutro: 39% dizem que o presidente da República não tem estado bem nem mal (em dezembro passado, apenas 24% hesitavam sobre como pontuar Marcelo). Caso para concluir, talvez, que o copo presidencial tanto pode encher como esvaziar.
Se é verdade que há uma grande percentagem de portugueses que não é capaz de se decidir sobre o presidente da República (se somarmos os que não sabem ou recusaram responder, são 43%), não é menos que concordam, pelo menos, com as suas decisões. Mesmo que, sem grande vantagem, são mais os que consideram que esteve bem no passado recente, quando foi necessário convocar eleições antecipadas (40%) do que os que se manifestam descontentes (36%). Sem surpresa, a satisfação é maior à Direita (e em particular entre quem votou na AD nas legislativas), enquanto à Esquerda grassa a insatisfação (com destaque para quem votou no PS a 10 de março).
Solução de Governo
Relativamente à decisão com que tentou pôr um ponto final na crise (ou pelo menos no vazio de poder), a vaga de apoio é maior: 58% concordam com a decisão de escolher Luís Montenegro para liderar um Governo com apoio minoritário no Parlamento (apenas 50 mil votos separaram a AD e o PS; sociais-democratas e socialistas têm o mesmo número de deputados, 78).
Essa convicção é comum a todos os segmentos da amostra, com a tal exceção que confirma a regra: 50% dos eleitores do Chega entendem que o presidente da República deveria ter insistido com Luís Montenegro para obter um acordo parlamentar com André Ventura. É certo que também há 37% de socialistas que gostariam de ter visto um esforço de Marcelo a articular um “bloco central”, mas são mais os que se dizem satisfeitos com a solução que vingou (49%). Conscientes de que a aritmética parlamentar dá escassa (ou nula) margem de manobra ao novo primeiro-ministro, são ainda mais os que entendem que Marcelo Rebelo de Sousa deve ser mais interventivo nesta legislatura do que na anterior (62%). É assim, de novo, em todos os segmentos da amostra, mas em particular entre os que vivem no Sul e nas ilhas (70%), entre as mulheres (mais oito pontos que os homens), entre os mais jovens (67%) e entre os que votaram na AD (70%). Há de novo uma exceção que confirma a regra, desta vez os eleitores do Livre, em que a posição maioritária (55%) é de que não faz falta um presidente mais interventivo.
Eleições são a melhor solução na Madeira
O presidente da República esperou pela clarificação da situação política a nível nacional para decidir uma solução para a crise na Madeira (também espoletada por uma intervenção judicial). E decidiu-se por dissolver a Assembleia Legislativa e convocar eleições antecipadas para 26 de maio de 2024, apenas oito meses depois da vitória da coligação PSD/CDS, que só conseguiu uma maioria parlamentar depois de somar, aos seus 23 eleitos, a deputada única do PAN. Quase dois terços dos portugueses acompanham Marcelo nessa decisão (62%), sem grandes oscilações, mesmo quando se analisam as respostas entre os diferentes segmentos partidários: dos 60% de eleitores do Livre, aos 69% de eleitores da AD (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
Sem comentários:
Enviar um comentário